Cidades

Filmes com temática sobre Direitos Humanos são exibidos em mostra no DF

A iniciativa, criada em 2006 e realizada pelo Instituto Cultura em Movimento (Icem), será, pela primeira vez, descentralizada e contará com exibições em São Sebastião, Recanto das Emas, Planaltina, Espaço Renato Russo e no Liberty Mall

Letícia Takada*, Erika Manhatys*
postado em 20/11/2018 06:00
Matheus Costa e Ana Luiza: debates sobre os temas polêmicos auxiliam os alunos a enfrentarem preconceitosA Mostra Cinema e Direitos Humanos chega à 12; edição. Para quem gosta de filmes e programas culturais, esta edição exibe ao todo 40 películas, divididas em quatro eixos: temática; panorama; mostrinha, dedicada ao público infantojuvenil; e homenagem, que celebra a carreira do ator e diretor Milton Gonçalves.

A iniciativa, criada em 2006 e realizada pelo Instituto Cultura em Movimento (Icem) e do Ministério dos Direitos Humanos, será, pela primeira vez, descentralizada e contará com exibições em São Sebastião, Recanto das Emas, Planaltina, Espaço Renato Russo e Liberty Mall.

A mostra, gratuita e aberta para todos os públicos, começou ontem, em São Sebastião, e vai até segunda-feira, dia 26. A abertura oficial ocorre hoje, a partir das 19h, no Espaço Cultural Renato Russo, localizado na 508 Sul. As sessões serão exibidas hoje e amanhã na Asa Sul; quinta-feira, no Instituto Federal de Brasília (IFB), no Recanto das Emas; sexta-feira, sábado e domingo, no Cine Cultura Liberty Mall; e segunda, em Planaltina.

Os filmes abordam uma grande variedade de temáticas dos direitos humanos, como questão de gênero, população negra, indígena, LGBT, imigrantes, direitos da criança, idosos, mulheres, pessoas com deficiência, direito à saúde, educação, diversidade religiosa e meio ambiente.

Os temas são explorados de forma educativa, trabalhados para que atinjam a consciência de todos os públicos. Tatiana Maciel, 40 anos, curadora e produtora nacional do evento, conta que não há público-alvo. ;A mostra é de interesse de todos, debater assuntos como a interação dos LGBTs, em um país que é o que mais mata essas pessoas, é de extrema importância;.

A aceitação do público tem sido notada, ano a ano. Na 10; edição, ocorrida em 2015, o evento atraiu 25 mil espectadores. Na última, no ano passado, 45 mil pessoas foram recebidas nas salas de exibição, como conta a curadora. Os bons números são resultado de pesquisa de público, realizado pela Icem. ;Nós fizemos um questionário simples, perguntando quais temas a sociedade gostaria que fossem abordados. Nós percebemos que, em 2015, as pessoas não conheciam noções de direitos humanos, então, em 2017, produzimos uma cartilha sobre a Declaração dos Direitos Humanos. As pessoas estão mais antenadas a cada edição;, salienta.

A escolha das películas participantes foi uma árdua tarefa. Mais de 350 produções se inscreveram, por meio de chamada pública. Delas, 35 fazem parte do circuito. ;Não foi fácil decidir quais produções integrariam a mostra, recebemos trabalhos incríveis, de todos os cantos do país;, diz Tatiana.

Para garantir que todos os públicos aproveitem a mostra, as sessões contam com o closed caption, legenda que possibilita que deficientes auditivos acompanhem o conteúdo, e sessões selecionadas contarão com audiodescrição e Libras. Os espaços selecionados para as exibições possuem estrutura acessível para diferentes públicos, além da programação em Braile para consulta.

A arte ensina

Levar às escolas o aprendizado por meio de atividades recreativas é uma meta do Centro Educacional (CEd) São Francisco, que sedia as exibições dos filmes, em São Sebastião. O colégio é conhecido por incentivar a participação dos alunos em produções cinematográficas. Matheus Costa, 23 anos, supervisor do CEd, diz que os alunos produziram mais de 40 filmes e 180 curtas, alguns deles premiados. ;Nos últimos dois anos, ganhamos os títulos de melhor diretor, melhor ator e atriz, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro;. Segundo ele, o cinema é uma ferramenta valiosa de aprendizagem. ;A arte é o principal meio de inserção dos alunos, para que eles aprendam por meio da pesquisa, da observação e da interação;, conta.

A escola São Francisco tem em seu programa pedagógico a produção anual de peças audiovisuais, que integram as demais disciplinas em único projeto avaliativo. A professora de história do CEd, Germana Costa, 25, acredita que usar a arte para transmitir conteúdo, além de gerar engajamento em temas pouco abordados, é uma iniciativa que completa o processo de aprendizado. ;Podemos oferecer aos alunos um ambiente aberto ao diálogo e tratar assuntos polêmicos de forma pedagógica. Este é o caso dos direitos humanos, que são pouco creditados, sobretudo nas periferias;, observa a professora.

Discussão

Os bons exemplos gerados pela inserção das artes em ambiente escolar ampliam a discussão sobre a necessidade da adoção do exemplo em outras escolas. A São Francisco foi escolhida pela produção do evento, por ser uma das grandes incentivadoras da sétima arte, conforme explica Melina Bomfim, 35 anos, produtora local da mostra. ;Atingimos um público jovem e bem preparado para o tema, porque está habituado a tratar o assunto em conjunto com o cinema;, ressalta.

A onda de engajamento atinge a fundo os alunos que participam das atividades e expandem os horizontes dos jovens, que construirão o amanhã. Ana Luíza da Silva, 16 anos, uma das alunas que atuam ativamente na programação de cinema, sonha em trabalhar com produção audiovisual. A menina acredita que a escola deve incentivar o debate sobre os temas polêmicos e auxiliar os alunos a enfrentarem os preconceitos.


12; Mostra Cinema e Direitos Humanos

A abertura oficial ocorre hoje, às 19h, no Espaço Cultural Renato Russo, localizado na 508 Sul. O evento vai até o dia 26.

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