Cidades

Policial militar é acusado de matar cachorro a tiro em Ceilândia

Sargento da PM alega defesa contra ataque do cachorro, mas a dona do animal contesta a versão. O bicho morreu após atendimento veterinário

Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 18/06/2018 14:15

Thor morreu após ser baleado pelo sargento da PM

Um sargento de 41 anos da Polícia Militar atirou contra um cachorro da raça pitbull, chamado Thor, na QNO 5, no Setor O, em Ceilândia. O militar alega que o animal teria atacado o cão dele e, por isso, precisou disparar a arma. A dona de Thor contesta a versão do sargento e diz que o cachorro era manso e não avançou contra o outro animal. A 24; Delegacia de Polícia (Setor O) investiga o caso, que aconteceu na sexta-feira (15/6).

O militar relatou à Polícia Civil que estava chegando em casa do trabalho quando viu o cachorro dele ser atacado por Thor. Ele contou que tentou intervir na suposta briga dos animais, mas que o pitbull também avançou contra ele. Neste momento, o militar sacou a arma de fogo e atirou contra o cachorro, que correu do local. O sargento afirmou ainda que o cão dele também ficou ferido e registrou boletim de ocorrência por omissão de cautela da guarda ou condução de animais.

A dona de Thor, Katiúscia Santos Pereira, 32, moradora da QNO 3, também em Ceilândia, contradiz a versão prestada pelo militar na 24; DP. A massoterapeuta relata que estava trabalhando quando o amigo, José Francisco Camelo da Costa, 20, saiu com o cachorro dela para passear.

O jovem conta que, durante a caminhada, Thor se soltou da guia e correu para a rua, chegando até a QNO 5. "Ele chegou no cachorro e começou a cheirá-lo. Só que o outro cão o estranhou e começou a latir. Eu peguei o Thor, mas, de algum modo, ele conseguiu se soltar de novo. Em todo o momento, o cachorro do militar não parava de latir. Aí, o Thor também começou a latir de volta", relata.

Na versão de José, durante os latidos dos cachorros, o militar teria saído de casa com a arma na mão, apontando para o pit bull. "Eu fiquei em frente ao Thor e, nessa hora, o policial disse que, se eu não saísse, atiraria em mim e no cachorro. Tentei argumentar, dizendo que não tinha necessidade, porque o Thor era manso, mas ele não escutou e disparou", finaliza.

Um amigo de José foi quem contou para Katiúscia sobre o ocorrido. Ao chegar ao local, viu o cão dela escondido, embaixo de um carro. "Ele sangrava muito e tudo o que eu queria era salvá-lo. Ele ficou internado na sexta (15), mas acabou falecendo no sábado (16/6). Aquele policial tirou um pedaço de mim. O que ele fez foi uma covardia sem fim", lamenta.

Ocorrência

Após deixar Thor sob os cuidados do veterinário, Katiúscia foi até a 24; DP para registrar um boletim de ocorrência. Ela afirma que, quando chegou, o policial militar já estava local fazendo o registro. "O agente que me atendeu disse que eu não poderia fazer um boletim de ocorrência, porque eu não era parte do ocorrido. Que, como eu não estava no momento em que o Thor levou o tiro, não tinha como fazer o registro", conta.

A mulher diz que somente José e o amigo, que estavam no momento da confusão, foram escutados durante o registro da ocorrência. "Quando voltei à delegacia para pegar o boletim para abrir um processo da corregedoria da PM, o agente me disse: ;cuidado com o que você vai fazer lá, porque isso pode se voltar contra você;", diz Katiúscia.

O delegado Ricardo Viana, chefe da 24; DP, esclareceu que, como o policial e Katiúscia relatariam um mesmo fato, não teria a necessidade de abrir dois inquéritos apuratórios. "Toda história é investigada dentro de um mesmo registro, esse é o procedimento padrão", salienta. Sobre a conduta do agente, Ricardo disse que não iria se pronunciar. Ele se limitou apenas em esclarecer que Katiúscia poderia "reclamar sobre a conduta do policial pela Corregedoria da Polícia Civil, que é responsável pelo procedimento".

Por meio de nota, o Centro de Comunicação Social da Polícia Militar confirmou a história do policial. "O sargento se viu obrigado a se defender atirando no cão. Infelizmente, o cachorro não usava focinheira e quem tinha por obrigação detê-lo, não o fez e nem estava próximo, chegando ao local após o ocorrido", informou.

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