O estudante da Universidade de Brasília (UnB) Jiwago Henrique de Jesus Miranda, 33 anos, foi assassinado entre as 10h30 e as 13h30 de sábado (23/6). É o que suspeita a Polícia Civil, depois que investigadores da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte) encontraram uma filmagem em que o aluno aparece vivo pelo câmpus, por volta das 10h30. Até a localização desse vídeo, acreditava-se que Jiwago tinha sido morto durante a madrugada. "Caso o horário da câmera não esteja com nenhum delay, ele foi morto próximo do horário em que o corpo foi encontrado", afirmou o delegado Laércio Rosseto, responsável pela apuração do caso.
Agora, policiais tentam obter novas imagens que possam identificar algum suspeito do crime. A hipótese mais forte, até agora, é a de que Jwiago tenha sido assassinado por morador de uma das invasões próximas à Colina, região de apartamentos funcionais onde moram professores e servidores da UnB.
A maior dificuldade dos investigadores é a rotatividade dos integrantes das invasões na L3 Norte. Mas o delegado Rosseto suspeita que Jwiago tenha sido morto por uma pessoa conhecida. "É o mais forte até agora, contudo não descartamos nada. Pode ser que o crime tenha alguma relação com o uso de droga. As investigações estão evoluindo bem", ressaltou.
Jiwago sofreu agressões dois dias antes de ser assassinado, no sábado. Na quinta-feira (21/6), ele apareceu na aula de estética, do Departamento de Filosofia, com um olho roxo. Sem entrar em detalhes da história, ele pediu proteção à amiga e colega Ludmila dos Reis Sales, 20 anos. "Eu fiz um desenho com jenipapo (com tinta, na altura das costelas de Jiwago), uma representação indígena utilizada para batalhas e rituais. A proposta é simbólica para proteção", contou a aluna do 4; semestre de filosofia.
No mesmo dia, a professora Priscila Rufinoni, do Departamento de Filosofia, também notou o olho roxo no rosto do estudante. "Eu perguntei o que tinha acontecido, e ele disse que tinha brigado, mas não entrou em detalhes nem disse com quem. Era visível o que havia ocorrido. Eu liguei para a assistência social da UnB, mas eles já estavam sabendo", contou.
Corpo encontrado na Colina
Jiwago foi encontrado morto em um matagal próximo à Colina. A suspeita é a de que ele tenha sido assassinado a pedradas, devido às marcas encontradas na cabeça. A universidade decretou luto oficial por três dias. Jiwago foi enterrado na tarde de segunda-feira (25/6), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Amigos da vítima, estudantes e professores da UnB se despediram com palavras de reconhecimento a inteligência de Jiwago. Ele era formado em antropologia e estava prestes a concluir o curso de filosofia.