Após 12 dias de greve dos caminhoneiros, a situação do Distrito Federal tem previsão de se normalizar até segunda-feira. Representantes do governo, de sindicatos e de centrais de abastecimento acreditam que o brasiliense enfrentará cada vez menos dificuldade para abastecer veículos e encontrar gás ; ontem, os valores dos botijões encontrados pelo consumidor se aproximaram de R$ 95, preço cobrado antes da crise. Nos últimos dois dias, donos de revendedoras e gerentes de estabelecimentos comerciais sentiram alívio após a chegada das mercadorias. A Secretaria de Saúde informou que os centros hospitalares do DF receberam reforço nos insumos. Apesar da melhora no cenário, a população segue apreensiva. O GDF ainda não tem estimativa dos impactos econômicos causados pela paralisação.
Em reunião do gabinete de crise do Executivo local, o governador Rodrigo Rollemberg explicou que o desabastecimento de gás de cozinha na capital se prolongou por circunstâncias externas. ;Tivemos um problema, porque abastecedores de todo o Brasil estão indo a Betim (MG) para trazer o gás. A procura lá é muito grande;, disse. ;Até este momento, não há falta de botijões nas escolas e nos hospitais. Se houver qualquer necessidade, atuaremos para atender, preferencialmente, esses setores;, acrescentou.
O secretário de Saúde, Humberto Fonseca, também demonstrou otimismo. Ele afirmou que, a partir da próxima semana, os hospitais voltarão a fazer cirurgias não emergenciais. ;Ontem, por ser ponto facultativo, somente enfermarias e serviços de urgência funcionaram. Acreditamos que o setor voltará à normalidade a partir de segunda-feira. Recebemos 195 mil frascos de soro fisiológico. Cilindros de oxigênio chegaram hoje (sexta-feira) e, ainda, receberemos mais. Estamos abastecidos por três meses;, disse.
Gás e alimentos
Na busca por botijões, o técnico de manutenção de eletrodomésticos Francisco Pereira, 48 anos, percorreu Ceilândia, Guará e Cruzeiro, mas não encontrou nenhum estabelecimento com estoque disponível. ;Moro com a minha esposa e dois filhos, e o gás está acabando. Tenho medo de como vou fazer para alimentar todo mundo. Sinto-me com as mãos atadas;, desabafou.
Até a situação se normalizar, muita gente teme encontrar mercadorias com preço elevado. O desabastecimento atingiu supermercados, e em alguns locais, os preços sofreram reajustes. Para quem fez compras, os últimos dias foram de tormento. ;O quilo da batata, que estava a R$ 3, subiu para R$ 5. Também percebi aumento na cebola e cheguei a encontrar o quilo por R$ 8. Uma garrafa de iogurte, que estava a R$ 5, passou para R$ 10. Apesar desse otimismo de que todos falam, eu não vejo muitas soluções. Estamos sem saída;, reclamou a aposentada Maria de Fátima Vieira, 61.
No comércio, a preocupação se repetiu. Gerente de um bar e restaurante no Cruzeiro Velho, Alex Lélis, 28, ficou quase uma semana sem cerveja no estabelecimento. ;O movimento está péssimo. Teve dias que ninguém apareceu aqui. Fiquei com as portas abertas das 19h à meia-noite, e nada;, queixou-se. ;É complicado. Nós dependemos de vários serviços para manter o bar funcionando. Quando um para, todos os outros são afetados.;
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Rodrigo Freire, até quinta-feira, o setor teve um prejuízo de R$ 80 milhões. Além disso, no ramo hoteleiro, 6 mil reservas foram canceladas. ;O nosso setor sofreu muito prejuízo com a greve. As pessoas passaram a fazer somente o necessário, e o entretenimento ficou em segundo plano. Neste fim de semana, por exemplo, Brasília receberia a Campus Party. Tudo isso impactou negativamente;, lamentou.
Menos ônibus
Ontem, o transporte público do DF funcionou com 60% da frota pela manhã. À tarde, o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) autorizou que as empresas aumentassem 10% do total de veículos. Ao todo, 420 coletivos a mais foram colocados em circulação. Segundo informações do órgão, hoje e amanhã, a taxa seguirá o padrão do fim de semana, com 40% do serviço nas ruas. De acordo com o subsecretário de fiscalização da Secretaria de Mobilidade, Felipe Martins, a redução ;teve como objetivo garantir a reposição total dos níveis de combustível de todas as empresas.;
O pós-greve no DF
; Aeroporto de Brasília
O terminal garante a operação regular. Com a chegada de 29 caminhões de querosene para as aeronaves e nível de combustível de 75%, as medidas de contingenciamento foram suspensas
; Ceasa
A expectativa é de que, na segunda-feira, o estoque de alimentos seja de 90%. Segundo o GDF, o fornecimento deve voltar à totalidade no fim da próxima semana
; Estradas
Desde quarta-feira, as saídas do Distrito Federal estão sem obstruções ou registros de bloqueios por manifestantes. A Polícia Rodoviária Federal informou que todas as rodovias do DF estão com tráfego dentro da normalidade
; Postos de combustível
Até as 19h de ontem, 98 postos de combustível receberam 3,6 milhões de litros de gasolina, 40 mil litros de etanol e 155 mil litros de óleo diesel
; Revendedoras de gás
As distribuidoras receberam ontem mais de 300 toneladas de gás liquefeito de petróleo (GLP). Envasilhadas, elas rendem 23 mil botijões. Além disso, 60 toneladas a granel abasteceram hospitais, clínicas e centros comerciais. Para hoje, há previsão de mais 364 toneladas de GLP chegarem ao DF
; Saúde
Na manhã de ontem, o estoque de soro fisiológico, uma das principais preocupações da Secretaria de Saúde, recebeu mais 195 mil frascos do insumo. Cilindros de oxigênio também chegaram e garantirão o abastecimento de hospitais e postos de saúde por três meses.
; Transporte coletivo
Hoje e amanhã, a frota de ônibus seguirá o padrão do fim de semana, com 40% de coletivos nas ruas. Os horários do metrô permanecem inalterados. Hoje, os trens circulam entre as 6h e as 23h30. Amanhã, das 7h às 19h