Jornal Correio Braziliense

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Indefinições em alianças nacionais influenciam nas eleições do DF

Lideranças locais aguardam definições das Executivas nacionais a fim de decidir quem estará na disputa para cargos no Buriti, na Câmara Legislativa e no Congresso. As candidaturas devem estar fechadas até 15 de agosto



A indefinição relativa às alianças de presidenciáveis como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), a lacuna deixada pelo ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) e a insistência do PT na candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão além da corrida para o Palácio do Planalto. No Distrito Federal, os pré-candidatos ao Palácio do Buriti aguardam a decisão do cenário geral para amadurecer coligações com a certeza de que serão avalizadas pelas Executivas nacionais.

Por causa das seguidas derrotas de Lula na Justiça, o PT-DF está no limbo. Sem o ex-presidente nos comícios da capital, caciques da sigla temem o baixo apoio do eleitorado. Preferem, então, apostar as fichas em candidaturas menos arriscadas, como para deputado federal e distrital. Por ora, apenas o bancário aposentado Afonso Magalhães se colocou à disposição para concorrer ao GDF. Em busca de um nome de maior expressão, lideranças assinaram um documento, no qual pedem que a deputada federal Erika Kokay entre no páreo, pois outros nomes ;não empolgaram a militância;.

[SAIBAMAIS]Após a divulgação da carta, entretanto, a parlamentar e presidente regional da legenda reafirmou o projeto de reeleição à Câmara dos Deputados. Petistas também encontram dificuldades para formar alianças em razão das remotas chances de Lula ; preso na Polícia Federal, em Curitiba, há pouco mais de um mês ; participar da corrida presidencial. Até agora, o PT-DF não conseguiu fechar acordo com partidos de centro-esquerda. Por isso, correntes internas pedem a extensão do prazo para a apresentação de propostas de coligação ; a estimativa, baseada no calendário nacional, era de que os planos fossem entregues até o último dia 11.

Base ou oposição


Uma das pré-candidaturas que dependem do fechamento de alianças nacionais para decolar é a do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), ao Senado. O partido dele está entre dois caminhos. Na via de sua preferência, integraria a frente de centro-direita encabeçada por Jofran Frejat (PR), desde que tivesse a garantia de um palanque eleitoral ao presidenciável Ciro Gomes (PDT). Isso será possível se o PR liberar os diretórios estaduais para apoiar os candidatos mais convenientes em cada região ou se o partido consolidar o apoio nacional a Ciro. Nacionalmente, porém, a preferência do PDT é por uma aliança de centro-esquerda, com partidos como o PSB ; no DF, o governador Rodrigo Rollemberg tentará a reeleição. Nesse caso, um representante pedetista teria lugar na chapa do chefe do Buriti.

As duas opções desagradam parcelas dos filiados ao PDT-DF, que preferiam a candidatura de Joe Valle ao Executivo local. Eles não aprovam, por exemplo, a união a nomes que integram a chapa de Frejat, como o deputado federal e pré-candidato ao Senado Alberto Fraga (DEM). Mas consideram que as rusgas sejam ainda maiores com Rollemberg, pois o partido deixou a base aliada em outubro de 2017 e tem feito oposição ao socialista, desde então.

Jofran Frejat pretende encontrar o presidente nacional do PR, Valdemar Costa Neto, para checar qual será a postura da sigla no país, uma vez que não detém candidato próprio ao Planalto. ;Em outras ocasiões, ficamos livres para apoiar as candidaturas convenientes;, relembrou Frejat.

Além do PDT, Rollemberg considera alianças com PSDB e Rede. No caso da aliança com tucanos, o governador pensa que denominadores comuns, como os estados do Espírito Santo e São Paulo, onde as relações são amistosas, podem aproximar as siglas. Com a Rede, a relação é antiga. Em 2014, o PSB deu espaço para Marina Silva concorrer à Presidência da República. A aliança garantiria o pré-candidato ao Senado Chico Leite em sua chapa.

