Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 04/09/2018 21:31
"A minha vida não tem mais sentido", diz a mãe de Charles de Souza Bezerra, 13 anos, morto com golpes de facadas, pauladas, além de ter parte do corpo incendiado enquanto ainda estava vivo. O caso aconteceu em 23 de agosto, no Parque Lago do Cortado, em Taguatinga. A investigação começou na 17; Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), mas foi passada para a Delegacia da Criança e do Adolescente 2 (Taguatinga), pois os autores são adolescentes.
A mãe do adolescente não quis ser identificada. Ela confirmou que o garoto tinha problemas psiquiátricos e que não fazia uso de drogas. "Até 5 de agosto, quando fiz um último exame toxicológico, nada apontou o consumo de entorpecentes. Meu filho não era um qualquer. Era de casa para a escola", garante.
O delegado Juvenal Campos trabalha com duas linhas de investigação: a de que o adolescente tenha sido enganado para usar droga e, por isso, tenha desencadeado um tipo de surto psicótico; ou de que ele não concordou com o consumo de entorpecentes dos outro cinco jovens e tenha sido morto por esta razão.
"No caso do surto, os adolescentes podem simplesmente ter decidido ceifar a vida dele. Mas, se ele não tiver concordado com o uso de drogas, os jovens podem ter decidido matá-lo para que não fossem delatados na escola ou para parentes", esclarece.
Três dos adolescentes estão apreendidos por outro crime. Juvenal Campos garante que eles prestarão depoimento para informarem mais detalhes sobre o homicídio.
Charles era um adolescente que jogava pipa e bola na rua onde morava com a família, no Sol Nascente, Ceilândia. "Eu fico olhando e esperando que, a qualquer momento, ele vai entrar na minha casa", fala a mãe, emocionada. O corpo do menino foi enterrado na Bahia. A entrevista foi dada à TV Brasília, parceira do Correio Braziliense (veja abaixo).
Entenda o caso
Em 23 de agosto, Charles foi encontrado por uma pessoa que passava pelo Parque Lago do Cortado, atrás do Hospital Público Veterinário, em Taguatinga Norte. Ele ainda se movia quando tinha parte do corpo incendiado. Antes, o adolescente foi brutalmente espancado e levou diversas facadas. Havia marcas de sangue e um pedaço de madeira próximo ao local onde ele foi visto.
Durante as investigações da 17; DP, agentes encontraram uma testemunha chave para o caso. Essa pessoa teria visto Charles correr de um grupo de cinco pessoas para dentro do parque. Momentos depois, apenas os adolescentes apontados como autores do ato análogo ao crime de homicídio retornaram do local. Dois dias antes de assassinarem o adolescente, os jovens teriam roubado um carro.
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