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Bicicleta para embaixo de ônibus após atropelamento no Eixo Monumental

Ciclista ficou ferido e foi levado ao Hospital de Base. Acidente é o segundo envolvendo ciclistas em Brasília em dois dias

Um atropelamento envolvendo uma bicicleta e um ônibus no Eixo Monumental deixou um ferido, na manhã desta terça-feira (21/8). O acidente aconteceu por volta das 6h30, quando o ônibus que fazia serviços de transporte de funcionários dos ministérios acabou se chocando com a bicicleta que passava pela ciclofaixa e atravessava a pista, conduzida por Valdinei Cordeiro de Paiva, 45 anos.

Segundo o motorista envolvido na colisão, Valdinei não respeitou a placa de "pare" que fica entre o término de uma ciclofaixa e o começo da outra, entre a via de carros. "Eu saía do estacionamento do Ministério da Cultura para pegar o primeiro retorno à esquerda para subir sentido Rodoviária. Quando eu já estava no retorno, só escutei a pancada e o grito", contou Thiago Santos, 31 anos.

[SAIBAMAIS]O motorista foi o primeiro a prestar socorros ao homem atingido, segundo seu relato. ;Eu vinha entrando na via lateral e olhando para todos os lados, mas, mesmo assim, ele vindo rápido como vinha, não tem como ver. Eu desci de imediato do ônibus, fui até o ciclista, mas ele já estava desacordado. Aí já liguei para o bombeiro", explicou.

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Thiago também relatou que curiosos que passavam pelo local começaram a filmar a cena, sem ajudar nos socorros, mas o Corpo de Bombeiros chegou rapidamente ao local. "Ele estava com o rosto sangrando muito e bem inchado, mas graças a Deus o atendimento foi bem rápido e o homem ficou lúcido. Os bombeiros chegaram logo, já mobilizaram e levaram ele para o hospital."

O acidente ocorreu em frente ao Ministério da Agricultura e a vítima foi levada para o Hospital de Base, mas ainda não se sabe o estado de saúde do homem. Segundo o Serviço de Informações Públicas do Corpo de Bombeiros, ele foi encaminhado para o hospital com suspeita de traumatismo cranioencefálico. A pancada do acidente atingiu mais a região do rosto, como contou o motorista do ônibus, mas o ciclista estava de capacete.
Sobrinha de Valdinei, Scarlatt Natacha de Souza Santos, 27, contou que o tio é ciclista há mais de 10 anos e sempre foi muito cuidadoso e prudente. Ele sempre usa os equipamentos de segurança, procura andar na faixa correta e respeita as regras de trânsito. Infelizmente, não depende só dele, mas dos condutores também. O que deixou a gente mais chateado é que esse tipo de acidente está acontecendo cada vez com mais frequência", disse.
Valdinei também é um ciclista ativo e com muita experiência, segundo Scarlatt. Além disso, ele costuma participar de movimentos de conscientização sobre o trânsito com outros ciclistas. Morador de Águas Claras, ele costuma ir de metrô até a Rodoviária do Plano Piloto e, depois, seguir de bicicleta para a Câmara dos Deputados, onde trabalha como vigilante. "Ele faz esse trajeto todos os dias, mas o motorista ainda tentou culpá-lo pelo acidente. Não é fácil escutar uma coisa dessa de uma pessoa que você conhece", desabafou a sobrinha de Valdinei.
O estado de saúde de Valdinei é estável, apesar das escoriações que sofreu e de momentos de desorientação. Ele está sendo submetido a exames complementares e um médico da Câmara dos Deputados acompanha o ciclista. Valdinei é casado e pai de duas filhas, de 8 e 12 anos.

Acidente com ciclistas

Neste ano, 15 ciclistas morreram no Distrito Federal. Ontem, o tenente-coronel das Forças Armadas Maurício da Cruz Carneiro de Almeida, 43 anos, morreu atropelado enquanto pedalava na ciclofaixa do Lago Sul. Segundo testemunhas, um ônibus da Urbi invadiu o espaço exclusivo e atingiu o militar.

O velório do tenente-coronel está marcado para hoje, a partir das 15h30, no Cemitério Campo da Esperança. O enterro está programado para as 16h, a pedido da família, que não quis uma celebração longa. Maurício deixou a mulher e três filhos, um menino de 8 anos, uma adolescente de 13 e uma jovem de 21. Ele era morador do Lago Sul e trabalhava no Colégio Militar de Brasília.

Atenção à sinalização

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O gerente de ações educativas do Departamento de Trânsito do Distrito Federal, Thiago Moreira, destaca que ambos, motorista e ciclista, devem ficar atentos. ;Quando a placa de ;Pare; está voltada para o ciclista, é quem pedala que deve parar. Se estiver voltada para o motorista, é o carro que dá passagem;, alerta. Porém, ele lembra, o veículo menor tem prioridade sobre o maior. ;Quem dirige tem que ter a atenção redobrada. Se o ciclista comete um erro e avança, o veículo maior tem que parar;, alerta. ;Os seres humanos falham, mas ciclista é prioridade;, completa.

Thiago ressalta, ainda, a importância da placa ;Pare;. ;Ela tem que ser cumprida. Falta, na nossa cultura, dar o peso que essa sinalização tem. Os motoristas, muitas vezes, não param porque não veem ninguém. Mas é preciso parar mesmo assim. A placa de ;Pare; deve ter força paralisante. Sempre. É uma sinalização muito importante, regulamentadora, e o ciclista também está em um veículo. Então, também deve ficar atento. Lembrando que o maior protege o menor no trânsito. Isso também tem que estar claro.;
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer