Jornal Correio Braziliense

Cidades

Dia Mundial da Alimentação: um alerta para o desperdício

De acordo com uma pesquisa sobre hábitos de consumo e desperdício de alimentos, as famílias brasileiras desperdiçam, em média, 128,8 kg por ano


No Dia Mundial da Alimentação é essencial lembrar de optar sempre por alimentos saudáveis. No entanto, há um fator que requer ainda mais atenção na data, que é o desperdício de alimentos. Em um seminário online promovido, no ano passado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil alertou que, anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias produtivas de alimentos.

Em 2017 foi realizada uma pesquisa sobre hábitos de consumo e desperdício de alimentos com 1764 famílias brasileiras, que responderam um questionário sobre o assunto. O estudo faz parte do projeto Diálogos Setoriais União Europeia e o tema surgiu a partir da iniciativa Sem Desperdício (hiperlink), uma parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), WWF Brasil e FAO.

A pesquisa constatou que as famílias brasileiras desperdiçam, em média, 353 gramas de comida por dia ou 128,8 kg por ano. Em análise por pessoa, o desperdício é de 114 gramas diários, o que representa um desperdício anual de 41,6 kg. Entre os alimentos mais desperdiçado estão o arroz (22%), carne bovina (20%), feijão (16%) e frango (15%). Hortaliças e frutas são desperdiçadas em menos quantidade relativa ao volume total, ambas 4%.

Para o analista de inovação da Embrapa e líder do projeto nos Diálogos Setoriais União Europeia - Brasil sobre desperdício de alimentos, Gustavo Porpino, falar sobre desperdício é falar de uma mudança cultural e a longo prazo. ;Para que haja mudança é preciso disponibilizar mais recursos para falar do tema. Se queremos reduzir essa perda é precisa uma mudança comportamental e legislativa. Não é algo que muda da noite para o dia;, afirmou.

Gustavo fala ainda que a cultura latina valoriza a abundância na mesa e o brasileiro não foge a essa regra, e também tendem a gostar de ir ao supermercado fazer compras fartas e estocar alimentos, mesmo em tempos de crise. Para ele, a valorização da fartura contribui para aumentar a propensão de haver desperdício de alimentos.

;Arroz e feijão são os alimentos mais consumidos no país, e tendem a ser preparados em abundância. Prevalece a cultura de que ;é melhor sobrar do que faltar;. O problema é o não aproveitamento das sobras que, por vezes, terminam sendo esquecidas na geladeira;, ressalta o analista.

O nutricionista Omar de Faria afirma que sempre existe uma forma de reaproveitar os alimentos que sobram, principalmente os vegetais que, segundo ele, se desperdiça bastante na hora de descascar e higienizar. ;Como as cascas é possível fazer bolos, compotas, doces caseiros;, indica.

O nutricionista ainda destaca que a casca é parte dos vegetais que mais possui vitaminas e antioxidantes, no entanto, é nela também que se encontram os agrotóxicos. Por isso, para aproveitar as sobras das frutas, verduras e legumes, a orientação é higienizar da melhor forma.

Dica:


1; passo: 1 colher de sopa de água sanitária para 10 litros de água e colocar os vegetais. Logo após lavar com água corrente
2; passo: 1 colher de bicarbonato de sódio para 10 litros de água e colocar os vegetais. Logo após lavar com água corrente
3; passo: 1 colher de vinagre para 10 litros de água e colocar os vegetais. Logo após lavar em água corrente.

De acordo com o nutricionista, apesar de não limpar 100%, esse processo descontamina os vegetais de bactérias e tira outras impurezas de agrotóxicos.


Alimentação saudável


Embora os brasileiros ainda tenham o hábito de frequentar fast-foods, a busca por uma alimentação mais natural e saudável tem crescido. Principalmente, pela onda de vida ;fitness; que está em ascensão pelo Brasil. O secretário da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Argileu Martins, afirma que a população do DF está em vantagens quando o assunto é alimentação saudável.

O secretário conta que na capital há uma ampla produção de produtos orgânicos e mais de 50 feiras do segmento, onde são comercializados do produtor para o consumidor. ;No DF há uma produção orgânica expressiva e temos uma estratégia de comercializar e fazer com que o produto chegue mais fácil e com um preço mais acessível para o consumidor;, ressalta.

Além disso, Argileu ainda afirma que a agricultura do DF é, possivelmente a mais diversificada do país. Ele destaca as produções de grãos. ;Somos o 5; maior produtor de morango e também temos boa produção de goiaba. A população tem facilidade em achar. Aquilo que não produzimos aqui, as pessoas encontram, certamente, na Ceasa. Para este Dia Mundial da Alimentação, é válido lembrar que todos podem ter alimentação saudável de forma rápida e com bons preços;, completou.