Alan Rios, Marlene Gomes - Especial para o Correio
postado em 10/08/2018 14:18
Um homem de 50 anos foi preso na manhã desta sexta-feira (10/8) acusado de pedofilia. Ele é servidor efetivo da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) e mora em Ceilândia, em frente a uma escola de ensino infantil e a um parquinho. De acordo com a Polícia Civil, as investigações apontaram o abuso de pelo menos sete crianças, sendo que três eram parentes dele. E mais: a mãe de duas delas teria recebido "pensões" de R$ 600 mensais para não denunciar o homem.
A prisão ocorreu às 7h20 de hoje, antes de o acusado sair para o trabalho. Ao ser abordado pelos policiais, o homem disse saber o motivo pelo qual estava sendo detido. Na casa dele, foram apreendidos computadores com filmagens dos abusos. Apesar de, somente ele e a mãe residirem no local, um sobrado de dois andares, a polícia encontrou vários brinquedos, como carrinhos, bonecas, ursinhos, doces, chocolates e balas; jogos para crianças, cama elástica e até piscinas infantis de plástico. Ao ser levado para a delegacia, o homem disse que estava procurando tratamento.
As investigações começaram em 23 de julho, quando uma das meninas violentadas denunciou o crime. Segundo a delegada, Adriana Dolis, da 19; Delegacia de Polícia (Ceilândia), a jovem, que hoje tem 18 anos, foi abusada dos nove aos 16. Ela é sobrinha dele. A moça relatou que a irmã, hoje com 13 anos, também foi abusada quando tinha 10 anos, e que ela desconfiava de que a enteada de outro tio, de nove, também estava sofrendo a violência.
O caso foi descoberto, primeiro, pela própria mãe da vítima de 18 anos. Ela soube dos abusos em 2016, quando a filha mais velha falou sobre os abusos. A mãe, no entanto, não denunciou o irmão por medo do que poderia acontecer com ele, receio da reação da matriarca da família e, também, por não saber os detalhes dos fatos, segundo ela. A delegada Adriana Dolis disse ainda que os dois irmãos chegaram a um acordo.
"Quando ela soube dos abusos, conversou com o irmão para entrarem em um acordo. Ele pagaria uma espécie de pensão mensal para as filhas dela, de R$ 500 para a mais velha e R$ 100 para a mais nova. Como ele aceitou, a mulher jurou manter segredo até a morte da mãe dos dois, que tinha muitos problemas de saúde. Foi um daqueles casos que a família se defende para que ninguém sofra nada, mas nós estamos investigando também essa conduta dela", explicou a delegada.
Investigações continuam
A operação deflagrada nesta manhã foi batizada "Infância não tem preço", em alusão ao pagamento pelo silêncio da mãe da primeira vítima. Nela, foram apreendidos computadores, nove aparelhos celulares que o homem usava para abrir perfis falsos nas redes sociais, vídeos de abusos e câmeras de filmagem, além de todos os objetos que ele usava para seduzir os menores, como os brinquedos e doces.
Agora, os investigadores vão apurar as responsabilidades e tentar descobrir se outros familiares estão envolvidos. O acusado e as vítimas ainda serão interrogados, e ele pode responder por estupro de vulnerável e por manter imagens dos abusos. A Lei Maria da Penha também será usada no julgamento, já que houve violência doméstica com as primeiras crianças abusadas. Ainda não é possível prever o tempo de prisão do homem, já que existe uma pena de 8 a 15 anos para cada vítima, e é necessário ainda precisar quantos menores foram abusados.
Posicionamento Novacap
Na tarde desta sexta-feira (10/8), a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil, onde o acusado trabalhava como auxiliar técnico, emitiu nota sobre a prisão:
"A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) informa que ainda não foi comunicada oficialmente da prisão de seu servidor durante a operação intitulada ;Infância não tem preço;. A Companhia lamenta o fato e esclarece que repudia todo tipo de violência. A Novacap irá colaborar com as investigações, caso seja demandada. A Novacap esclarece ainda que, de acordo com o código de ética da Companhia, irá acionar a autoridade judicial para o fornecimento de informações das investigações para que a Companhia possa abrir, se for o caso, um processo disciplinar interno."