Tomo de empréstimo o hino de Chico Buarque para iniciar nossa conversa deste domingo. Logo, logo saberemos, enfim, o que andam suspirando pelas alcovas e combinando no breu das tocas. Até 15 de agosto, as negociações em torno dos nomes para disputar o Palácio do Buriti e demais candidaturas serão encerradas. Os eleitores terão nas mãos a lista definitiva para começar a mais difícil análise: quem merece o meu, o seu, o nosso voto? Não haverá muito tempo para decidir.
Numa campanha curta como esta, nomes conhecidos levam vantagens. Ao cidadão, resta um esforço sobre-humano para acertar na escolha, mesmo com um exíguo prazo para avaliar programas de governo, ouvir debates e separar o que é verdade, fake news, dissimulação, falsas promessas. Vale rir dos memes, mas eleição é coisa muito séria. Eles podem ferir candidaturas. Na dúvida, não repasse.
Na semana que se inicia, a mais importante definição gira em torno da decisão de Jofran Frejat. Posto como um nome de peso ao Buriti, ele colocou um personagem inusitado na campanha: o diabo. Isso mesmo. Com exclusividade à jornalista Ana Maria Campos no blog CB.Poder, disse que não venderia sua alma ao demo, ameaçou desistir, causou rebuliço nos partidos e coligações. Dará sua resposta definitiva amanhã.
Frejat é um homem sério, não tem fama de corrupto e não deseja se tornar refém do capeta. Quem é o diabo? Ele não disse. Mas sabemos do poder da tal criatura. Mesmo preso na garrafa, sabe-se que consegue manipular intenções, fazer conchavos e costurar acordos para serem pagos depois da vitória. Certo está Frejat, ao deixar claro que não está vulnerável a chantagens. Ele tem um nome a honrar, algo que muitos na história política do Distrito Federal já jogaram na lama faz tempo.
Mas, ao destilar a frase e acenar com a possibilidade de desistência, Frejat dividiu a oposição e fortaleceu a candidatura de Rodrigo Rollemberg à reeleição. Os dois principais nomes ao Buriti não têm histórico de corrupção, um alento para o eleitor. Tinham até mesmo um pacto de fazer uma campanha livre de baixarias.
Com considerável índice de rejeição, assim como quase todos os políticos sentados nas cadeiras de comando, Rollemberg pode agora administrar a vantagem. Caso Frejat desista mesmo da candidatura, deixa seu grupo esfacelado. Se optar por voltar à disputa, o que é bastante provável, terá que nominar o diabo ou, pelo menos, provar que expurgou o cramulhão do seu grupo político. Do contrário, facilitará ainda mais a vida de Rollemberg, que carregará sozinho o intransferível atributo eleitoral de incorruptível. Até os adversários admitem que, além de sortudo, o governador não é ladrão. Nos resta aguardar os acontecimentos. Por enquanto, o que podemos dizer é que vai ser uma corrida de 100 metros rasos, curta e emocionante. Foi dada a largada.