Thiago Melo*
postado em 13/12/2018 12:04
Funcionários, diretores e pais protestaram, nesta quinta-feira (13/12) em frente ao Palácio do Buriti, para pressionar o Governo do Distrito Federal a fazer o repasse financeiro das creches associadas. Também participaram do ato representantes de instituições de educação especial, funcionários que trabalham com educação infantil, com cuidados ao idoso e com pessoa com deficiência. A Polícia Militar contabilizou 600 manifestantes.
De acordo com Daise Lourenço, presidente do Conselho de Entidades de Promoção e Assistência Social do DF (Cepas/DF), órgão que representa as instituições de assistência social que prestam serviço ao GDF, as secretarias de Educação e do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) não fizeram o repasse de verbas.
Ainda segundo Daise, sem o dinheiro, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) do DF correm o risco de terem o atendimento a mais de 20 mil crianças e adolescentes interrompido. Vários funcionários também ficarão sem a segunda parcela do 13; salário e sem o vencimento de dezembro as férias.
Além disso, mais de dois mil profissionais que fazem parte da rede ainda não receberam o salário de novembro. No caminhão de som estacionado no meio da praça do Buriti, alguns pais emocionaram-se ao falarem dos serviços prestados pelas instituições. Segundo levantamento do conselho, cerca de mil manifestantes participaram do ato.
Daise Lourenço afirmou ainda que faltam mantimentos em várias creches, pois as instituições não conseguem pagar os fornecedores e os carros que prestam serviço às OSCs e OSCIPs estão parados por falta de gasolina. A Cepas também cobra da Secretaria de Saúde do GDF a formalização de Termos de Colaboração entre as OSC;s, para a execução de serviços e de assistência de saúde ao público atendido pelas instituições.
Raquel Nascimento estava na manifestação junto do filho de 2 anos. Ela explicou que ele está na Casa do Cadango há um ano e que não teria outro lugar onde deixar o filho se não fosse na creche. "Estamos aqui para apoiar a equipe que cuida do meu filho. Não é justo que o governo não se preocupe com o trabalho que eles realizam", disse Raquel.
Cláudio Van Damme e a filha Ana Luísa Van Damme também se uniram ao protesto. Ana Luísa tem Síndrome de Down e há oito anos ela é atendida no instituto Ampare. A menina tem 9 anos. "Ela passou em várias escolas que diziam ser inclusivas, mas só no instituto é que ela foi realmente incluída socialmente. Lá ela recebe educacao especializada, participa de vários projetos educacionais. O que não é justo é que eles não recebam pelo que fazem", disse Cláudio.
Mais demandas
Outra reclamação da representante da entidade Cepas é que o GDF não teria incluso o repasse às instituições conveniadas no orçamento de 2019. ;Como você vai oferecer um trabalho de assistência social com um recurso menor que o ano anterior? Não estamos pedimos esmola, isso aqui é um direito nosso;, disse.
Daise rechaçou o argumento do GDF de que os repasses não foram feitos por falta de prestação de contas das instituições conveniadas. Ela disse que a prestação foi feita, mas que devido aos atrasos recorrentes do governo e da falta de planejamento orçamentário, os recursos não foram passados. ;Nós fizemos a manifestação porque sabemos que se não recebermos agora e o novo governo entrar, aí que não iremos receber mesmo, porque o novo governador vai alegar que essa dívida é do governo passado;, desabafou.
Por volta das 10h, uma equipe do Palácio do Buriti se dirigiu até a manifestação e conversou com a presidente do Cepas. Ficou acordado que os representantes das instituições conveniadas iriam se reunir com secretários do GDF para tratar da situação. Apesar do acordo, manifestantes e representantes das instituições pediam reunião com o governador Rodrigo Rollemberg.
O Correio aguarda o posicionamento do Palácio do Buriti, da SEDF, da Sedestmith e da Secretaria de Saúde.
Estagiário sob a supervisão de...