Em 9 de maio, um adolescente fugiu da unidade de internação em que cumpria medida socioeducativa. Morador da QNO 18, ele e um amigo, também menor de 18 anos, espancaram um terceiro adolescente, da quadra rival, a QNO 17, na semana passada.
Três dias depois, em 20 de maio, último domingo, o rapaz agredido estava em uma parada de ônibus da QNO 17, com um amigo. Os adolescentes que o espancaram chegaram atirando e os dois fugiram. Outro jovem, jogador de futebol amador, que não tinha relação com nenhum dos grupos, acabou atingido pelos disparos e morreu. Ele estava no ponto aguardando o coletivo com a irmã, de apenas 12 anos.
A polícia trabalha com a hipótese de os dois assassinatos estarem relacionados e de serem motivados por briga entre gangues, mas não divulga detalhes sobre o caso. Confirma, no entanto, que todos os suspeitos são menores de 18 anos.
Os disparos que mataram Maria Eduarda deixaram outro irmão dela, de 19 anos, ferido. O rapaz tinha passagens pela polícia e estava em liberdade provisória, mas não há informações sobre a relação dele com as gangues na região.
Os tiros saíram de um Voyage preto, roubado momentos antes do assassinato da menina, às 18h30 de segunda-feira (21). Um agente encontrou o carro abandonado, na noite de terça-feira. O veículo pertencia a um morador do Cruzeiro que fazia compras em Ceilândia.
Um outro adolescente, que fugiu do sistema socioeducativo de Santa Maria na semana passada, é apontado por moradores como um dos envolvidos no assalto ao veículo, depois usado para ir até a casa de Maria Eduarda e cometer o crime.
Insegurança
Ninguém sabe ao certo como a briga entre as gangues começou. A população relata que os primeiros crimes relacionados a esses grupos rivais tiveram início em 2014. Os adolescentes se agridem em disputas por território, principalmente para ganhar status na comunidade.
[SAIBAMAIS]No meio do conflito, matam inocentes e morrem. Quem mora na região convive com o medo. São histórias de pessoas baleadas na porta de casa, professores que temem pela vida dos estudantes e pais pela vida dos filhos.
;Toda a população está acuada com a situação. Aqui realmente está perigoso. Para variar, a iluminação é pouca e, pela noite, não vemos nenhum policiamento;, diz o comerciante Roberto Nilson, 45 anos. Para ele, a insegurança no local é generalizada, deixou de ser uma questão de sorte ou azar.
Em janeiro e fevereiro deste ano, Ceilândia registrou 50 casos de roubo a comércio e 875 a pedestres. Os registros caíram em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados, 74 e 1.133 casos, respectivamente. Os homicídios, no entanto, tiveram alta de 25%. Foram 12 no ano passado e 15 em 2018.