Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mulher dá à luz bebê dentro de ambulância na zona rural do Paranoá

Leidiane Pereira deu à luz o pequeno Isaque dentro do veículo e foi transportada ao hospital de helicóptero

O nascimento do bebê Isaque foi um desafio para a mãe dele, Leidiane Pereira, e para os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O pequeno nasceu dentro da ambulância, devido à dificuldade de acesso à região onde a mãe vive, em Sobradinho dos Melos, zona rural próxima ao Paranoá. O cascalho na via impediu o retorno do carro ao hospital e um helicóptero do Corpo de Bombeiros precisou auxiliar o atendimento.
Quem auxiliou no parto foi o técnico de enfermagem do Samu Flávio Vitorino Martins da Costa. A ambulância em que trabalhava foi acionada para socorrer a gestante às 6h30, apenas 30 minutos antes do horário final do plantão. O atendimento de Leidiane e do bebê, no entanto, durou quase seis horas.
;Estamos preparados para atender a todos os tipos de chamados, mas não temos como controlar o imponderável;, revelou Flávio Vitorino, 54 anos, 26 como servidor da Secretaria de Saúde e uma década trabalhando no Samu. Despois do nascimento, dentro da ambulância, o veículo não conseguiu subir numa parte íngreme da estrada, o que impedia que mãe e filho fossem levados ao hospital.
Quando um aparelho celular finalmente deu sinal, os funcionários do Samu solicitaram o reforço ao Corpo de Bombeiros. Um helicóptero da corporação socorreu a mãe, que apresentava princípio de hemorragia. Já os enfermeiros conseguiram transportar o bebê com uma caminhonete quatro por quatro. Ambos chegaram à unidade de saúde e passam bem.
Pai de três filhos, com idades de 14, 26 e 29 anos, Flávio acredita que estava destinado a fazer o atendimento. Ele integra a equipe do núcleo do Samu do Plano Piloto, mas, na noite do plantão, tinha sido chamado pela chefia para compor a equipe do Paranoá, para uma jornada de trabalho que começava às 13h de segunda-feira (16) e terminava às 7h de quarta-feira (17).
;Nunca poderia imaginar que viveria uma situação tão complicada. Foi difícil desde o início, porque até o GPS mandou a gente para o lugar errado;, contou Flávio. Até o momento do nascimento do bebê Isaque, o plantão de Flávio tinha registrado uma ocorrência difícil. Por volta das 2h, a equipe havia sido chamada para socorrer um homem de 44 anos, no Itapoã, que acabou não resistindo a uma parada cardíaca.
;Fizemos de tudo para salvá-lo, mas não conseguimos reverter a parada cardíaca, ou seja, passei pelos dois extremos nesse plantão, com uma jornada muito emocionante, que foi da morte ao nascimento;, resumiu Flávio.