Os pais acusados de agressão a uma criança de 6 anos em um condomínio fechado da Octogonal ficaram de prestar depoimento ao Conselho Tutelar do Sudoeste na manhã desta sexta-feira (14/12). Eles vão dar a própria versão sobre o incidente na tarde de domingo. A conselheira que acompanha o caso, Lucinete Andrade, informou que a tarde vai oficializar pessoalmente o caso ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Vara da Infância e da Juventude (VIJ). Atualização: o depoimento acabou adiado, sem nova data definida, pelo Conselho Tutelar.
Por volta das 10h, também, moradores deram início à uma reunião de condomínio para debater o caso. Eles querem que os agressores, que moram em Águas Claras, mas tem parentes no endereço (os pais da mulher investigada), sejam impedidos de acessar o conjunto habitacional. O ataque aconteceu na tarde de domingo (9/12). Acreditando que a vítima tivesse derrubado seu filho, um homem segurou os braços do menino para que o outro garoto, da mesma idade, o socasse no rosto.
Posteriormente, a mulher do agressor entrou na confusão e derrubou a criança no chão. Um homem que presenciou a violência correu para socorrer a vítima. Todo o ocorrido foi filmado pelo circuito de câmeras do local. Responsável pelo caso na Polícia Civil, a delegada-adjunta da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Patricia Bozolan afirmou ao Correio nessa quinta (13/12) que as imagens "são inquestionáveis e inequívocas quanto à ação do pai e da mãe da outra criança durante as agressões".
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As filmagens mostram que o filho dos agressores, tropeçou enquanto jogava bola. O caso se tornou público após o site Correio exibir, na quarta-feira, as imagens das agressões. O vídeo mostra meninos e meninas jogando futebol na quadra na tarde de domingo quando o menino cai ao lado de outro, bate o rosto no chão, levanta sai de cena. Minutos depois, ele volta com o pai, que segura uma sandália.
Nervoso, o homem imobiliza a criança que, anteriormente, estava ao lado do filho, e pede que o menino acerte o rosto do colega. Também alterada, chega uma mulher, a mãe. Ela empurra o menino agredido, que cai no chão. No momento das agressões, outras crianças estão acuadas no alambrado da quadra. Algumas aparecem nas imagens chorando. Os adultos agressores, que não moram no condomínio, passavam o dia na casa dos avós maternos, moradores de um dos blocos da Octogonal 4.
Reunião de condomínio para debater a violência
A reunião na manhã desta sexta-feira (14/12) no condomínio teve o comparecimento de subsíndicos dos prédios, prefeitos e representantes dos moradores. Eles organizaram uma pauta para pedir a suspensão temporária da entrada do casal agressor até que haja uma decisão judicial e um pedido de ação de danos morais.
[SAIBAMAIS]As demandas serão discutidas em uma próxima assembleia na quarta-feira convocada para as 20h. "O pedido de ação moral é em razão do reflexo desse fato para todos os moradores, inclusive para crianças do condomínio", explicou o advogado do conjunto habitacional Guilherme Arruda de Oliveira.
Tia da criança agredida, Jucinea das Mercês Nascimento, considerou a reunião importante. "É essencial não só para minha família, mas para a família do condomínio da Octogonal 4, porque abalou a todos. A qualidade de morar aqui é muito boa e isso é muito importante, porque as crianças podem brincar com segurança", ressaltou.
Segundo ela, a violência ainda choca as crianças. "Eles conversam sobre isso todos os dias. Não sei o que vai acontecer, mas sugeri que a assistência psicológica do meu sobrinho seja feita na Bahia, porque ele retorna para casa na segunda-feira", informou.
Ela ainda destacou que o avô materno do menino que tropeçou e caiu sozinho pediu desculpas antes da repercussão do caso na imprensa. "Ele disse que viu as imagens, que está bastante envergonhado e pediu desculpas", esclareceu.
Ela também contou que durante a semana não tem mais descido com as crianças para brincar. "Não consigo mais descer para brincar com eles, porque não há mais tranquilidade. Como moradora fico tranquila, porque imagino que não vai acontecer mais. Por um lado eu estou sem poder exercer meu direito de lazer, mas isso vai trazer uma melhora de convivência aqui", destacou.
Segundo o advogado Guilherme Arruda de Oliveira, o fato gerou um reflexo nas crianças e adolescentes. "Foi um fato que assombro a todos. A uma coletividade. A Constituição garante proteção integral a crianças e adolescentes. Vamos mitigar o direito constitucional em benefício delas", reforçou.
Ele frisou que as crianças estão com medo de descer para brincar . " Eles estão inseguros, receosos e comentam em casa com os pais que alguém pode descer e bater neles. Por essa razão avaliamos uma possível ação de danos morais pelos abalos psicológicos", disse.