Cidades

Acusado de matar ex a facadas em frente às filhas confessa crime

Stefanno Jesus Souza Amorim, 21 anos, escreveu uma carta de 10 páginas descrevendo o crime e revelando outros assassinatos que cometeu quando menor

Sarah Peres - Especial para o Correio, Bruna Lima - Especial para o Correio, Isa Stacciarini
postado em 18/07/2018 06:00
Stefanno Jesus Souza Amorim, 21 anos, foi preso na casa de uma irmã, depois de ficar três dias foragido
"Amo e amava muito ela. Só devo por minhas filhas e quero que elas me perdoem um dia", escreveu Stefanno Jesus Souza Amorim, 21 anos, em uma carta entregue à polícia no momento em que foi preso, três dias depois de matar a ex-companheira Janaína Romão Lucio, 30, a facadas, no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria. O acusado do feminicídio estava escondido na casa de uma irmã, na QR 510 do Recanto das Emas. Agentes da 33; Delegacia de Polícia (Santa Maria), responsáveis pela investigação, e da 27; DP (Recanto das Emas) capturaram-no após uma denúncia anônima.

No momento da prisão, ele não reagiu. Entregou-se com a carta de 10 páginas, que será anexada ao inquérito. No texto, Stefanno conta como conheceu a vítima, a duração do relacionamento e que matou a ex-mulher por ciúmes ; eles estavam separados desde o ano passado. "Perguntei porque ela tava (sic) maquiada e bem arrumada, sendo que ela não era disso. Bebendo, toda arrumada, maquiada tá estranha (sic). Bora, Jana, abre o jogo", escreveu ele, em alusão ao que teria acontecido minutos antes de esfaquear Janaína.

Stefanno descreveu, ainda, o início do relacionamento com Janaína ; ele tinha 15 anos. Também assumiu o assassinato de outras três pessoas ; os homicídios foram cometidos na adolescência, como confirmado pela polícia. "Uma das vítimas de Stefanno foi morta na rua da família de Janaína, na quadra 505 de Santa Maria. Por isso, ele não podia visitar a área, diferentemente dela. O problema é que amigas de Janaína eram casadas com homens que queriam matá-lo, por vingança", revelou o delegado adjunto da 33; DP, Alberto Rodrigues, responsável pelo caso. Stefanno alegou no texto que os crimes que cometeu eram usados "como escudo para eu não poder pegar nossas filhas. Isso me deixava muito irritado".
A carta foi entregue à polícia no momento da prisão
Em depoimento, o acusado detalhou que, no dia anterior ao crime, na sexta-feira, a servidora pública foi a uma festa junina do trabalho com as filhas, mas disse que voltaria às 19h30. O homem passou a ligar para a vítima, que não atendeu as ligações. Ela só retornou para a casa dos pais na madrugada ; Stefanno vivia na residência do tio, no Condomínio Porto Rico.

Ao amanhecer, Stefanno convidou a vítima para almoçar com as crianças, mas ela se recusou. Ele, então, buscou as meninas e questionou a mais velha, de 4, sobre onde elas dormiram na noite anterior. "Ele sugeriu o nome do primeiro marido de Janaína para a garota, mas ela falou que guardaria segredo e não disse mais nada ao pai;", explicou Alberto. Quando Janaína chegou à casa do tio de Stefanno, o casal discutiu. Ele atacou Janaína, que gritou por socorro.

O tio conseguiu tirá-lo de cima da vítima e jogou o sobrinho no chão. Em seguida, Stefanno se armou com uma faca. "Ele disse que se viu novamente em cima dela, na cama, gritando: ;Você está me traindo? Com quem? Diz!’", contou o delegado. Janaína não respondeu e recebeu a primeira facada, na altura do coração. No segundo golpe, o tio entrou em luta corporal com Stefanno. Nesse momento, Janaína fugiu. Ele, porém, a alcançou na rua e deu mais três facadas. Ainda segundo Alberto, as filhas do casal se assustaram com a discussão e se esconderam embaixo da cama, com medo do pai. No fim da carta, Stefanno colocou a data que o casal iniciou o relacionamento, 5 de maio de 2012, e o dia do crime, 14 de julho. "Descanse em paz. Te amo e ainda hei de te encontrar", acrescentou.

Stefanno responderá por feminicídio e pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. A polícia vai remeter o inquérito hoje ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

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