Cidades

Moradores e motoristas reclamam das crateras provocadas pelas chuvas

O risco de acidentes de trânsito nesse período aumenta, e o custo na manutenção dos carros danificados também pesa no bolso

Luana Pontes - Especial para o Correio
postado em 13/11/2018 06:00
Na QNM 25, em Ceilândia, os buracos em série provocam acidentes e afetam o comércio da região: lama e perigo para pedestres e motoristasOs buracos nas vias do DF, em decorrência das fortes chuvas, ficam mais profundos e, muitas vezes, são escondidos pelo volume de água. É nesse período que aumentam as ocorrências de acidentes de carro em buracos e por aquaplanagem. Além dos riscos à própria vida, os custos para a manutenção dos carros, após caírem em buracos, pesam no bolso. Podem variar de um simples pneu rasgado, a partir de R$ 50, a reparos na suspensão, que podem passar de R$ 2,5 mil.

Para evitar o pior, alguns moradores sinalizam com cones ou entulhos os locais dos buracos. É o caso de Adriano Paiva, 32 anos, que mora próximo à Via de Ligação QNF/QNL em Taguatinga. O rapaz usou cones para avisar aos motoristas sobre uma ;cratera; aberta na frente do Senai de Taguatinga. ;Sou morador e sempre é difícil desviar desse buraco. Nunca vi manutenção sendo feita. Tem uma semana que o buraco se formou e é sempre essa dor de cabeça para conseguir que seja fechado;, revelou Adriano.

No intenso tráfego da Avenida Samdu Norte, em Taguatinga, os carros chegam a invadir a outra via para desviar do buraco. Aparecido Rosa Cruz, 60, tem uma borracharia bem em frente ao buraco. No local há quase 40 anos, ele se preocupa com os inúmeros carros que passam diariamente. ;Sempre tenho medo de que alguém caia nesse buraco e cause um acidente. Apesar de sobreviver de pneu cortado e furado, nunca queremos que esse tipo de coisa venha a acontecer. O custo menor é o financeiro;, explicou o borracheiro. Na loja de Aparecido o reparo de um pneu cortado pode variar de R$ 50 a R$ 60. ;Quando é só um prego na borracha, o valor cai para R$ 15;, completou.

Mas as despesas com o carro depois de passar por um buraco podem ir bem além. É o que conta Alfredo Sobrinho, 59, mecânico e borracheiro no Setor de Indústrias de Taguatinga. ;A queda num buraco pode causar uma série de problemas. Desalinhamento, amortecedores danificados, empeno de roda, entre outros. Os orçamentos podem chegar até R$ 2,5 mil;, disse. Alfredo Sobrinho cobra uma ação das autoridades. ;Cansamos de pedir para que os buracos sejam fechados. Aqui em Taguatinga é buraco para todo lado;, revelou.

Na QNM 25, em Ceilândia, os moradores até brincam que os buracos se tornaram ;animais de estimação;. Jussara Carvalho, 32, tem uma loja de pecuária no local e fica bastante chateada com a situação. ;Aqui ninguém pode deixar carro na rua, pois sempre batem na hora de desviar. Essa semana mesmo, uma senhora quase subiu na calçada para tentar escapar;, revelou a comerciante. Só na frente da loja de Jussara é possível contar nove buracos ao todo. ;Quando chove, piora tudo. Os carros passam e jogam lama em todo mundo, sem contar nos nossos produtos;, destacou.

Na via de acesso ao Hospital Regional da Ceilândia a situação não é diferente. No comércio local todos comentam sobre os imensos buracos que tomam conta da avenida. Arnaldo da Cunha, 39, disse que os moradores se reuniram e procuraram a Administração Regional da Ceilândia. ;Foi inútil. A chuva vem e só piora o asfalto que já estava ruim. Tem mais de três meses que aguardamos o atendimento do chamado;, revelou o rapaz.
Tapa-buraco

De acordo com assessoria da Administração Regional de Ceilândia não existe um monitoramento quanto aos buracos que se abrem pela cidade. E explicou que o procedimento se dá depois da reivindicação da própria população. ;Nós só executamos quando existe uma reivindicação feita pelos moradores de que existe esse buraco;, informou por telefone a assessoria da administração. Na QNM 19 de Ceilândia, máquinas removiam o asfalto e passavam a massa asfáltica no local. Uma empresa terceirizada cumpre a demanda emergencial encaminhada pela Novacap.

Em nota, a Novacap informou que desde o início de 2015, até o momento, a usina da companhia produziu cerca de 15,3 milhões de toneladas de massa asfáltica, o que corresponde em média a 3,8 milhões por ano. ;O material é usado na recuperação da malha asfáltica do Distrito Federal e em operação Tapa-buraco;.

A Novacap também esclarece que a produção de massa asfáltica da Novacap atende as regiões administrativas, por meio de pedidos feitos pelas administrações regionais e pelo Departamento de Estradas de Rodagens (DER), além de realizar serviços de manutenção de ruas e avenidas solicitados pela comunidade através da ouvidoria da companhia.

Massa asfáltica

De acordo com a Novacap, desde janeiro deste ano, Taguatinga utilizou a maior quantidade de massa asfáltica, 756 toneladas. Vicente Pires foi à segunda, com 541 toneladas, e Ceilândia com 381. Em seguida, Gama com 332 e Guará com 279 toneladas. E finaliza lembrando que ;a população, que está mais próxima da situação, pode informar onde existem vias com buracos na Ouvidoria do Governo de Brasília, no número 162, nas Administrações Regionais ou, diretamente na Ouvidoria da Novacap, por meio do número 3403-2626;.

Previsão de mais chuvas

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a previsão até o início de janeiro de 2019 é que as chuvas continuem. De acordo com a meteorologista Maria das Dores, até o momento o DF registrou um acúmulo de água maior do que nos outros anos. ;A média climatológica dos últimos 30 anos prevê o acúmulo de 226,9 mm. Estamos só no começo das chuvas e já registramos 169,1 mm;, revelou.

A previsão para os próximos dias é de que as pancadas de chuvas permaneçam. ;Vamos ter trovoadas em locais isolados. É possível que tenhamos um sol entre nuvens até sexta-feira, mas nada animador. Os relatórios só mostram chuva;, afirmou.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) acrescenta que o brasiliense deve redobrar a atenção nesse período. De acordo com o tenente Washington Romão, é preciso ficar atento. ;Quando chove nossas pistas se tornam sabão. É um risco imenso para os motoristas e pedestres. Sempre destacamos algumas medidas que podem ajudar a prevenir acidentes (leia quadro);, destacou.

Medidas de segurança

; Manter a distância do carro da frente;

; Antecipar a frenagem do veículo;

; Evitar os locais de difícil escoamento;

; Em caso de aquaplanagem, deixar o carro desacelerar sem o auxílio do freio ou da redução de marcha;

; Conhecer ou procurar informações sobre as rotas que vai realizar;

; Em caso de forte chuva, procurar um local seguro até que ela passe; e

; Cuidado com os buracos (os níveis de água podem maquiar a profundidade e a extensão deles).

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