No momento do salto, Giovanni estava acompanhado de um rapaz e de uma garota, ambos de 23 anos, que teria conhecido em um grupo do Facebook. Depois de pularem, os dois colegas voltaram para a superfície. A vítima, no entanto, teria desmaiado, e os amigos não conseguiram puxá-lo de volta. Eles pediram ajuda a um grupo que estava à margem do lago. As testemunhas acionaram uma equipe do Corpo de Bombeiros que estava nas proximidades. Os militares retiraram o estudante da água em menos de dois minutos e tentaram reanimá-lo por quase uma hora, mas ele não resistiu.
O estudante gaúcho era adepto de atividades radicais. Nos perfis da internet, há fotos de Giovanni pilotando um quadriciclo e saltando de tirolesa, bungee jumping e paraquedas. Ele morava com a mulher, Regina Souza, 22, em Pelotas, e estava de férias em Brasília para visitar uma amiga. O jovem trabalhou três anos em uma empresa de produção de áudios e vídeos publicitários do município gaúcho e deixou o emprego havia 11 dias, após receber uma proposta de emprego no Canadá. De Brasília, o jovem encontraria a companheira no Recife, onde ela estava com a família.
Os dois começaram a namorar em julho de 2017 e se casaram em dezembro. Ontem, Regina usou o perfil no Facebook para homenagear o marido. ;Meu coração foi embora junto com você ontem (domingo). Tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo que não sei como estou suportando tudo. (...) O único resto de força que tenho é saber que você se foi com a certeza que eu te amava, a certeza de que você era tudo para mim! (...) Você foi a melhor parte de mim e sempre será! Você é a melhor pessoa que qualquer um poderia conhecer!”, publicou.
A mãe do jovem, Marlene Souza, também se manifestou pela rede social. Ela colocou uma imagem com o filho na foto de perfil e publicou um texto lamentando a perda. ;Sei que nada suprirá seu sorriso, sua simpatia, sua gentileza, o respeito aos pais. O que farei agora?; O caso de Giovanni aconteceu um ano após Fábio Alves, 24, morrer afogado ao saltar do mesmo local com um grupo de oito amigos.
Esportes radicais
Mesmo após a morte de duas pessoas da mesma forma no intervalo de um ano, a prática de esportes radicais em áreas públicas e sem proteção continua sem monitoramento no Distrito Federal. Em fevereiro, o Correio denunciou a ação de jovens que pulavam de locais como as pontes JK e Honestino Guimarães e subiam no Estádio Nacional Mané Garrincha sem equipamentos de segurança ou acompanhamento de equipe técnica. À época, a reportagem apurou que as atividades radicais em espaços públicos, além de proibidas, devem ser tratadas como contravenções penais.
Por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social alegou que, como a prática não se trata de um crime, não há monitoramento. O Corpo de Bombeiros admitiu que não faz supervisão ostensiva. ;Se algum bombeiro vir, ele adverte, manda a pessoa descer e não permite que pule. No entanto, se não conseguimos ver na hora, as pessoas saltam. Nós até observamos, mas, diante de um descuido, isso (o salto) pode acontecer;, comentou o porta-voz da corporação, major Gildomar Alves. A Polícia Militar comunicou que não faz fiscalizações específicas nesses locais. ;O que há é o patrulhamento normal e, em caso de suspeita ou acionamento, as equipes fazem a abordagem;, informou a corporação, em nota.