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Prata da Casa: o dom musical de Celia Rabelo

"Minha vida é cantar, cantar, para ter a certeza de ser uma eterna aprendiz, como diria Gonzaguinha", define uma das maiores intérpretes de Brasília

Jéssica Andrade*
postado em 14/12/2018 15:52
Filha de músicos, Celia apostou na carreira musical e Brasília ganhou uma de seus melhores intérpretes
E quem diria que uma brincadeira faria com que o Distrito Federal ganhasse uma de suas maiores estrelas no palco? Esse é o início da história de Celia Rabelo, intérprete de sucesso na cidade, no país e no mundo. ;Minha mãe pediu para eu levar um recado ao amigo dela, o Fiu Som. Quando cheguei, ele e alguns amigos brincavam de karaokê. Ao me ver, Fiu pediu para que eu o esperasse. Nisso, me inscreveu para cantar;, conta. A partir de então, Celia, hoje com bem vividos 54 anos, passou a cantar em bandas de baile e se tornou profissional.
Após cinco anos do início inesperado, a artista passou a integrar a Orquestra do Maestro Ted Moreno, como crooner (cantor que acompanha orquestras). Assim, se tornou uma intérprete requisitada na capital federal. Conhecida pelo carisma, pela precisão na divisão melódica e pela voz vibrante, Celia conquistou não só o público brasiliense e brasiliense, mas também já levou seu canto a lugares como Haiti, Indonésia e França.
A infância da cantora foi marcada pelo alvoroço da transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília. Juscelino Kubitschek era uma figura muito querida pela mãe dela, dona Maria Diva. ;Um dia, minha mãe nos levou até a Pedra Fundamental, em Planaltina, onde morávamos, e JK chegava a bordo de um helicóptero;, relembra. ;Havia uma multidão querendo vê-lo. Lembro que ele tentava segurar o paletó e a gravata, que balançavam com o vento, imitando a hélice. Eu achei aquilo tão engraçado, que nunca mais esqueci;. Os pais de Celia, o cavaquinista Maurício e a acordeonista Maria Diva, vieram para o centro do país em busca de melhores oportunidades de emprego.
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Pausa na carreira
Celia tornou-se cantora por uma brincadeira, mas foi por uma grande perda que ela quase abandonou a carreira. Em 2003, um dia após o Dia das Mães, ela perdeu a filha para a leucemia linfoide aguda. Ana Carolina tinha 18 anos. ;Como cantar? Apesar de existirem músicas alegres, como o samba, tudo era tristeza para mim;, confessa. Maurício Godói, filho da cantora, relembra o quanto a irmã era carinhosa e apegada a mãe. ;Todos a amavam. Mas minha mãe foi, definitivamente, a mais afetada. Eu a vi em uma profunda tristeza por mais de um ano;, conta.
Caçula da família, Maurício ajudou Celia a superar a dor da perda. Juntos, eles compuseram a canção Eu te entendi, em homenagem a Carol. A música fala sobre ter esperança de que um dia haverá um reencontro e sobre ser feliz, independentemente das circunstâncias. ;Minha mãe é uma vitoriosa. Ela supera qualquer obstáculo. Hoje, eu sei que ela é muito feliz, porém, naturalmente incompleta;, finaliza.
Outro fato que ajudou Celia a retomar a carreira foi o que ela considera um encontro com Deus. Como nunca havia trabalhado em outro ramo, a artista decidiu entregar currículo em um supermercado. ;O gerente me disse que não podia me dar o emprego porque eu precisava voltar a cantar. Enalteceu minhas qualidades, me encorajou, mas não me deu o emprego; relata.
Na saída, uma funcionária garantiu que o gerente não estava e não voltaria mais naquele dia. Incrédula, Célia voltou ao local onde falou com o homem e percebeu que não havia ninguém ali. Também não havia outra saída ou qualquer meio que permitisse alguém sair sem passar por ela. ;Eu tive uma visão na qual Deus falava que eu tinha que continuar na música;, afirma.
"Eu tive uma visão na qual Deus falava que eu tinha que continuar na música"
Celia Rabelo, cantora
Atualmente com 32 anos de carreira, Celia Rabelo é uma das mais relevantes contribuições da MPB candanga. Em 2005, gravou o primeiro CD: Tudo bem. O álbum ganhou esee título porque ela decidiu que, a partir dali, tudo realmente ficaria bem. Além das apresentações internacionais, no Brasil interpretou canções ao lado de renomados artistas como Jair Rodrigues, João Donato, Vander Lee e Paulinho Pedra Azul, entre outros.


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