Jornal Correio Braziliense

Cidades

Após quase um mês, família enterra corpo de bebê trocado em hospital

O sepultamento de Davi Lucas aconteceu na manhã desta terça-feira (27/7), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Cerca de 20 pessoas compareceram à cerimônia fúnebre.

Após 27 dias de espera, a família do do natimorto Davi Lucas conseguiu enterrar o corpo da criança. O sepultamento aconteceu na manhã desta terça-feira (27/7), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Cerca de 20 pessoas compareceram à cerimônia fúnebre. A cerimônia começou por volta das 10h e durou cerca de 30 minutos. Por conta de o bebê ter ficado 21 dias enterrado antes de ser exumado, em 19 de julho, a família teve se despedir da criança com um caixão fechado, sem a possibilidade de velá-lo. O momento foi de dor e também de indignação, especialmente por parte da mãe, a corretora Fabricia da Silva, 29 anos, e o pai, garçom Francisco Faustino, 39.

Antes de Davi Lucas ser enterrado, os familiares deram as mãos e rezaram o Pai Nosso e a Ave Maria. A avó paterna, a aposentada Maria Osanira, jogou pétalas de flores em cima do caixão branco, onde estava o corpo do bebê. O enterro ocorreu com apoio financeiro do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Mas daqui cerca de três anos os pais pretendem retirar a criança do local para ser levada um terreno próprio dos familiares ; onde pretendem que todos sejam enterrados juntos.

[VIDEO1]

Muito emocionada, a mãe, Fabrícia, lamentou a dor da perda do filho e da troca do corpo da criança. "É uma dor que só vai amenizar com o tempo. E eu espero que fique de lição para todas as pessoas que forem fazer reconhecimento do corpo dos seus parentes, que faça de maneira consciente e responsável, para não acontecer o que aconteceu com a minha família. Espero que seja feita Justiça, principalmente depois que o GDF assumiu o erro dele", destacou.

Mesmo consternada, a avó paterna da criança Maria Osanira sentiu alívio por poder enterrar o neto. "Demorou, mas, pelo menos, conseguimos. Agora só resta a saudade. Meu filho esperava muito ter o Davi Lucas nos braços, mas Deus tem um plano maior para nossa família", ressaltou. Os pais da criança não velaram o corpo, em razão do estado de decomposição.

Entenda o caso

A Secretaria de Saúde admitiu que houve troca dos corpos de dois bebês nascidos mortos no Hospital Regional do Paranoá. O corpo de Davi Lucas foi entregue a outra família e enterrada em 27 de junho, por isso houve a necessidade de exumação do corpo. O hospital justificou que as mães das duas crianças têm o nome muito parecido, o que pode ter levado ao erro, uma vez que todos os natimortos são identificados dessa maneira.

O outro bebê era filho de uma mulher que não sabia que estava grávida e deu entrada no hospital já em trabalho de parto. O bebê morreu momentos depois do nascimento.