Jornal Correio Braziliense

Cidades

Crônica da cidade: O voto da ignorância


As pesquisas de intenções de votos e as campanhas dos candidatos são desalentadoras. Revelam o nível de deseducação, desconhecimento e ignorância do país. A internet informa, mas também provoca confusão mental e dificulta o acúmulo de conhecimento. Qualquer pessoa minimamente lúcida sabe que a eleição de Bolsonaro para presidente será um desastre.

Ele é homofóbico, ofende aos índios, faz elogio da violência, exalta a tortura, não entende nada de economia e é incapaz de fazer alianças políticas. Já deveria ter sido punido pelo STF. Mas foi absolvido inexplicavelmente. É atrasado em relação às elites do Exército. É, realmente, uma ameaça à democracia.

Em Brasília, ressurgem velhos conhecidos, envolvidos com falcatruas, sem nenhum compromisso com o destino da cidade. O MP teria de explicar por que, apesar de todas as bandalheiras que praticaram, ainda não foram enquadrados pela Lei da Ficha Limpa e estão livres para mentir, roubar e destruir Brasília. Diversos candidatos a governador anunciaram que a primeira medida de seus respectivos governos será acabar com a Agefis.

Essa é uma declaração preocupante, pois a grilagem de terras públicas e a especulação imobiliária são ameaças permanentes à qualidade de vida na cidade. Mesmo com toda a fiscalização, a indústria de invasão sempre busca uma brecha para ocupar terra pública. Com isso, são degradadas nascentes, destruídos corredores ecológicos e atingidos ecossistemas.

Brasília tem manifestado sinais evidentes de desequilíbrio ecológico. Durante o período da seca, as temperaturas têm se tornado cada vez mais insuportáveis. Não há alívio sequer nas madrugadas. Então, os anúncios de liberalidade das terras públicas, com certeza, afetarão a qualidade de vida na cidade.

Mas parece que as propostas de administração sustentável do meio ambiente não interferem na escolha dos candidatos para votar. Deveria ser um dos critérios adotados para o benefício de todos. O interesse público é completamente ignorado. O Estádio Mané Garrincha é um megaelefante branco. Foi superfaturado e custa mais de R$ 700 mil por mês. Mesmo assim, uma candidata apresentou como uma de suas propostas construir estádios nas cidades-satélites.

Não estou defendendo nenhum candidato ou partido e não tenho a fórmula mágica para a solução dos problemas do país ou do DF. Mas posso apostar que não será com propostas demagógicas, mentirosas e irresponsáveis. Esses projetos são medíocres e só podem florescer em um ambiente de deseducação, desconhecimento, confusão e ignorância.

Nós precisamos pacificar o país, vencer a recessão econômica, transformar a educação em prioridade, solucionar os problemas de segurança, proteger as crianças, colocar o Brasil em conexão internacional.