Jornal Correio Braziliense

Cidades

Família de adolescente vítima de latrocínio quer se mudar de Ceilândia

Um dia depois do sepultamento de Osterno Guilherme Martins, 16 anos, o que se ouvia na casa da família era apenas o latido do cachorro Barão, companheiro do adolescente. Suspeito de cometer crime foi preso na quarta-feira (14/11)

Um dia depois do sepultamento do jovem de 16 anos Osterno Guilherme Martins, morto depois de um assalto na porta de casa no Setor O de Ceilândia, a família tentava aos poucos se recuperar da tragédia. Na casa de esquina onde o estudante morava, portas e janelas fechadas. O único som que se ouvia era o choro do cachorro Barão, sentindo a falta do adolescente que era o companheiro.

Tios e primos, moradores das duas casas vizinhas, agora querem vender os imóveis onde a família morou a vida inteira e se mudar. ;Esse lugar morreu para mim. Criamos muitas boas lembranças aqui com o Guilherme, mas agora eu olho e só vejo tristeza;, lamentou o tio Clodoaldo Martins, 39.

O tio, que é fiscal de loja, lembrou, com lágrimas nos olhos, do sonho de Guilherme de ser veterinário. ;Era um menino de ouro, nosso orgulho. Primeiro ele dizia que queria ser bombeiro, como o pai. Depois mudou, disse que queria aprender a cuidar dos animais;. Guilherme morava com os pais e um dos filhos de Clodoaldo. ;Às vezes eu chegava e eles estavam roncando. Era muito engraçado;, riu o tio.

O menino, que cursava o 2; ano do ensino médio e sonhava com a faculdade deixou também quatro irmãos: dois do primeiro casamento do pai e dois do segundo. O mais velho, o assistente financeiro Jordam Linhares, 30, era o conselheiro em assuntos acadêmicos.

;Eu prometi que ia separar o material para ele estudar, antes de tudo isso acontecer. Agora a gente sinceramente não sabe como vai ser daqui para frente, mas eu agradeço toda a atenção que a polícia militar, civil, a imprensa e a sociedade tem tido com a gente. É revoltante que a nossa justiça não ajuda;, declarou.

Prisão do suspeito

O suspeito de matar Guilherme, Jonathan Sousa Lopes, 20 anos, foi preso na noite de quarta-feira (14/11). Segundo os investigadores, ele é o autor do latrocínio. O jovem é conhecido na região por cometer diversos crimes.
As investigações tiveram duração de 28 horas, com diligências ininterruptas. O delegado-chefe da 24; Delegacia de Polícia (Setor O ; Ceilândia) contou que chegou ao suspeito após denúncias anônimas e a identificação de outros roubos ocorridos naquela região no mesmo dia.

Entenda o caso

O crime aconteceu na tarde de terça-feira (13/11), no Setor O. Osterno Guilherme Martins Linhares de Sousa, 16 anos, é o filho de um bombeiro militar do Distrito Federal, e não resistiu ao levar um tiro no queixo. O assalto aconteceu por volta das 15h40, próximo à residência do rapaz, que fica em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros, na QNO 18, em Ceilândia.
A vítima cursava o 2; ano do ensino médio. Ele havia saído da escola e seguia para casa quando foi abordado por Jonathan Sousa em uma bicicleta. As testemunhas não souberam informar se ele reagiu ao assalto, mas acabou atingido por um disparo.

Nesta quarta-feira (14/11), o corpo de Osterno Guilherme foi velado no cemitério Campo de Esperança de Taguatinga. Mais de 70 pessoas estavam no enterro, entre familiares, amigos de escola e colegas de trabalho do pai, Antônio Martins.
No velório, a família pediu justiça pela morte do filho. "Deus está à frente de tudo. E estamos confiantes", afirmou um dos irmãos da vítima. A amiga Dayana Ribeiro, 25 anos, conta que vão ficar as memórias boas do adolescente. "Ele era um filho pra mim. Sabe aquele filho que toda mãe quer? Amava música sertaneja. A gente sempre ouvia junto. Era uma pessoa muito divertida. Tá doendo demais", lamentou.

Colegas de escola de Osterno Guilherme preparam uma homenagem para o amigo na próxima segunda-feira (19/11). "Era uma pessoa muito boa. Merece a nossa homenagem", disse o amigo Keven Augusto, 16.