Briga de egos


O grupo liderado por Rogério Rosso (PSD) e Cristovam Buarque (PPS), integrado ainda pelos pré-candidatos ao Buriti Alírio Neto (PTB) e Izalci Lucas (PSDB), está alinhado às negociações nacionais. Na corrida presidencial, as siglas apoiam a candidatura de Geraldo Alckmin. Cristovam, por exemplo, vai elaborar o plano de governo para a educação do presidenciável. A consolidação regional, contudo, esbarra em briga de egos. No desfecho mais recente, Cristovam propôs a fusão de seu grupo ao de Frejat, em busca da unidade da oposição. O movimento desagradou Alírio. O ex-distrital garantiu que, caso a possibilidade seja concretizada, buscará novas composições ou até uma chapa puro-sangue do PTB.

Antes disso, o petebista e Izalci estavam longe do consenso sobre a cabeça de chapa. Nenhum deles pretende abrir mão da disputa, porque aparecem tecnicamente empatados em pesquisa encomendada pelo grupo. Quando observados outros critérios, o cenário permanece incerto: o tucano proporciona mais tempo de tevê ao grupo durante a propaganda eleitoral gratuita e Alírio conta com a estrutura da legenda, além do apoio explícito da nacional à candidatura.


Articulações


Confira a influência da corrida presidencial no jogo político na capital e quais candidatos do DF podem ser beneficiados a depender das composições nacionais

Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará

Rodrigo Rollemberg (PSB) ; Desde que o ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa abriu mão da candidatura, as negociações entre socialistas e pedetistas ganharam força. Em caso de apoio ao presidenciável, o PSB pedirá, em troca, o apoio do PDT aos candidatos a governos estaduais, como o chefe do Palácio do Buriti

Joe Valle (PDT) ; Pré-candidato ao Senado, o pedetista pretende concorrer na chapa encabeçada por Jofran Frejat (PR). O partido do distrital integra a lista daqueles que consideram apoiar a candidatura presidencial do PDT para evitar a implosão do centro. Nesse caso, Frejat estaria livre para abrir as portas a Joe, com a garantia de um palanque para Ciro no DF

Outros candidatos do PDT ; Caso frustrados outros planos, o PDT pode apostar numa candidatura própria ao GDF. O partido, entretanto, teria dificuldades em encontrar um nome de peso, pois a principal liderança na capital, Joe Valle, garantiu que não pretende entrar no páreo em razão de problemas pessoais


Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo

Izalci Lucas (PSDB) ; O deputado federal busca o apoio nacional do partido para alavancar a candidatura ao Palácio do Buriti. Correligionário de Alckmin, seria o responsável natural pelo palanque eleitoral do tucano. A condição, entretanto, depende das alianças firmadas pela sigla a nível nacional nos próximos meses

Alírio Neto (PTB) ; Presidente de uma das primeiras siglas a firmar aliança com Alckmin, Roberto Jefferson busca viabilizar o apoio do tucano a Alírio. Seria uma espécie de retribuição pelo apoio nacional ao presidenciável

Rodrigo Rollemberg (PSB) ; Há meses, o governador flerta com o PSDB. Apesar do distanciamento em razão de embates entre as siglas em outras unidades da Federação, Rollemberg não desistiu da aliança. Os trunfos
seriam os denominadores comuns, como São Paulo e Espírito Santo, onde socialistas e tucanos são próximos


Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente da República

PT ; Com a insistência na candidatura do ex-presidente Lula, preso há pouco mais de um mês e inelegível pelos termos da Lei da Ficha Limpa, o Partido dos Trabalhadores enfrenta dificuldades na formação de alianças e para conseguir nomes de peso para a disputa de governos estaduais. No DF, apenas o bancário Afonso Magalhães se colocou à disposição da sigla. Nesta semana, lideranças pediram, em carta aberta, que a deputada federal Erika Kokay entre no páreo. Pela segunda vez desde as eleições diretas no DF, a tendência é de que o partido concorra com uma chapa puro-sangue