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Bebê morre após parto de 28h e família denuncia violência obstétrica

A jovem teria passado mais de 28 horas em trabalho de parto, o que, segundo denúncia da família, ocasionou a morte do bebê. A diretoria do Hospital Regional de Samambaia nega a versão

Familiares de uma mulher de 19 anos denunciam o Hospital Regional de Samambaia (HRSam) por negligência, omissão e violência obstétrica. Lorrane Stefany de Souza Golçalves chegou à unidade na manhã de segunda-feira (17/9) e teria passado mais de 28 horas em trabalho de parto.

A jovem só foi atendida na terça-feira (18/9), quando o filho morreu. A direção da unidade hospitalar nega a versão, alegando que a mulher teve o parto induzido e que a criança faleceu durante o nascimento, quando os ombros ficaram presos no canal vaginal.

Eneusa Aparecida, mãe de Lorrane, relata que ela e a filha saíram de Santo Antônio do Descoberto (GO), onde moram, para irem até o HRSam. Elas chegaram por volta das 10h, quando preencheram a ficha médica. No entanto, a jovem só teria sido atendida às 13h. "Ela estava em sofrimento grande, me pedindo socorro. Ela dizia ;estou com muita dor, não vou conseguir;. ;Eles estão me matando, vão matar o meu bebê;", relembra.

O parto de Arthur ocorreu na terça-feira (18) e, segundo Eneusa, a criança nasceu sem vida, roxa. "Eu pedi socorro para todos os médicos, mas parecia que ela não era ninguém. É uma situação que poderia ter sido evitada, nada disso precisava ter acontecido", lamenta.

Lorrane recebeu alta do HRSam no início da tarde desta sexta-feira (21/9) e não corre risco. O corpo do menino foi velado às 14h30, no Cemitério de Santo Antônio do Descoberto. "Estamos muito abatidos, é um momento difícil para todos nós", disse Eneusa.

Outro lado

A diretora do Hospital Regional de Samambaia, Luciana de Melo Russo, contesta a versão apresentada. Segundo ela, a família teria chegado à unidade às 13h, quando Lorrane foi internada para a observação de indução ao parto, uma vez que a jovem estava grávida de 41 semanas. Ela passou 18h na ala, quando tomou dois comprimidos de uma medicação intravaginal para induzí-la ao trabalho de parto.

"Quando fomos aplicar a terceira dose, começaram as contrações. Nesse momento, ela foi transferida para a ala onde ficam as mulheres em trabalho de parto. Ela levou nove horas no processo e, às 17h, iniciou-se o nascimento da criança", afirma Luciana Russo.

Ainda de acordo com a diretoria, ocorreu um problema no processo expulsivo do bebê. "Primeiro sai a cabeça e a própria criança encolhe os ombros, enquanto o médico realiza a manobra giratória para o nascimento. No caso da Lorrane, não ocorreu isso e os ombros ficaram presos. É uma intercorrência que não pode ser prevista", esclarece.

Segundo Luciana, uma equipe de sete profissionais teria auxiliado no parto, "pois essa intercorrência precisa de manobras complexas para a expansão do canal vaginal". "Só que, infelizmente, a criança morreu ao ficar presa."

Manobras de reanimação foram realizadas no bebê, mas não houve resposta. "Toda a equipe ficou muito impactada com a situação. Fizemos o melhor que pudemos", garante a diretora do HRSam.

Lorrane recebeu atendimento psicológico no hospital e um encaminhamento para o acompanhamento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS).