Há quatro décadas, voluntários do Rema se reúnem para ajudar o próximo

Voluntários da casa espírita Recanto de Maria (Rema) aprendem a confeccionar artesanatos, que são vendidos em bazares beneficentes

Na área externa de um prédio circular na ponta da QI 15 do Lago Sul, um enorme e bem cuidado jardim enfeita o espaço. No interior da estrutura de concreto, cerca de 80 pessoas se reúnem, de domingo a quarta-feira, para aprender atividades como marcenaria, pintura e costura. O interior do edifício de dois andares é amplo, silencioso e bem decorado. O grupo de participantes que lá se encontra faz parte da casa espírita Recanto de Maria (Rema), uma entidade sem fins lucrativos com foco na promoção de ações para ajudar famílias de baixa renda, estudantes carentes e pessoas em situação de rua.

Cada um dos participantes é voluntário em oficinas. Eles vão aos encontros para produzir os objetos que serão vendidos durante o bazar anual do Rema. São 10 caminhões de mudança com os itens que serão comercializados. A partir deste ano, e diferentemente das 41 edições anteriores, o evento será no Mané Garrincha, ao invés do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

O dinheiro arrecadado com o evento é usado na compra dos materiais necessários para a confecção de kits de doação ; como agasalhos, bolsas de enxovais para mães e bebês e mochilas com materiais escolares para crianças e adolescentes. Os produtos são entregues em campanhas realizadas ao longo do ano. Fora isso, o dinheiro das vendas também garante a manutenção da entidade.

Não apenas quem recebe as doações se beneficia do projeto desenvolvido no Rema. Idosos e aposentados aproveitam o tempo livre para se dedicar ao aprendizado com as atividades oferecidas no local. Os interessados em ingressar nas oficinas também precisam participar das palestras públicas e dos grupos de estudos sobre a doutrina espírita que ocorrem na sede da entidade. O delegado federal aposentado Gilson José Campos, 65 anos, é um dos voluntários. Ele participa da oficina de pintura desde 1986, quando deixou Salvador, onde nasceu, e se mudou para Brasília, após passar em um concurso público.

Morador da Asa Sul, Gilson José conta que permanece no grupo até hoje por três motivos: ;É uma escola onde buscamos aprimoramento espiritual; uma oficina onde não aprendemos apenas trabalhos manuais, mas também lapidamos a nós mesmos; e é um santuário, uma casa de oração. Lá é como um laboratório;. O baiano acrescenta que, a cada nova tarefa solicitada, tende a se dedicar ainda mais às atividades. ;É um trabalho edificante, porque não só nos aprimora, mas faz com que desenvolvamos nossos talentos e nos permite ter um convívio fraterno. Sempre há algo de novo além do projeto social em si;, comenta.

Fraternidade

A fundação da casa ocorreu em 10 de novembro de 1976. Após um mês, em 12 de dezembro, a instituição promoveu a primeira edição do Bazar Rayto de Sol, hoje conhecido como Bazar do Rema. Em 1980, a sede foi realocada para a QI 23, no Lago Sul. Vinte anos após a criação, a entidade foi transferida para o prédio onde se encontra hoje. As famílias e entidades atendidas pelo Rema se encontram principalmente na região do Paranoá, em locais próximos à sede.

Para a frequentadora do Rema e moradora do Lago Sul Jandira Gouveia, 72, o reduto faz parte da história de vida dela. ;Frequento os encontros há 20 anos. A sede fica perto da minha casa e, lá, descobri um espaço e pessoas muito especiais. A coisa mais fantástica é que, no Rema, você não paga nada. O bazar é a grande renda que a entidade tem. Quem quer participar e ajudar precisa trabalhar e estudar;, afirma a jornalista.

Jandira relata que se mantém na entidade pelo sentimento de fraternidade compartilhado entre os participantes. ;Somos uma grande família. Não ficamos preocupados se quem está do nosso lado é bom ou não. Lá, nos esforçamos e melhoramos a cada dia e fazemos caridade da melhor maneira possível, trabalhando. Nunca saberemos o suficiente, porque o conhecimento é amplo, mas vamos lá para melhorar;, ressalta.

Confira as atividades oferecidas na sede da casa espírita Recanto de Maria:

Oficinas
De julho a dezembro,
os encontros são em ritmo de plantão. As oficinas ocorrem de segunda a quarta-feira e nos sábados, das 20h às 22h30. Nos domingos, os encontros são das 14h30 às 18h.

Palestras
Às quintas-feiras, das 20h às 20h50 e domingos, das 11h30 às 12h30.

Cursos
Aos sábados, das 16h às 17h. Informações: 3248-7245


PARA SABER MAIS

Bazar beneficente

Antes chamado de Bazar Rayto de Sol, o Bazar de Natal do Rema é considerado um dos maiores e mais populares eventos desse tipo no Distrito Federal. Os produtos são divididos entre 13 seções e ficam à venda durante quatro dias, no primeiro fim de semana de dezembro. Fora o que é comercializado na feira, os voluntários também produzem enxovais e roupas para mães e bebês. Os kits são doados a famílias instaladas em abrigos do DF e contam com itens como lençóis, toalhas e latas de leite em pó.


PROGRAME-SE

Bazar do Rema

O Bazar do Rema está previsto para ocorrer de 6 a 9 de dezembro, no Estádio Nacional Mané Garrincha.