Nos anos 2000, criaturas digitais invadiram as telinhas e encantaram crianças Brasil a fora. Os Digimons, desenhos animados criados no Japão, eram febre entre os pequenos. João Victor Oliveira Perosa, hoje com 25 anos, sonhava em pertencer a esse ;digimundo;. A fascinação pelo anime despertou no pequeno João, na época com 6 anos, o interesse pela ilustração. O menino desenhava as criaturas digitais da série, presenteava amigos e familiares com as artes e chamava a atenção pelos traços precisos e fieis à animação.
A paixão perdurou, mas com técnicas mais desenvolvidas. João passou a desenhar outros personagens e familiares. Na turbulência da adolescência, as ilustrações deixaram de ser um hobby e se tornaram uma forma de expressão. ;Eu comecei a desenhar minha mãe e meus irmãos. Depois, os amigos começaram a me pedir desenhos. Eles diziam: ;Faz eu;. E eu fazia;.
Agora, paixão, hobby e forma de expressão se profissionalizaram. João Victor é inteiramente inserido no mundo artístico. Além de trabalhar com ilustrações, é estudante de artes cênicas, produz e dirige os próprios espetáculos e é sócio da Infinita*, loja colaborativa que vende itens artesanais produzidos em diversos países e no Brasil. Há dois anos, viu que os desenhos podiam se tornar uma renda extra e criou a lojinha virtual Faz Eu, no Instagram.
;Eu comecei a tomar consciência de que o tempo e o dom artístico são únicos e preciosos, de valor imensurável. O artista não pode trabalhar de graça. Então, criei esse projeto;, declara. Na rede social, ele publica, vende e recebe encomendas. João Victor se tornou então o Invictor. Com o codinome, ele assina as obras.
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Explorações de técnicas
Atualmente, Invictor prioriza a técnica da aquarela. ;Eu queria explorar as artes, sair um pouco do lápis, do grafite e do lápis de cor;, explica. Na aquarela, as tintas geralmente são dissolvidas em água, favorecendo a leveza e a pureza nos traços. Para o artista, quando desenha uma pessoa, ele está, na verdade, fazendo um ;carinho em forma de expressão;. Ele acredita que, embora todo profissional precise de dinheiro para viver, a arte vai além: ;É uma forma de acalentar, de fazer as pessoas compreenderem melhor a si, a vida e a união entre a racionalidade e a emoção;.
Apoiado pelo namorado, Alisson Gonçalves, 22 anos, e pela sócia Ana Paula Teixeira, 31, João Victor afirma que quer viver para sempre da arte. ;Eu apoio o Victor porque acho que todo mundo com inclinação para a arte tem que trabalhar com isso, por ser um talento muito especial. E os desenhos dele são incríveis. Eu não entendo de técnica, mas sinto emoção nas obras dele;, garante Ana Paula. Ela afirma ainda que a sociedade só é possível porque ele coloca muita dedicação em tudo que faz.
"Eu comecei a tomar consciência de que o tempo e o dom artístico são únicos e preciosos, de valor imensurável. O artista não pode trabalhar de graça"
João Victor Oliveira Perosa, o artista Invictor
Os elogios do namorado
Alisson Gonçalves, estudante de arquitetura e urbanismo, se derrama em elogios ao namorado. ;Eu sou fascinado por arte e trabalhos feitos à mão. As ilustrações que ele (Invictor) produz são lindas e ricas em detalhes e personalidade. Além de serem ;mega-fofas;!”. O estudante afirma que sempre apoia e incentiva o companheiro. ;Ele é muito talentoso em diversos segmentos artísticos e se dá muito bem com papel, cores e aquarela. É uma combinação perfeita;, declara.
Alisson acabou se tornando uma das inspirações de Invictor. O namorado conta, orgulhoso, que uma das artes virou um quadro para a sala de casa. ;Você se ver num desenho com a riqueza de detalhes, como roupas ou acessórios que você gosta, é algo incrível. Eu amei e fiquei muito feliz;, confessa.
* Estagiária sob a supervisão de Leonardo Meireles