Nascido na Bahia, em 1945, foi criado no Rio de Janeiro e veio para Brasília na década de 1960. Zé se formou em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e trabalhou em escolas como Notre Dame, Visão e diversos cursos pré-vestibulares. Ele deixa um casal de filhos, uma neta, amigos e incontáveis alunos. José Roberto militava pela valorização da cultura afro-brasileira e era apaixonado pelo escritor Guimarães Rosa.
O amigo de longa data, professor de história Erik Surjan, 37 anos, trabalhou com Zé em colégios e pré-vestibulares de Brasília. Desde 2009, os dois dividiam as salas de aula, mas foi em 2000 que Erik teve o primeiro contato com Zé. ;Ele me deu aula. A literatura era o seu forte e as aulas que ele ministrava eram as mais fantásticas que existiam;, destaca.
O professor de educação física Charles Soares Pereira, 41, também trabalhou com Zé. Eles realizavam eventos multidisciplinares. ;Eu era professor de capoeira, então a gente fazia batizados de dentro dos eventos relacionados à consciência negra;, lembra.
A amizade dos dois também saiu do espaço de trabalho e ganhou a vida íntima. "Ele frequentava a minha casa, a gente fazia churrasco e conversávamos muito. Vou sempre me lembrar dele como uma pessoa de muita sabedoria. Ele era único."
Valorização do aluno
A estudante Marjorie Beatriz Alves de Sousa Melo, 19, teve aula com Zé Roberto de 2014 a 2015, no Sigma. Ela lembra com carinho dos projetos que o professor realizava. ;Ele queria sempre que os alunos dessem o melhor de si como seres humanos. Ele prezava pelo amor e a valorização da cultura negra;, recorda. Marjorie destaca ainda características marcantes de Zé. ;Na verdade, ele não foi só um professor, ele enxergava além e valorizava o aluno;, relata.
O estudante de medicina Jônatas Ferreira de Barros, 19, estudou com o professor em 2014, quando cursava o 2; ano do ensino médio. ;Ele era uma pessoa além do tempo dele;, destaca.
Jônatas lembra que Zé foi um dos únicos professores negros que ele teve. ;Sempre me incentiva e se empenhava em saber como estava o aluno. Ele é um personagem que vai ficar em história;, relata.
A última escola onde o docente trabalhou foi o Colégio Visão. Ele estava afastado do trabalho em decorrência da saúde fragilizada. Em nota, a instituição diz que ele deixa um legado na educação brasiliense e na literatura. "O colégio se solidariza com os familiares e amigos que hoje sentem esta tão grande perda", diz a nota.
O velório do professor será no sábado (28/7), às 14h30, e o sepultamento, às 15h30, no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul), Capela 3.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer