A música tem caminhos misteriosos. Como unir duas pessoas com experiências completamente diferentes de vida em torno de uma paixão em comum. Assim foi com Rafael Ribeiro e Raphael Aragão, que formam um duo de voz e harpa e decidiram ganhar a vida cantando e tocando para o público. Até chegarem ao desafio de levar a música erudita para ouvintes em geral, o caminho foi longo. Os dois começaram a trilha de forma bem diversa.
Para Rafael Ribeiro, as memórias ainda são marcantes. Foi em uma chácara na qual morou durante a infância que, aos 7 anos, teve o primeiro contato com a música erudita. Sentado no chão, o tenor costumava ouvir um CD com músicas de mestres como Beethoven, Vivaldi e Mozart. ;Eu ficava me balançando, ouvindo e cantarolando, enquanto meus primos brincavam. De tanto ouvir, eu já sabia as notinhas;, relembra o cantor, hoje com 31 anos. Sua mãe, Dona Dina, ao ver a paixão do filho pela música, o levou à apresentação de um coral cujo repertório eram canções que Rafael escutava na sala de casa. ;Aquilo mexeu comigo. Eu me senti muito emocionado. Lembro, até hoje, da sensação. Desde então, comecei a cantar;, recorda.
Para Raphael Aragão, harpista do duo, o contato com a música foi mais tardio. O jovem de 26 anos não costumava ser muito ligado a melodias. O interesse veio somente aos 14 anos, após a mãe, Nathalia Aragão, entrar para a Escola de Música de Brasília (EMB). Seguindo a onda da matriarca, seis meses depois, o jovem se inscreveu também. Durante o sorteio para as vagas, aconteceu o que Raphael chama de ;linha do destino;. ;Chamaram uma pessoa, mas ela não estava presente. Então, chamaram outra, que também não estava. Aí, veio o meu nome. Depois que recebi a vaga, as duas pessoas voltaram do banheiro, mas não tinha mais jeito;, lembra. O curso era harpa.
O ano era 2008. Nas primeiras aulas, o harpista sentiu uma ligação forte com o instrumento. Entretanto, um dos maiores desafios era o custo. No Brasil, uma harpa só pode ser adquirida por importação. Quando nova, pode custar R$ 150 mil. Mas não seria o preço que impediria Raphael lde evar o estudo a sério. Hoje, ele aluga a harpa para tocar em suas apresentações.
Culpa da mãe
As mães dos dois instrumentistas tiveram influência significativa na carreira dos filhos. Rafael fazia canto lírico com a mãe de Raphael na EMB. Eram, portanto, conhecidos por conta da escola, mas a ;afinação; para tocarem juntos não foi instantânea. ;A gente sempre marcava de fazer dueto, mas nunca dava na agenda;, brinca Rafael Ribeiro. O mais importante é que a amizade estava feita. E as datas se encontraram em 2017, quando a dupla se tornou, de fato, harpa e voz.
Tudo começou quando uma amiga, ao ver a harpa de Raphael Aragão, pediu que ele tocasse para ela. Ao se apaixonar pelo dom do jovem, ela o convidou para se apresentar no aniversário de um amigo. ;Foi quando a gente resolveu se juntar de fato. O Raphael fez uma música instrumental e cantamos duas peças. O aniversariante gostou muito e nos convidou para se apresentar na casa dele, em Fortaleza;, conta o tenor.
Com o amadurecimento da ideia, o duo fortaleceu a proposta. Hoje, a dupla se apresenta em casamentos, shoppings e festivais de ópera. O repertório conta com música napolitana, canções francesas e música popular brasileira. Para o futuro, a dupla tem o projeto de levar a combinação de harpa e voz para embaixadas de Brasília. ;Desejamos também que os amantes da música erudita e os empresários que gostam e querem perpetuar isso possam olhar para esse lado da música;, afirma Rafael.
Siga os músicos!
Rafael Ribeiro: (61) 99425-8282
Raphael Aragão: (61) 98221 9892
YouTube: Rafael Luiz Ribeiro
* Estagiária sob a supervisão de Leonardo Meireles