Nas principais pistas que cortam o Distrito Federal, nesta manhã de sexta-feira (25/5), o clima era quase como o de um sábado, com movimentação de carros bem menor do que em dias comuns. No entanto, a aparente tranquilidade era só o primeiro sinal de que a paralisação dos caminhoneiros continuava afetando a rotina do brasiliense, apesar do acordo anunciado pelo governo federal na noite de quinta-feira (24/5).
Em várias BRs que cortam o DF, o clima também de tensão continuava, com centenas de caminhoneiros, motoboys e outros manifestantes mantendo atos contra os impostos sobre combustíveis. Com isso, a palavra do dia foi escassez e insegurança. Sem a chegada dos mais variados produtos ao DF, os mais diversos serviços ficaram à beira de um colapso. Mesmo com tantos transtornos, ao menos parte da população parece apoiar o movimento. Em Sobradinho, por exemplo, moradores levaram cachorro-quente para caminhoneiros parados na estrada.
Aeroporto de Brasília sem combustível
O primeiro a anunciar o fim do combustível para o funcionamento normal foi o Aeroporto JK. Segundo a Inframérica, e todas as aeronaves que pousarem no terminal e necessitarem de abastecimento vão permanecer no solo até a normalização da distribuição do combustível. Até às 11h, nove voos que pousariam ou decolariam de Brasília haviam sido cancelados. Passageiros devem checar com as companhias se suas viagens estão mantidas. À tarde, um novo balanço mostrava que, até as 15h, 23 voos tinham sofrido atraso e 14 haviam sido cancelados. .
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Postos fechados, confusão e filas quilométricas
Na quinta-feira à noite, já havia ficado claro que os combustíveis acabariam em breve nos postos do DF. Nesta sexta, logo cedo, quem ainda não tinha o tanque cheio formou longas filas para tentar abastecer. E algumas pessoas disputavam espaço com os carros para encher galões. O Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados do DF (Sinpospetro-DF) estimou que todos os postos acabariam fechados, sem ter o que vender, até o fim do dia. Por volta das 18h, o sindicato divulgou novo balanço, informando que apenas quatro dos 322 postos do DF ainda tinham combustível.
A corrida aos postos gerou cenas surreais nas cidades do DF, com filas de carros que chegavam a quilômetros. Na Asa Sul, a fila para abastecer em um posto na altura da 210, no Eixinho L, se estendeu até a 202. Veja o vídeo:
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Na mesma fila, outra situação insólita. Vídeos enviados por leitores mostravam policiais militares multando motoristas porque, em determinado momento, os carros obstruíram a saída de uma das tesourinhas. Assista:
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Por volta das 11h, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou que as multas serão canceladas e que o policial que comandava a ação foi advertido. Logo depois, a Polícia Militar divulgou nota em que confirma a anulação de "eventuais multas" e esclareceu que agiu depois de ser acionada por outros condutores e apenas para desobstruir a tesourinha próximo à quadra 202 Sul.
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Por volta das 11h, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou que as multas serão canceladas e que o policial que comandava a ação foi advertido. Logo depois, a Polícia Militar divulgou nota em que confirma a anulação de "eventuais multas" e esclareceu que agiu depois de ser acionada por outros condutores e apenas para desobstruir a tesourinha próximo à quadra 202 Sul.
No meio da tarde, no mesmo posto, a Polícia Militar foi acionada após um princípio de tumulto. A confusão começou quando clientes passaram a chegar a pé, com galões em mãos, pedindo que os funcionários enchessem os rcipientes com combustível.
Serviços públicos ameaçados
Ainda na manhã de hoje, o governador Rodrigo Rollemberg fez um balanço de como o Distrito Federal está sendo impactado pelo bloqueio nas estradas. Segundo ele, havia combustível apenas por mais dois dias, no máximo três, para abastecer ambulâncias e viaturas policiais e dos bombeiros. Além disso, o combustível para manter as caldeiras de hospitais públicos duraria mais cinco dias, afirmou em entrevista à rádio CBN. Deputados distritais querem que o GDF reduza o imposto distrital sobre o dieasel para ajudar que a greve chgue ao fim.
