Jornal Correio Braziliense

Cidades

Moradores denunciam brigas entre gangues na quadra onde criança foi morta

Carro usado por criminosos durante ação que acabou com criança de 5 anos morta havia sido roubado momentos antes

O carro usado por criminosos que mataram a tiros uma criança de 5 anos em Ceilândia havia sido roubado minutos antes da ação, na noite de segunda-feira (21/5). O dono do Voyage preto onde estavam os bandidos é morador do Cruzeiro, mas foi até Ceilândia fazer compras com a sobrinha. Ao terminar de descarregar as compras do carro, na porta da casa da moça, na QNP 15, foram surpreendidos.
"Eram dois menores, magros, os dois armados. Isso foi por volta de umas 18h30. Nós nos rendemos e depois fomos à delegacia, prestar queixa", disse, ao Correio, o proprietário do veículo, que não quis se identificar.
O irmão da vítima Marcos André Rodrigues de Amorim, 19 anos, atingido com um tiro na perna, está no hospital aguardando cirurgia. Ele contou à polícia que os tiros vieram do banco de trás. Por isso, a corporação trabalha com, no mínimo, três suspeitos. Alguns deles podem ser adolescentes. Marcos estava em liberdade provisória e os investigadores acreditam que ele era o alvo dos disparos.

Guerra entre gangues rivais

[SAIBAMAIS]A investigação confirma a denúncia dos moradores, de que se trata de guerra de gangues rivais que atuam na QNO 17 e na QNO 18. Segundo a Polícia Civil, os maiores grupos criminosos foram neutralizados nas últimas operações deflagradas e, agora, grupos formados principalmente por adolescentes tentam assumir controle do território para praticar crimes como o tráfico de drogas.

O Correio apurou que a morte de um adolescente de 17 anos, assassinado em parada de ônibus na QNO 17 no domingo (20/5), tem relação com o crime de ontem. Ele não tinha envolvimento com as gangues, por isso, sequer reagiu.
O medo faz parte do cotidiano dos moradores daquelas quadras. A empregada doméstica Meirielle Alves da Costa, 40 anos, mora na QNO 18 e, há oito meses, levou um tiro na perna enquanto conversava com outra vizinha na porta de casa. ;São os mesmos confrontos, essa mesma guerra de gangues, que só faz inocentes. Estamos pagando um preço e não temos nada com isso. Queremos paz e justiça", protesta.


Atingida ao correr para pegar pipoca

A criança assassinada, Maria Eduarda, era caçula de seis irmãos, a única menina. Ela completaria 6 anos em agosto e estudava na Escola classe 56. Amanhã, todos os colegas de sala vão se vestir de branco, como homenagem à menina e pedindo paz. O velório está marcado para as 14h30 de quarta-feira (23/5), no Cemitério de Taguatinga.
Maria Eduarda morava com os pais e os irmãos nos fundos da casa dos avós, onde ela estava na casa da avó quando o irmão entrou correndo. Ela o seguiu e acabou atingida por dois disparos, na cabeça e no abdômen, nesse momento. "Ela estava indo pegar milho para a avó fazer pipoca para ela. O carro parou e atirou, depois, foi embora. Foram uns oito tiros;, contou um parente, que não quis se identificar.

De acordo com os familiares, depois que os irmãos levaram os tiros, a tia, que estava na casa, e uma vizinha correram para o hospital com o carro da vizinha. No trajeto, encontraram uma viatura da PM, que prestou auxílio.