Jornal Correio Braziliense

Cidades

Grupo Mulheres do Brasil comemora um ano de funcionamento em Brasília

Objetivo do grupo é transformar a vida de pessoas que buscam seu espaço na sociedade

Dos cerca de 209 milhões de brasileiros, as mulheres correspondem a 51% da população nacional. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elas já são quase 107 milhões. No entanto, ainda precisam enfrentar uma série de obstáculos. Muitos deles relacionados às mesmas causas: romper paradigmas e buscar protagonismo na sociedade.

Pensando em uma forma de ajudar parte desse universo, que muitas vezes não tem à disposição as ferramentas necessárias para derrubar as barreiras do preconceito ou superar algum tipo de vulnerabilidade, uma equipe de 40 mulheres decidiu criar, em 2013, um grupo em que todo o público feminino tivesse espaço para expressar os seus receios e pudesse encontrar incentivo para correr atrás dos seus sonhos.

Hoje, cerca de 16 mil mulheres participam das reuniões do grupo Mulheres do Brasil, que tem núcleos espalhados em várias unidades da federação. O do Distrito Federal surgiu em 14 de agosto de 2017. Em um ano de existência, as atividades atingiram quase 8 mil pessoas das diferentes localidades do DF. De forma voluntária, empresárias, diretoras de empresas multinacionais e funcionárias públicas reservam um tempo das suas atividades profissionais para transformar a vida de outras mulheres.


;Criamos o palco para que essas mulheres possam subir e virar estrelas. Queremos trazer elementos que contribuam para a sua realização pessoal e profissional, e encorajá-las a serem as personagens principais das suas vidas. É uma responsabilidade nossa, enquanto mulheres inspiradoras, de fazer com que todas elas conheçam o seu potencial e gerem ações para mudar o Brasil;, disse a cofundadora do Laboratório Sabin e líder do núcleo do Mulheres do Brasil no DF, Janete Vaz, 63 anos.

O grupo promove encontros com temas como combate à violência contra a mulher, comunicação, cultura, educação, empreendedorismo, igualdade racial, inserção de refugiados e imigrantes, políticas públicas, saúde e sociedade. Cada ;causa; tem pelo menos uma coordenadora. ;Se nós temos tanto conhecimento, por que não tentar fazer com que mais mulheres sejam assim? Despertar em cada uma a capacidade de ela se enxergar como a pessoa qualificada para mudar a sua história;, ressaltou a diretora executiva da Hexa Brasil e coordenadora do comitê de empreendedorismo, Rosilda Prates, 51.

Desafios

Recobrar a autoestima das mulheres é o aspecto mais desafiador para as líderes do grupo, em especial daquelas que procuram um refúgio após serem vítimas de agressão ou discriminação. ;Enfrentar a violência não é uma coisa individual. A transformação não parte da pessoa com ela mesma. Ninguém consegue ser feliz sozinho. Você precisa de um aporte, para além de superar as más experiências, buscar mudar a nossa sociedade, que está doente;, explicou a coordenadora da Procuradoria da Mulher no Senado Federal e coordenadora do comitê de combate à violência contra a mulher, Rita Polli, 54.


;Cada mulher tem um potencial. Ela pode não conhecer, mas cada comitê vai trabalhar para que essa pessoa seja plena naquilo que ela faz de melhor. Fico feliz em ser uma porta-voz para essa sociedade e estimular em cada mulher a coragem de buscar mudança. Sinto-me forte quando vejo alguém que já passou por algo horrível mas que não vai permitir que isso aconteça de novo. Isso me motiva bastante a continuar o trabalho;, acrescentou Rita.

Homens

Apesar de ser um grupo com iniciativas voltadas para a transformação do público feminino, os homens não são excluídos das atividades propostas pelas Mulheres do Brasil. ;Nós promovemos palestras em canteiros de obras e tentamos fazer com que os homens passem a ver as suas mulheres não apenas como companheiras. A ideia é que eles a encorajem as a trabalhar fora de casa e gerar renda para a família. Ou, então, que eles sejam maridos mais carinhosos, e contribuam para um ambiente de mais harmonia nas suas residências;, afirmou a presidente do Grupo LMO/Mc Donald;s e coordenadora do comitê social, Laura Oliveira, 45.

;Um dos depoimentos mais marcantes para mim foi o de um homem que era servente de pedreiro. Ele frequentava a igreja todos os domingos, mas disse que só depois da nossa palestra conseguiu se conscientizar sobre o quanto poderia ser melhor com a esposa e os filhos. Quando chegasse à casa, ele abraçaria todos, e diria à família que eles eram a paixão da vida dele. Todo mundo quer ver uma pessoa feliz. De uma forma simples, mas com muita força, estamos fazendo pequenas diferenças na vida das pessoas. Eu preciso trazer esperança para esse público. Se eles conseguirem superar as dificuldades, acredito que estaremos em um mundo melhor;, acrescentou.

Dignidade

As reuniões do grupo ocorrem em diversas localidades do DF. Nesta semana, o comitê social promoveu uma oficina de fabricação de pastel de forno no Paranoá. Cerca de 60 pessoas participaram, entre elas a dona de casa Maria Aparecida de Souza, 50. ;Receber esse tipo de atividade é muito bom. Muitas mulheres aqui do Paranoá não têm oportunidade de fazer nada, e saber que existem pessoas que pensam em nós me deixa alegre. Depois de algum tempo, voltei a me sentir importante;, destacou.

Maria Aparecida trabalhou como cozinheira por 25 anos, mas há seis está desempregada. Graças à oficina, ela já pensa em voltar a praticar suas habilidades culinárias. ;Eu quero ajudar com a renda da minha família. Para algumas pessoas, esse tipo de atividade pode não ser nada, mas, para mim, significa muito. Mostrou-me um caminho de esperança;, concluiu.

Grupo Mulheres do Brasil

Oferece atividades de combate à violência contra a mulher, comunicação, cultura, educação, empreendedorismo, igualdade racial, inserção de refugiados e imigrantes, políticas públicas, saúde e sociedade

Inscrições: www.grupomulheresdobrasil.com.br

Informações: 99279-3477 (Daniella Holanda)