Cidades

Operação de retirada de painéis publicitários continua na região central

Agefis se pronuncia sobre acusação de censura. Conselho e Instituto de Arquitetos manifesta apoio à agência

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/06/2018 20:30
Agefis remove publicidades de grande porte de prédios no centro de Brasília. Estruturas irregulares que são removidas foram instaladas no Setor Comercial Sul e no Setor Bancário Sul
A operação de retirada dos engenhos publicitários na região central de Brasília continuou ao longo da manhã e da tarde deste domingo (3/6). No total seis painéis devem ser apreendidos. Apenas o da empresa de telecomunicações Embratel foi retirado por completo. Os bombeiros ainda trabalham na desinstalação do segundo, pertencente ao site Metrópoles, do empresário e senador cassado Luiz Estêvão. Das 153 peças que forma o painel digital, cerca de 27 foram retiradas. As empresas foram multadas.

[SAIBAMAIS]Os painéis contrariam o Plano Diretor de Publicidade do Plano Piloto. Segundo a lei 3035/2002, nos lotes edificados das entrequadras norte e sul, bem como dos Setores de Administração Federal norte e sul, Administração Municipal, Autarquias Norte e Sul, Bancário norte e sul, Comercial norte e sul, Hoteleiro norte e sul, é admitida apenas a instalação de meios de propaganda para identificação do edifício, dos órgãos, entidades ou de estabelecimentos ali instalados.

Agefis remove publicidades de grande porte de prédios no centro de Brasília. Estruturas irregulares que são removidas foram instaladas no Setor Comercial Sul e no Setor Bancário Sul

Na noite de sábado (2/6), a desembargadora plantonista do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Ana Maria Duarte Amarante, negou a ação liminar impetrada pelo site Metrópoles, de propriedade do senador cassado Luiz Estêvão, que pedia a suspensão da decisão de retirada do painel digital fixado no edifício do Setor Bancário Sul.

Em nota oficial divulgada pela Agefis, a agência afirmou que a juíza negou o pedido e destacou que "cabe ao agravante demonstrar a ilegalidade dos atos da Agefis", já que o site pedia que o material apreendido no sábado fosse devolvido.

A Agefis também se pronunciou sobre as acusações do Metrópoles de censura. "Não cabe nenhum juízo de censura em relação a qualquer meio de comunicação da capital federal, apenas cabe aos seus auditores fiscalizar e autuar quando irregularidades ferem a ordem urbanística", afirmou em nota.

Integridade urbanística


O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF (CAU/DF) e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) se pronunciaram sobre a retirada de publicidade irregular em edifícios na região central do Plano Piloto e manifestaram apoio à Agefis.

"Em Brasília a Lei no. 3.035/2002 do Plano Diretor de Publicidade Lei, regulamentada pelo decreto no. 28.134/2007 explica como a propaganda pode ocorrer. A Agência de Fiscalização do Distrito Federal está desde sábado fazendo cumprir a lei que impede a fixação de propaganda tal qual ocorre no Setor Comercial Sul e Setor Bancário Sul", diz a nota.

As organizações ainda completaram na nota divulgada neste domingo (3/6): "Somos a favor da imprensa livre e da manifestação total e irrestrita de opiniões, mas o direito particular não deve se sobrepor a prerrogativas sociais. A instalação de painéis nas empenas dos edifícios na Asa Sul usurpa tais prerrogativas e deturpa os entendimentos da lei".

Veja a íntegra da nota


;Arquitetura da persuasão;. Assim Robert Venturi explica o início e o crescimento de propagandas em supermercados, lojas até chegar nas ruas da cidade.

A poluição visual de Las Vegas tem conexão com seu desenvolvimento, com sua história e faz sentido dentro da dinâmica da cidade. Wall Street e seus luminosos de alta definição refletem seu poderio econômico e expõem além de propaganda, dados do mercado financeiro. Qual a relação desses luminosos urbanos com Brasília? Quase nenhuma! Quase... Nova Iorque e Las Vegas têm regras claras de proliferação de propaganda em empenas, edifícios e ;outdoors;. Lá, assim como aqui, não é possível colocar propaganda em áreas irregulares.

O Setor de Diversões Norte, conhecido como Conjunto Nacional e o Setor de Diversões Sul, conhecido como CONIC foram espaços criados com esse intuito. Lucio Costa previu a utilização de grandes letreiros luminosos nas fachadas destes edifícios, trazendo um pouco da estética do exagero e do excesso à comportada Brasília. Esse controle tem o intuito simples e objetivo de proteger a sociedade da poluição visual causada pelo excesso de veiculação comercial em áreas urbanas.

Em Brasília a Lei no. 3.035/2002 do Plano Diretor de Publicidade Lei, regulamentada pelo decreto no. 28.134/2007 explica como a propaganda pode ocorrer. A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (AGEFIS) está desde sábado fazendo cumprir a lei que impede a fixação de propaganda tal qual ocorre no Setor Comercial Sul e Setor Bancário Sul. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), o Instituto de Arquitetos do Brasil ; Depto do Distrito Federal (IAB/DF), vêm manifestar apoio à ação fiscalizadora e ordenadora da Agência e corroborar com ações que mantenham a integridade urbanística desta cidade Patrimônio Cultural da Humanidade.

Não somos contra anúncios publicitários, contanto que atendam à legislação existente e que não agridam visualmente ou moralmente a sociedade. O direito de comunicação, de veiculação e de manifestação de opinião deve atender à sociedade, principalmente quando estes ocorrem em espaços públicos. Somos a favor da imprensa livre e da manifestação total e irrestrita de opiniões, mas o direito particular não deve se sobrepor a prerrogativas sociais. A instalação de painéis nas empenas dos edifícios na Asa Sul usurpa tais prerrogativas e deturpa os entendimentos da lei.

O título de Patrimônio Cultural da Humanidade impõe a Brasília um condicionante adicional ao seu planejamento, desenvolvimento e gestão: assegurar a integridade das características que conferem tal distinção. As disputas políticas menores, em especial as que tem por pano de fundo a efemeridades do período eleitoral, devem passar ao largo dos princípios estruturantes que formam na sociedade sua consciência de cidadania, neste caso, sua formação cultural.

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