A paciência do pré-candidato ao Buriti Jofran Frejat (PR) parece estar perto do fim com relação à indefinição do PDT de Joe Valle, presidente da Câmara Legislativa e aspirante ao Senado, com quem vem tendo negociações mornas há meses.
Isso ficou evidente na segunda-feira (12/6), quando Frejat foi entrevistado pelo programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio e a TV Brasília, e cobrou uma posição incisiva do parlamentar e demais pedetistas na corrida eleitoral. ;Eles precisam dizer ;eu quero participar;, ;eu quero entrar;. Porque, se não for assim, não tem como avançar nas conversas;, afirmou.
A cobrança de Frejat é resultado direto da indefinição que vive o PDT, que ainda não decidiu se compõe com o grupo de Frejat ou se faz uma aliança com o PSB de Rollemberg, como já defendeu abertamente o pré-candidato pedetista à Presidência, Ciro Gomes. Sobre isso, disse Frejat, na segunda-feira: ;A expressão de Ciro é de que ;o PSB era a chave para o entendimento da candidatura dele;. Resta saber se cabe na fechadura. Algumas pessoas do PDT já manifestaram interesse em compor conosco;.
[VIDEO1]
Fraga e Paulo Octavio no caminho
Na visão de Frejat, a definição é necessária para negociação de espaço na chapa para Joe, que deseja ser senador. Atualmente, as vagas à disputa ao Senado estão ocupadas pelo deputado federal Alberto Fraga (DEM) e pelo ex-vice-governador Paulo Octávio (PP).
E Paulo Octávio afirmou que não pretende desistir da cadeira, mesmo porque ;a candidatura foi colocada pelo partido;. ;Continuo firme. Entendo que política é conversa e entendimento. Mas esta é uma decisão que vai além de mim. O PP não ficará sem uma posição majoritária;, disse. Nos bastidores, especula-se a desistência do empresário, que concorreria sub judice, pois renunciou ao mandato de governador à época da Caixa de Pandora e, com base na legislação, pode ter o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com o recuo, o PP ficaria com a vaga de vice da chapa, abrindo espaço para Joe Valle.
Outro complicador é que parte dos pedetistas rejeita a aliança, porque, conforme ressaltam, seria difícil explicar ao eleitorado uma dobradinha ao Senado ao lado de Alberto Fraga (DEM), cujo posicionamento ideológico vai na contramão da história do partido.
Prazo pedetista
A decisão sobre o rumo do PDT na corrida eleitoral também deve ser comunicada na sexta-feira, prazo estipulado pelo próprio partido. Ainda assim, o gesto será apenas preliminar, posto que as coalizões são fechadas durante as convenções partidárias, previstas para o período entre 20 de julho e 5 de agosto. Ademais, no fim das contas, as definições nacionais podem respingar nos acordos estaduais, mudando o jogo.
Ao Correio, Joe Valle alegou existir uma tendência em fechar acordo com o grupo de Frejat. Mas destacou não ser impossível uma guinada rumo ao PSB. ;A nossa meta é que haja a construção de uma decisão harmônica de partido, sem nenhuma ruptura. O (presidente do PDT, Carlos) Lupi está coordenando isso e levamos em conta as questões nacionais;, comentou. Sobre uma aliança com o PSB de Rollemberg, disse que ;em política, tudo é possível;. Contudo, para ele, ;a lógica com que tudo foi construído, deixou muito a desejar;. Segundo o distrital, ;é preciso haver um gesto;.
Até então, a aliança com Rollemberg é motivo de resistência entre pedetistas. O partido desembarcou da base aliada ao governador em outubro último e declarou independência. À época, os correligionários alegaram que não se sentiam ;pertencentes e participantes da gestão;. O pré-candidato ao Planalto Ciro Gomes, entretanto, sempre demonstrou manter uma relação amistosa com o chefe do Palácio do Buriti. Em meio aos impasses, há quem defenda, até mesmo, a candidatura avulsa de Joe ao Senado, como pretende fazer o ex-boxeador Popó na Bahia.
Segundo turno
Em entrevista ao CB.Poder, Jofran Frejat criticou a pulverização de candidaturas de direita. Se as eleições fossem hoje, seis nomes concorreriam neste campo: Alexandre Guerra (Novo), Alírio Neto (PTB), Eliana Pedrosa (Pros), Izalci Lucas (PSDB), Paulo Chagas (PRP), e o próprio ex-secretário de Saúde. ;Se começar a dividir e a apresentar vários candidatos, a tendência é haver segundo turno. No segundo turno, fatalmente haverá negociação. Quem tiver a caneta e o poder na mão vai ter uma facilidade muito maior de negociar do que quem estiver fora;, argumentou. Ele garantiu que ainda não desistiu de firmar aliança com alguns destes nomes.
Para o postulante ao Buriti, a composição deveria ser prioridade neste momento, em vez da divisão de cargos.;O objetivo é compor para fazer um governo de coalizão, com todo mundo discutindo e, não, ficar fatiando e negociando. A ideia é termos apoio na Câmara Legislativa, na Câmara Federal e no próprio Senado de gente que esteja compondo porque Brasília não aguenta mais esse tipo de separação;, finalizou.
Os dois caminhos do PDT
Apesar da indefinição do cenário nacional, o PDT classifica como mais prováveis dois caminhos:
; Ao lado de Rodrigo Rollemberg
Caso PDT e PSB fechem aliança a nível nacional, é improvável que a coalizão não se repita no DF. Isso porque, em troca do suporte à campanha do presidenciável pedetista Ciro Gomes, socialistas pedem apoio aos candidatos a governos estaduais, como Rollemberg. Contudo, a possibilidade, dizem integrantes do alto escalão do PDT, faria muitos nomes do partido desistirem de concorrer. Para eles, seria incoerente deixar a base governista e, às vésperas da eleição, restabelecer a parceria entre as siglas.
; Ao lado de Jofran Frejat
Um dos fatores condicionantes para a aliança é a garantia de um palanque eleitoral a Ciro Gomes. Frejat pode garanti-lo aos pedetistas em duas situações: caso o PR libere as Executivas Regionais para os acordos que considerarem benéficos ou a sigla apoie o presidenciável a nível nacional.
Calendário eleitoral
; 7 de abril: Data-limite para a desincompatibilização de cargos e filiação partidária
; 20 de julho a 5 de agosto de 2018: Período em que os partidos estão autorizados a promover convenções para a definição dos candidatos
; 15 de agosto de 2018: Fim do prazo para partidos políticos e coligações registrarem candidaturas
; 16 de agosto de 2018: Início da propaganda eleitoral
; 26 de agosto de 2018: Começa a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão
; 29 de setembro de 2018: Fim da propaganda eleitoral gratuita veiculada no rádio e na televisão
; 30 de setembro de 2018: Termina o período de exibição de propaganda eleitoral paga
; 7 de outubro de 2018: Primeiro turno das eleições