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Corrida ao Buriti é uma eleição 'kinder ovo', de tão imprevisível que está

Em vez de uma campanha polarizada, há uma campanha pulverizada. Empate técnico entre quatro candidatos que concorrem ao Buriti deixa tudo mais emocionante

Brasília corre o risco de inovar na corrida eleitoral. A novidade não está necessariamente nos candidatos, apesar de alguns nomes novos que apareceram na disputa. O que nos parece inédito é que, em vez de uma campanha polarizada, temos uma campanha pulverizada. Nós nos acostumamos a ver, na largada, o favoritismo de um ou outro. Por muito tempo, o clássico ;direita x esquerda; ; no caso, ;azul x vermelho;, quem não se lembra? Bom lembrar também que eleição, por aqui, deu zebra. O brasiliense já quebrou mesa de apostas, dando vitória à terceira via ou virando placar na prorrogação.

O fato é que, desta vez, temos empate técnico entre quatro candidatos que concorrem ao Buriti, o que deixa tudo ainda mais emocionante. Como publicamos ao longo da última semana, pesquisa encomendada pelo Correio Braziliense e realizada pelo Instituto Opinião Política mostrou que, se a eleição fosse hoje, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato à reeleição, com 12,3% das intenções de voto, teria em seu encalço a ex-distrital Eliana Pedrosa (12,1%) e, com leve desvantagem em relação aos dois, Rogério Rosso (8,5%) e Alberto Fraga (8,4%). Como a margem de erro fica em torno de 3%, pode-se dizer que está tudo embolado no começo do jogo.

Precisamos lembrar, ainda, que há um punhado de outros candidatos que vão se esforçar ao máximo para crescer ou, ao menos, influenciar na disputa, visando acordos no segundo turno e alguma participação no futuro governo. Ou seja, prepare-se para uma campanha surpresinha. Façam suas apostas, prezados. Porque, nesta curta e intensa campanha eleitoral, tudo pode acontecer.

De certeza mesmo, temos apenas uma. Ganhará quem conseguir reverter uma condição de rejeição, impopularidade e desalento do eleitor com a política. Não espere do eleitor uma militância aguerrida, uma certeza inabalável, uma confiança cega ; pelo menos em relação às eleições locais.

Os placares de eleições passadas já demonstraram que o brasiliense é capaz de pular de uma a outra corrente ideológica, de perdoar mentiras, de apostar em desconhecidos, de voltar ao passado ; tudo isso desde que o candidato aponte algum caminho que lhe pareça mais seguro, nem que seja apenas para ele e a família dele.

Mais de 30% declararam que vão votar em branco ou nulo. Percentual de indecisos em relação ao governo bate com o dos candidatos favoritos na largada, cerca de 12%. Esse eleitor carece de cortejo. Quem conseguir conquistar votos entre os indecisos ou desinteressados estará provavelmente no segundo turno. Acredito que essa parcela da população anseia por informação de qualidade para nortear suas decisões.

Por isso, programamos dois debates: um com os candidatos ao governo do DF, no dia 28 de agosto, ambos ao vivo, transmitido pela TV Brasília, canais do Correio nas redes sociais, como YouTube, Facebook e Twitter, e com ampla cobertura na edição impressa. O debate com os presidenciáveis será 14 de setembro. Duas chances para olhar os candidatos cara a cara. Debates e pesquisas sérias podem ajudar o eleitor no processo decisório e evitar que ele seja destituído da verdade dos fatos e fique à mercê das fake news.