Jornal Correio Braziliense

Cidades

Justiça de Goiás aceita pedido e decreta a prisão do médium João de Deus

Polícia já esta nas ruas para cumprir o mandado de prisão contra o médium

A Justiça de Goiás aceitou o pedido do Ministério Público e decretou a prisão preventiva de João Teixeira de Faria, o João de Deus, nesta sexta-feira (14/12). Com a decisão, o médium, que é acusado de abusar sexualmente de centenas de mulheres em seu centro espírita, em Abadiânia (GO), pode ser preso a qualquer momento. A Polícia Civil já está nas ruas para detê-lo.

A petição foi protocolada na última quarta-feira (12/12) pelos promotores Luciano Miranda Meireles e Patrícia Ottoni Pereira, que integram a força-tarefa do Ministério Pública do Estado de Goiás (MP-GO). Um dos argumentos do pedido de prisão é o bom desenvolvimento do processo.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Goiás (SSP-GO) disse que a polícia civil se empenha "em dar cumprimento à referida determinação judicial".

A defesa de João de Deus discordou da ordem de prisão preventiva e criticou a Justiça de Goiás. Por meio de nota, os advogados Alberto Toron e Luisa Moraes Abreu Ferreira contaram que estiveram no MP-GO para obter cópias dos depoimentos prestados pelas vítimas, mas que o pedido foi negado sob o argumento de preservação do sigilo.

"Agora veio o decreto de prisão preventiva e, estranhamente, nos disseram que o processo fora encaminhado de Abadiânia para Goiânia a fim de que o MP tomasse ciência da decisão. Sim, é importante que o órgão acusatório tome ciência, mas ninguém se preocupou em disponibilizar uma simples cópia da decisão para a defesa", disse a nota.

Para a defesa, é "inaceitável" a utilização de pretextos para se impedir o exercício do direito da defesa. "Sobretudo no que diz com o direito básico de se aferir a legalidade da decisão mediante a impetração de habeas corpus", escreveu. "Que a autoridade judiciária queira impor a preventiva, embora possamos discordar, é compreensível, mas negar acesso aos autos, chega a ser assombroso", acrescentou.

Intenção de se entregar

Os promotores temem que, com o acusado em liberdade, vítimas se sintam amedrontadas e deixem de denunciar. Até a noite de quinta-feira, mais de 300 mulheres haviam denunciado João de Deus ao MP goiano. O caso tramita em segredo de Justiça. Ainda na quarta-feira, funcionários de João de Deus garantiram que, caso a prisão fosse decretada, ele se entregaria, após negociação dos termos com seu advogado.