postado em 10/05/2018 10:33
A única pessoa alvo de mandado de prisão na para combater crimes via internet ; é o brasiliense Marcelo Valle Silveira Mello, que ganhou o notíciário nacional depois de ser flagrado, em 2012, planejando pela internet ataque a uma festa de alunos da Universidade de Brasília (UnB).
Por esse episódio, ele passou mais de um ano preso e, em 2013, foi condenado a pena no regime semiaberto. Segundo investigações da Polícia Federal, no entanto, ele não deixou de praticar crimes de ódio. Segundo a PF, no âmbito da Bravata, ele responderá pelos crimes de associação criminosa, ameaça, racismo e incitação ao crime.
"Nos sites e fóruns mantidos na internet, (os envolvidos) incentivam a prática de diversos crimes, como o estupro e o assassinato de mulheres e negros, bem como pelo crime de terrorismo", informou a corporação em nota, que cumpre ainda oito mandados de busca e apreensão em Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Santa Maria (RS) e Vila Velha (ES). Marcelo também é acusado de ameaçar, com bombas, diversas universidades do Brasil.
Mello foi o primeiro condenado da Justiça brasileira por crime de racismo na internet, em 2009. Estudante do curso de Letras-Japonês da Universidade de Brasília, ele foi punido com um ano e dois meses de prisão por agredir alunos cotistas da instituição na internet. Em 2005, escreveu mensagens no Orkut dizendo que negros eram ;burros, subdesenvolvidos, incapazes e ladrões;. Nessa ocasião, ele recorreu da decisão e, alegando insanidade, foi absolvido.
Ameaças na UnB
[SAIBAMAIS]Em março de 2012, Marcelo foi detido por planejar uma chacina contra estudantes do curso de Ciências Sociais da UnB. Durante buscas realizadas em Brasília e em Curitiba, os policiais encontraram um mapa apontando uma casa de festas frequentada pelos universitários no Lago Sul. Local onde, segundo a PF, poderia ocorrer a tragédia.
Por esses crimes, ele foi condenado a seis anos e sete meses de prisão em regime semiaberto. A Justiça do Paraná entendeu que ele havia praticado os crimes de indução à discriminação ou preconceito de raça; incitação à prática de crime; e publicação de vídeos e fotografias de crianças e adolescentes em cenas de sexo.
Ele ficou detido por um ano e seis meses no Paraná, ganhou o direito de cumprir pena em liberdade e voltou a criar páginas com conteúdo racista e discriminatório na internet. Ele também é o autor de um blog misógino que incitava crimes de violência sexual, física, psicológica e moral contra mulheres na UnB.
No ano passado, uma conta de e-mail com o nome Marcelo Valle Silveira Mello enviou mensagens ameaçando de morte o apresentador e jornalista Fernando Oliveira, mais conhecido como Fefito. O motivo do ataque seria homofobia.
BolsoCoin
Em janeiro deste ano, Valle, que é analista de sistemas, voltou aos noticiários ao criar a moeda virtual BolsoCoin. Uma criptomoeda inspirada no candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), e vendida como a primeira "da direita alternativa e neonazista do Brasil".
A BolsoCoin estava sendo utilizada em fóruns anônimos como forma de pagamento para usuários que fazem doxxing ou swatting em favor da causa do grupo. O primeiro termo faz referência à prática de conseguir e transmitir dados privados a terceiros. Geralmente, leva a crimes de chantagem ou a tentativas de destruição da reputação da vítima.
Já o swatting é uma tática que consiste, basicamente, em passar um trote às forças de segurança. O hacker aciona os serviços de emergência e os envia à casa de uma pessoa onde não há ocorrência, com o objetivo de causar constrangimento.
Na época em que a criação da criptomoeda foi divulgada pela imprensa, a assessoria de Bolsonaro não se pronunciou.