Iniciadas em setembro de 2015, as obras de captação de água pluvial em Vicente Pires devem ficar prontas em dezembro, com um ano de atraso. Ao custo de R$ 463 milhões, elas fazem parte do processo de regularização da cidade de 75 mil habitantes, criada para ser um núcleo rural e que, ao longo dos anos, foi ocupada de forma irregular por condomínios habitacionais. A falta de um sistema de escoamento de águas é apontado como uma das principais razões para o surgimento de buracos em todas as ruas da região.
De 50% e 55% das obras de infraestrutura de Vicente Pires, que incluem a captação, estão concluídas, segundo o administrador regional, Charles Guerreiro. ;Muito será avançado este ano e uma menor parte ficará para o ano que vem. A pavimentação de toda Vicente de Pires será finalizada em 2019;, garante. Os recursos para a execução do projeto da rede de captação e de um novo asfaltamento, entre outros itens de infraestrutura previstos para a região, foram liberados pelo governo federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Enquanto não terminam, as obras causam transtornos. Pré-moldados de concreto ocupam a frente dos comércios, a poeira prejudica a saúde dos moradores e o trânsito sofre modificações diariamente. Agora, os moradores temem que o recapeamento do asfalto não fique pronto antes do período chuvoso, época de alagamento das vias.
Donas do salão de beleza Belíssima Hair, na Rua 10, Célia Gomes de Sousa, 40 anos, e Kênia Aparecida Gomes, 41, dizem que as obras causaram uma queda de 40% na clientela. ;Eles não avisaram que começariam as obras, colocaram esses objetos aqui na frente (do salão), e pronto. Tudo fica sujo;, comentou Célia. Frequentadora do estabelecimento, a professora Noemi Vasconcellos, 48, também reclama. ;Com as obras, tenho que estacionar muito longe;, diz.
Durante as chuvas, a enxurrada escorre pela rua 12 e deságua na rua 10-B, que é transversal. Moradora da rua, a professora aposentada Aurelice Bezerra Aragão, 77 anos, diz que se arrepende de ter mudado do Guará 1 para Vicente Pires. ;Quando chove a gente fica completamente ilhada,; relata a aposentada, que perdeu o velório de um amigo por não ter conseguido sair de casa.
Também morador da rua 10-B, o servidor público Antônio Carlos de Sousa Costa, 55 anos, teve a casa alagada pela chuva em abril de 2015. ;A gente perdeu geladeira, rack, guarda-roupas, sofá e cama. Foi um prejuízo de R$ 15 mil só em móveis;, lembra.
Paciência
Por outro lado, o comerciante Paulo Roberto de Lima Ribeiro, 53 anos, diz ser preciso ter paciência, pois as obras são necessárias. ;A poeira e as pedras aqui na porta atrapalham o comércio, mas a gente releva, tendo em vista do benefício futuro.;O presidente da Associação Comunitária do Setor Habitacional Vicente Pires, Dirsomar Chaves, lembra que o processo de regularização é demorado. O que o preocupa é o período chuvoso, que deve começar em outubro. ;É melhor sofrer agora, por um breve período, do que a população ser prejudicada nas próximas chuvas. É um conjunto de danos para um benefício extraordinário no futuro,; destaca Dirsomar.
A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) diz serem inevitáveis os transtornos causados por esse tipo de obra. Em nota, a Sinesp garante que ;as empresas contratadas estão à disposição para intervir pontualmente em áreas de maior necessidade com o intuito de garantir a circulação da população e reduzir tais transtornos, assim que acionadas pelos moradores e comerciantes.; A Sinesp alega que ;grande parte do asfalto de Vicente Pires foi colocado pela população;. A pasta reitera que a conclusão da pavimentação das ruas seguirá todas as normas de técnicas padrão e de manuais de execução e que estão previstas para terminar até o fim de 2018.
*Estagiária sob supervisão de Renato Alves