À tarde, os manifestantes que impedem a saída dos caminhões-tanque da central de abastecimento da Petrobras no SIA concordaram em liberar 10 veículos para serviços essenciais do GDF. Mesmo assim, por volta das 15h30, o Secretário de Saúde do DF, Humberto Fonseca, afrmou que . Também foi anunciado que diversos serviços de saúde serão fechados: .
Outros serviços, como os prestados pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e pela Companhia Energética de Brasília (CEB) também foram afetados pela falta de combustível e estão realizando apenas serviços emergenciais. No fim da tarde, o GDF conseguiu na Justiça a liberação de mais 31 caminhões.
Gás e água potável perto do fim
O Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás LP do Distrito Federal (Sindivargas) informou que 95% das revendedoras estão fechadas por falta de mercadoria. De acordo com Cyntia Moura Santo, diretora do Sindivargas, as carretas com o gás estão paradas em Valparaíso (GO), na Fercal (DF) e na BR-060, estrada que liga Goiânia (GO) a Brasília. ;As revendas estão com estoques vazios e as distribuidoras estão sem gás para engarrafar;, explica Cyntia.
Além disso, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) afirmou que os estoques de produtos químicos utilizados para o tratamento de água nas unidades da estatal devem durar até a próxima terça-feira, e o caminhão que traria mais materiais está retido em Cristalina (GO), a 116km de Brasília. Com isso, o DF pode ficar sem água potável.
Transporte com horários alterados
Os passageiros de ônibus encontraram dificuldades nas regiões atendidas pela Pioneira. Segundo a Secretaria de Mobilidade, um plano de contingenciamento no transporte público determinou que ônibus da empresa deveriam operar normalmente no horário de pico, de 5h às 9h e das 16h às 20h, com redução da frota das 9h às 16h e a partir das 20h. A Pioneira atende às cidades de São Sebastião, Jardim Botânico, Paranoá, Lago Sul, Park Way, Santa Maria e Gama. A Urbi, que é responsável por linhas no Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II e Samambaia, também funcionaria neste esquema, mas, segundo a Secretaria de Mobilidade, a empresa conseguiu abastecer os veículos e o sistema passou a funcionar normalmente hoje.
Faixas exclusivas liberadas até as 23h59
As faixas exclusivas de ônibus no Distrito Federal seguem liberadas para todos os veículos até as 23h59 de hoje. O Departamento de Estradas e Rodagens (DER) liberou as faixas da Estrada Parque de Taguatinga (EPTG) e Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB). Já o Departamento de Trânsito (Detran-DF) permitiu o fluxo nos trechos exclusivos na W3 Sul e Norte e do Setor Policial Sul.
Bloqueios nas rodovias
Ao longo do dia, foram observados bloqueios na BR-060, na altura do Engenho das Lages, Km 28, próximo a Alexânia (GO); na BR-050, onde caminhoneiros ocuparam as margens da rodovia, deixando o tráfego livre para carros e ônibus; e na BR-020, onde, pela manhã, havia dois pontos de interdição na altura de Formosa (GO), nos Km 1 e 11.
No Km 57 da DF-100, máquinas agrícolas e caminhoneiros ocupavam um trecho na divisa Brasília com Goiás. Na BR-040, os manifestantes seguiam em protestos no km 95 (altura de Cristalina) e no km 10 (perto de Luziânia). Na BR-070, a Polícia Rodoviária Federal registrou dois pontos de protestos no sentido Brasília, nos kms 1 e 14. No primeiro, vans de escolares interditaram completamente a rodovia na descida da Barragem do Descoberto. No km 39 da BR-080, divisa do DF e Goiás, haviam poucos caminhões e o ato seguia pacífico.
Com informações de Adriana Bernardes, Breno Fortes, Isa Stacciarini, Mariana Niederauer, Renata Nagashima, Sarah Peres e Walder Galvão.