Pelo menos uma vez por ano, alunos das escolas públicas de Brasília têm a oportunidade de mostrar as habilidades na produção de curtas-metragens. Com a supervisão de um professor, além de escrever o roteiro, os alunos atuam, filmam, editam e fotografam as cenas. Depois de finalizada, a obra concorre até a prêmio, e os alunos podem ganhar bolsas de estudo para a universidade.
A iniciativa em questão trata-se do Festival de Filmes de Curta-Metragem das Escolas Públicas de Brasília, evento que chega à 4; edição este ano. Criado em 2015 pelas secretarias de Educação e de Cultura, o principal objetivo do festival é afirmar as identidades culturais e dar protagonismo para os cerca de 250 mil estudantes da rede pública do Distrito Federal.
;O festival é uma importante ação educativa por meio da arte, na qual conseguimos dar voz aos alunos. Apesar de serem 5 minutos de produção, eles têm espaço para se manifestar e divulgar um pouco das suas próprias histórias de vida. A união entre educação e cultura é fundamental para formarmos cidadãos com senso crítico;, explicou a subsecretária de Educação Básica, Luciana da Silva.
Para 2018, o festival recebeu a inscrição de 144 obras, feitas por estudantes dos 6; ao 9; anos do ensino fundamental, do ensino médio, da educação profissional e da educação de jovens e adultos (EJA). Os 30 melhores curtas ; 15 dos alunos de ensino fundamental e 15 dos demais estudantes ; foram escolhidos para concorrer às premiações do evento. Na próxima semana, as produções serão exibidas no Cine Brasília, dentro de uma das maiores festas do cinema nacional, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Os alunos serão avaliados em nove categorias: melhor direção, melhor montagem, melhor fotografia, melhor roteiro, melhor ator, melhor atriz, melhor filme (escolhido pela comissão julgadora), melhor abordagem do tema e melhor filme (escolhido por júri popular). Além dos troféus, os estudantes receberão bolsas. ;Mesmo para aqueles que não tenham os filmes premiados, todo o investimento, a iniciativa e a criatividade estarão incorporados pelo resto da vida e em qualquer atividade profissional que esse aluno venha a exercer;, apontou o secretário de Educação, Júlio Gregório Filho.
Conscientização
Um dos filmes selecionados para a premiação é o A chave da escola (e seus propositais elementos nonsense), produzido por estudantes dos 2; e 3; anos do ensino médio do Centro Educacional São Francisco, de São Sebastião. O curta conta a história de dois alunos que fazem uma cópia da chave da escola para ter acesso a todas as áreas do colégio que mais lhe agradam. No fim, eles emprestam a chave para outra aluna que precisava sair da escola devido a um problema com a mãe.
O estudante Álefe Pinheiro, 17 anos, é um dos atores. No ano passado, ele também participou do festival, sendo escolhido como o melhor ator entre as produções de ensino médio, da educação profissional e da educação de jovens e adultos. Já tem uma bolsa de 100% garantida para cursar teatro na universidade. Para ele, o evento significa uma oportunidade de mostrar o cotidiano das pessoas que vivem mais afastadas do centro de Brasília.
;É uma maneira de quebrar barreiras invisíveis que existem em torno do centro. Hoje, vivemos em um local considerado periferia no Distrito Federal por conta de tudo o que aconteceu desde a fundação de Brasília. Mas existem alunos com mentes brilhantes aqui dentro, que têm ideias maravilhosas. Não colocar em prática o que eles pensam seria um desperdício. Tanto para nós quanto para as pessoas que nos assistem;, comentou.
Também estudante e diretor do curta, Calcifee Zecaiê, 16, acredita que o festival é um atalho para que ;os mais excluídos sejam escutados;. ;O cinema traduz qualquer coisa. Ele é uma forma de comunicação. Além de valorizar aquilo que nos cerca, estamos mostrando para todos que também temos cultura. Muito mais do que filmes, todos nós estamos produzindo conhecimento;, disse.
Mesmo sem as melhores tecnologias para elaborar o filme, os estudantes finalizaram a obra em cerca de três semanas. ;Todas as dificuldades técnicas acabaram superadas pela força de vontade. Quero fazer do cinema uma coisa positiva para a minha vida. Algo belo e de que eu me orgulhe. Acredito que, neste festival, estamos apenas começando. Ainda teremos várias oportunidades para expressar os nossos pensamentos pela arte;, lembrou Eduardo Nunes, 18, que foi operador de áudio nas gravações.
Assim como no ano passado, os estudantes esperam que a escola seja novamente premiada. João Victor de Souza, 17, responsável pela fotografia do filme, comentou que o feito seria uma injeção de ânimo para todos do grupo. ;Nós sempre tivemos dificuldade para alcançar a arte e, ao mesmo tempo, sempre quisemos nos expressar. Não é porque estamos na periferia que podemos menos. Existem várias realidades e temos que continuar mostrando aquilo que sentimos para todo o mundo. O cinema é a nossa voz.;
Assista e vote nos melhores curtas por meio deste link: http://www.se.df.gov.br/votacao-juri-popular-4o-festival-de-curtas/
Premiação
O festival ainda premiará os estudantes do ensino fundamental com oficinas de aperfeiçoamento em uma produtora audiovisual e os estudantes de ensino médio com bolsas para ingresso no Centro Universitário Iesb. Melhor ator e melhor atriz terão bolsa integral para curso de teatro; melhor diretor, bolsa integral para o curso de cinema; melhor montagem e melhor roteiro, bolsa parcial para curso de cinema; e melhor fotografia, bolsa parcial para curso de fotografia.
Anote
; Mostra do 4; Festival de Filmes de
Curta-Metragem das Escolas Públicas de Brasília, no 51; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Cine Brasília (106 Sul)
; Segunda-feira, das 9h às 12h. Exibição das 15 produções fílmicas do ensino médio, educação profissional, educação de jovens e adultos e premiação
; Terça-feira, das 9h às 12h, no Cine Brasília. Exibição das 15 produções fílmicas do ensino fundamental e premiação.