Jornal Correio Braziliense

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Bailarino de Brasília passa em pré-seleção da escola de balé Bolshoi

Etapa em Joinville garante vaga ao jovem Wender da Silva, 11 anos


Chegar ao Bolshoi é o objetivo da maioria dos bailarinos, e com Wender da Silva não é diferente. Porém, ele não imaginava que poderia estar tão perto de entrar em uma das escolas de balé mais famosas do mundo. Com 11 anos, o talento do garoto não passou despercebido e encantou os jurados de uma pré-seleção em Brazlândia. Uma conquista que deixou Wender a um passo de conseguir uma vaga na Escola Bolshoi no Brasil.

Quem vê Wender dançando hoje nem imagina que o pequeno começou há menos de um ano no balé. Um talento que se mantinha escondido em pequenas brincadeiras de criança. ;Eu comecei inventando passos em casa;, lembra ele. A mãe, a diarista Francieuda da Silva, 42, não imaginava que as brincadeiras de Wender chegariam tão longe. ;Com dois anos de idade, ele pedia para ligar o som para dançar. Eu notava que ele tinha o corpo mole. Lembro que havia duas camas que ficavam próximas e ele colocava um pé em cada uma e fazia abertura;, relata.

Mas a brincadeira virou coisa séria. Dona Francieuda explica que tudo começou quando uma professora de Wender percebeu a facilidade que o menino tinha para fazer alguns passos. ;Na escola integral, uma professora levou umas músicas para eles dançarem. Então, ela prestou atenção nele e viu como ele dançava bem;,diz. Wender Completa: ;Ela viu que eu conseguia fazer abertura e me mostrou o balé;.

Assim, conhecendo e se apaixonando pela arte da dança, Wender ganhou logo uma bolsa em uma escola de balé em Santa Maria. Segundo a mãe, o menino chegou a ficar com receio e demorou a contar a novidade para ela. ;Acho que ele tinha vergonha ou medo de eu não aceitar, mas não fui contra;, afirma. Wender não tinha mesmo do que sentir vergonha nem motivo para ter medo. Dona Francieuda reconhece as habilidades do filho e não deixa de apoiar a iniciativa do garoto.

No balé, a professora Juliane Ramos conta que Wender chegou meio indisciplinado, mas, se faltava disciplina, sobrava talento. ;Ele sempre pegou os passos com muita facilidade. A gente percebe quando a pessoa nasceu para o balé. Ele tem muita força, medidas ideais e muito alongamento;, enfatiza.

Para a pré-seleção, Juliane conta que intensificou os treinos com o garoto. De acordo com a professora, aproximadamente 190 crianças participaram da competição, mas poucos foram escolhidos. Entre os selecionados, Wender foi o único bailarino do sexo masculino, o que encheu de orgulho os profissionais da escola e, principalmente, a mãe. ;Foi uma surpresa, eu estou muito alegre e orgulhosa dele;, ressalta dona Francieuda.

Para alcançar a tão sonhada vaga, Wender só precisa vencer mais uma etapa, que acontecerá em outubro, na cidade catarinense de Joinville. Para o teste, a professora Juliana afirma que o garoto está tendo uma atenção especial. ;A gente está fazendo aula particular com ele, fazendo um treinamento específico;, destaca.



Wender responde com muita dedicação. Os passos preferidos, ele tem na ponta da língua e do pé. ;Estou treinando muito as técnicas. O que eu mais gosto de dançar é o arabesque, o pirouette e a abertura;, cita.

São duas horas de aulas que mexem não só com os pés, mas com o sonho do menino, que não disfarça a animação e, muito menos, a ansiedade. Faltam cerca de quatro meses para a viagem, o que, para Wender, está demorando uma eternidade. ;Estou muito feliz e muito alegre. Espero que chegue logo;, diz.

São cerca de 1.500km de Brasília a Joinville. Uma distância que não atrapalha os objetivos do pequeno. Segundo Juliana, a atual escola de balé de Wender arcará com todos os custos da viagem. ;O olho dele brilha quando a gente fala do Bolshoi e a gente quer investir nesse sonho dele;, afirma.

Os quilômetros também não impedirão Francieuda de torcer pelo filho. Mesmo a distância, ela garante que o pensamento positivo chegará até ele. ;Eu estou torcendo para que ele passe, infelizmente não vou poder ir assistir, mas vou torcer muito daqui;, destaca.