Cidades

Encanamentos clandestinos causaram cratera em Vicente Pires, diz secretaria

Apesar da suspeita, apenas o laudo do incidente poderá comprovar a hipótese. A Rua 3 está interditada e não tem previsão para a reabertura

Bruna Lima - Especial para o Correio, Erika Manhatys*, Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 23/10/2018 21:14

Caminhonete cai em cratera na Rua 3, em Vicente Pires

A cratera que se abriu na Travessa 2 de Vicente Pires, teria sido causada por redes clandestinas de água e esgoto, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp). No entanto, a Associação de Moradores de Vicente Pires (Amovpe) nega que este tenha sido o motivo, alegando que as obras foram feitas há 20 anos pela própria administração da cidade. Nesta terça-feira (23/10), uma caminhonete ocupada por um casal de idosos caiu em um buraco que se formou devido a uma erosão. Ninguém ficou ferido. A rua está interditada e não há previsão para a reabertura do local, conforme a Defesa Civil.

O secretário da Sinesp, Raimundo Coimbra, aponta que moradores da região administrativa construíram diversas redes de drenagem não cadastradas e que os responsáveis pelas obras fizeram os isolamentos. Contudo, para o titular da pasta, "algum prédio continuou lançando água sem autorização, gerando a sobrecarga e o estouro".

Coimbra afirma que casos de erosões são comuns. "Uma carga não prevista no solo promove esse problema em virtude da grande quantidade de água. O processo de erosão não é nada especial, o fato acontece", explica o secretário.

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O presidente da Amovpe, Gilberto Camargos, discorda de que o desgaste tenha ocorrido devido a obras irregulares. "Todas as intervenções foram feitas pela administração, inclusive, esta obra foi feita em meados de 2012. A questão é que em outras ruas ocorre o mesmo problema", garante.

O coronel Solange Ribeiro da Defesa Civil diz que a região foi ocupada desorganizadamente. "O histórico do solo é de transtornos, para além das ligações clandestinas. Por isso, o solo encharca no período chuvoso e causa esses problemas. O governo tenta reverter esse quadro", frisa.

O administrador de Vicente Pires, Charles dos Santos Dias, destaca que é comum a região administrativa passar por este tipo de adversidade. "Uma das características da cidade é que a chuva de Taguatinga, especialmente do Pistão Sul, também desce aqui. Estamos lidando com forças da natureza e, enquanto estivermos com escavações, estamos sujeitos a problemas como este", realça.

Susto

A aposentada Maria Marlúcia Pereira, 72 anos, estava no banco do passageiro no veículo quando aconteceu o acidente. "A chuva estava muito grossa e, ao passar na rua, parecia que estávamos em uma terra fofa, pois começou a afundar. Tivemos sorte porque os rapazes nos ajudaram a sair antes que o buraco abrisse de uma vez e nosso carro caísse por completo", conta. O marido, Oswaldo Jose da Silva, 76, dirigia a caminhonete.

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A Defesa Civil interditou a Travessa 2 de Vicente Pires e não estipulou um prazo para a liberação da área, para manter a segurança dos moradores. "Faremos um trabalho paliativo, com isolação feitas por barreiras do Detran. As obras continuarão, mas como estamos com previsão de chuva, poderá demorar", analisa o coronel Solange Ribeiro. O laudo da causa do acidente será realizado, mas ainda não há data para a conclusão da perícia.

As obras de para a rede de captação e para um novo asfaltamento começaram em 2015, após liberação pelo governo federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O orçamento é de R$ 463 milhões. A previsão é de os trabalhos estejam finalizados em dezembro.

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*Estagiária sob supervisão de Guilheme Marinho (especial para o Correio)

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