São Paulo ; O Distrito Federal teve um projeto selecionado pelo Rumos 2017-2018, programa de fomento à produção artística e cultural brasileira, conforme anunciou o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, nesta segunda-feira (28/05). Elaborada ao longo de 14 anos, a proposta brasiliense reúne dança acrobática, teatro e esculturas artesanais feitas com bambu. Ao todo, foram contempladas 109 proposições das 12.616 inscritas. Entre as iniciativas, será dividido um investimento de R$ 15,5 milhões.
O projeto candango é desenvolvido pela Cia. Nós no Bambu. Nele, o coletivo propõe residência artística com intérpretes do circo e da dança, além de uma mostra ao final dos meses de imersão no repertório acrobático. A proposição saiu vitoriosa entre as 425 idealizadas na capital federal.
Brasília ainda será impactada por duas propostas de outros estados: o espetáculo "E a cor a gente imagina", de Minas Gerais; e a peça ;10 anos levantando poeira;, do Ceará. A primeira conta o dançarino Victor Alves e o ator e dançarino cego Oscar Capucho. Durante a apresentação, serão abordadas as diferenças e relações entre o corpo cego e o que enxerga um mundo predominantemente visual.
Pela primeira vez, todas as unidades federativas do Brasil emplacaram propostas. Há, ainda, proposições selecionadas de outros países, como Argentina, Canadá, França, Moçambique e Venezuela. ;Continuaremos com o Rumos Escuta, projeto em que os gestores percorrem diversos estados para explicar programa. Buscar mais inscritos é a melhor forma de contemplar mais projetos nas regiões;, adiantou Eduardo Saron.
As propostas foram examinadas, na primeira etapa, por 40 avaliadores contratados pelo Instituto, entre diversas áreas de atuação ; audiovisual, cinema, artes visuais, circo, dança e afins. Na segunda fase, os projetos passaram pela análise da Comissão de Seleção multidisciplinar formada por 21 profissionais da cena cultural brasileira, inclusive gestores da própria instituição.
Novas ações
Na 18; edição do Rumos, Nordeste e Norte ampliaram a representatividade entre os projetos inscritos e aprovados, em relação à etapa anterior. Sudeste e Sul mantiveram os melhores índices. O centro-oeste, entretanto, apresentou rendimento inferior. A exemplo, o Distrito Federal, que havia conquistado três proposições em 2015-2016, emplacou apenas uma desta vez.
Para ampliar a representatividade da capital no programa, Saron garantiu que a equipe do Rumos intensificará ;o processo de escuta;. ;Certamente, uma das avaliações que vamos fazer é sobre a presença de pessoas do centro-oeste na comissão. Dessa forma, traremos as ponderações dos estados para o momento do debate e escolha dos projetos vencedores;, apontou.
Ademais, o diretor do Itaú Cultural pontuou que as 40 mil proposições inscritas no programa ao longo das últimas três edições, as quais contaram com novos moldes, serão reavaliadas pelo Observatório de Política Cultural. ;Queremos saber quais os desejos, os anseios e o que impulsiona esses inscritos. Certamente é uma das maiores amostragens da cena cultural brasileira e ela nos dará elementos para as novas ações;, disse.
Inclusão
Para ampliar o alcance do edital, o Itaú Cultural implementou ferramentas de acessibilidade para pessoas com deficiência, como ícones em libras e site compatível. A medida rendeu frutos. Ao todo, 86 inscrições foram realizadas com o uso dos recursos, destacou a gerente de comunicação do Instituto, Aninha de Fátima Sousa. Noutra vertente, mulheres também marcaram presença, com o registro de 56 projetos.
Segundo o Itaú Cultural, houve uma ;crescente inflexão nas temáticas abordadas em consonância com a atualidade, como negritude, LGBTIA%2b, questões indígenas e ligadas a mulher;. ;Muitos dos projetos que lemos trouxeram respostas contundentes com o cenário em que vivemos; outros, perguntas sobre quais serão os novos rumos do país;, destacou a cineasta e integrante da comissão avaliadora Paula Gomes.
Confira os projetos idealizados em Brasília ou que terão impacto sobre a cidade:
Residência Nós no Bambu (Poema Mühlenberg Homem da Costa)
Autoria: Brasília-Distrito Federal
Região impactada: Distrito Federal
Modalidade: Criação de desenvolvimento, pesquisa e desenvolvimento
Tema: Circo
Projeto de compartilhamento e multiplicação da tecnologia cultural contemporânea do grupo Cia. Nós no Bambu. Desenvolvida e burilada ao longo de 14 anos, consiste em um entrelaçando de dança acrobática, teatro e esculturas artesanais de bambu. Por meio de uma residência artística com artistas do circo e da dança em um projeto de pesquisa, trocas e cocriação, companhias e coletivos latino-americanos percorrerão a trajetória da imersão, da construção, da experimentação e do aprendizado de repertório acrobático, encerrando com uma breve mostra.
Circulação do espetáculo "E a cor a gente imagina" (Victor Alves Mariano Ribeiro)
Autoria: Belo Horizonte-Minas Gerais
Região impactada: Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Modalidade: Criação e desenvolvimento
Tema: Dança
Recorte: Acessibilidade/cego
Com Victor Alves, dançarino das Danças Urbanas, e Oscar Capucho, ator e dançarino cego, o espetáculo fala das diferenças e das relações entre o corpo cego e o corpo que enxerga em um mundo predominantemente visual. Lança luz sobre aspectos da memória e da imaginação criativa ; a despeito de uma intensa privação perceptual ;, apoiando-se tanto nas atividades cotidianas quanto nas extraordinárias da pessoa com deficiência visual. O trabalho busca responder as perguntas a que o cego é submetido ; seja por curiosidade, seja por preocupação ; em forma de movimento e crônica poética.
Grupo Ninho de Teatro - 10 Anos levantando POEIRA! (Associação Grupo Ninho de Teatro e Produções Artísticas)
Autoria: Crato-Ceará
Região impactada: Ceará, Distrito Federal, Pará, Rio Grande do Sul e São Paulo
Modalidade: Criação e desenvolvimento
Tema: Teatro
Intercâmbio, imersão e circulação do espetáculo Poeira para celebrar os 10 anos do Grupo Ninho de Teatro. Com mestres e mestras da cultura popular do Cariri e mestres e mestras de São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Belém, os intercâmbios fundamentam a relevância de circular gerando uma rede de encontros e trocas de saberes, ampliando os aspectos e a importância da interculturalidade num país com tanta diversidade como o Brasil.
* A repórter viajou a convite do Itaú Cultural