Fabiana Costa comandará o MPDFT pelos próximos dois anos e, durante o mandato, promete priorizar a área da saúde, além da apuração de casos relevantes para a sociedade. Em um dos episódios de maior repercussão no Distrito Federal, a Operação Drácon, o Ministério Público vai pedir que os réus sejam julgados em primeira instância.
Sem orçamento para realizar concursos públicos e ampliar o quadro de pessoal, a nova procuradora-geral de Justiça do Distrito Federal vai focar na reestruturação interna da instituição para aprimorar o trabalho dos procuradores e promotores. ;Uma das possibilidades em estudo atualmente é a transformação de promotorias de fazenda pública em promotorias da saúde. Mas é uma medida que depende do aval do Conselho Superior;, explica Fabiana Costa. Segundo estimativas, isso poderia aumentar em até 20% o efetivo de profissionais do MP focados em saúde.
Ela citou o exemplo da Operação Conexão Brasília, deflagrada na semana passada, como uma atuação importante do MPDFT no combate a desvios de recursos públicos, especialmente na área da saúde. A investigação foi conduzida pela Força-Tarefa de Combate à Corrupção na Saúde, criada em julho pelo Ministério Público. Foram cumpridos 56 mandados, sendo 12 de prisão preventiva.
Entre os alvos estavam os ex-secretários de Saúde do DF Rafael Barbosa e Elias Miziara. ;A saúde é uma área de grande relevância e a importância dela para a sociedade é apontada em todas as pesquisas realizadas pelo Ministério Público. É um setor com orçamento gigantesco, o que exige ainda mais atenção;, comentou a nova procuradora-geral de Justiça do DF.
Modelo a seguir
O procurador de Justiça André Vinícius de Almeida, que permanecerá como vice-procurador-geral da área institucional do MP, lembrou que o modelo de força-tarefa adotado na saúde pode ser replicado em outros segmentos. ;A corrupção normalmente se dissemina por várias áreas, com a repetição de vários atores;, argumentou André Vinícius, justificando a importância de apurações realizadas com a integração de vários setores do MP.
Outra prioridade da nova gestão será a integração do Ministério Público com outros órgãos, com o intuito de facilitar o trabalho dos integrantes da instituição. ;Minha gestão vai ser pautada pelo diálogo e pela busca de parcerias;, contou Fabiana Costa. Ela citou o exemplo de um acordo do MPDFT com o Ministério Público Federal, para o uso de um sistema que identifica nascentes d;água.
;Queremos uma atuação conjunta com órgãos, como o Cade, o Banco Central e o Tribunal de Contas, para facilitar o acesso a bancos de dados de várias naturezas. Nosso desafio é firmar convênio com esses órgãos, para que informações relevantes se transformem em ferramentas para os promotores;, acrescentou Fabiana Costa.
Outra área que terá atenção especial é o controle de ocupações irregulares e de proteção do meio ambiente. Para isso, o MP contará com um sistema de georreferenciamento e, até mesmo, com o monitoramento do uso do solo por meio de drones. ;Me preocupa muito a questão da água;, afirmou nova procuradora-geral.
Diálogo
No mês passado, o governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) realizou uma visita de cortesia ao Ministério Público do DF e se encontrou com o procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bessa, e com Fabiana Costa. ;A gente espera ter uma relação de diálogo e de respeito ético às leis;, comentou a nova chefe do MPDFT, sobre a interlocução com o Palácio do Planalto.
A vice-procuradora-geral Selma Sauerbronn, responsável pela área jurídico-administrativa, comentou a grande renovação da Câmara Legislativa registrada na eleição. Na próxima legislatura, só um terço dos atuais deputados distritais permanecerão no cargo ; 16 parlamentares não foram reeleitos. ;Como cidadã, eu acredito que haverá mudanças e que a Câmara Legislativa desenvolverá um bom trabalho para a sociedade;, disse Selma.
Ela defende que o MPDFT tenha uma atuação preventiva, especialmente com relação à aprovação de leis com flagrante inconstitucionalidade. ;Muitas leis que atropelam a Lei Orgânica do DF e a Constituição são aprovadas. Em vez de interpor Adins, podemos colaborar para que essas leis não sejam aprovadas, para o bem da sociedade;, explicou Selma.