Isa Stacciarini
postado em 27/08/2018 16:47
Vítima de feminicídio pelas mãos do companheiro, Maria Regina Araújo, 44 anos, vivia os últimos dias com medo do marido, Eduardo Gonçalves de Sousa. Ela chegou a comentar com pessoas mais próximas sobre os recentes casos de violência contra a mulher e desconfiava de que o homem seria capaz de cometer alguma atrocidade. Por isso, procurou a Justiça para solicitar medida protetiva, mas teve o pedido negado em 16 de agosto. Para amigos da vítima, Eduardo premeditou o crime.
O feminicídio aconteceu na noite de domingo (26/8), na casa da família, em uma região do Itapoã. Maria Regina preparou um almoço para receber amigos e familiares. Ela teria colocado um colchão em outro quarto para Eduardo dormir, o que teria irritado o homem. Ao fim da confraternização, o suspeito deu carona para alguns dos convidados. Ao voltar para casa, atacou a mulher.
Segundo pessoas próximas à família, a filha mais nova do casal, de 8 anos, gritou ao irmão que estava na porta de casa que o pai estaria enforcando a mãe. Quando o jovem de 18 anos entrou na residência, percebeu que a vítima estava caída no chão, ensanguentada. O homem fugiu a pé, descalço. Vestia bermudas e uma camisa.
A criança ainda não sabe da dimensão da tragédia. Nesta segunda-feira (27/8), ela foi para a escola e disse a pessoas próximas que visitaria a mãe no hospital. O homem permanece foragido. Equipes da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá) estão nas ruas para tentar localizá-lo.
Fotos de caixões
Uma semana antes de assassinar a companheira, Eduardo pediu demissão do emprego, em uma residência do Lago Sul, onde trabalhava como caseiro. Fez empréstimo e chegou a enviar fotos de caixões para amigas próximas de Maria Regina. Ele acreditava que as colegas da mulher a incentivavam a pedir a separação.
Maria Regina trabalhou até sábado. Há quase 20 anos ela era empregada doméstica em uma casa, também no Lago Sul. Natural do Maranhão, a mulher chegou a Brasília em 1998. Era quase 10 anos mais velha que Eduardo. Eles chegaram a trabalhar juntos em uma casa.
Para complementar a renda, Maria Regina fazia bolos, vendia lingeries e joias. Com esforço, construiu a casa onde morava. Há alguns meses, ela pediu que Eduardo a deixasse, mas ele exigiu R$ 10 mil para ir embora. Maria Regina conseguiu juntar o valor e ofereceu ao homem, que mesmo assim se recusou a deixar o endereço.