postado em 06/05/2018 06:38
que cerca de 85% das câmeras de videomonitoramento da capital federal não funcionavam, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF) divulgou que, de lá para cá, esse número caiu para 55%. Segundo a pasta, dos 451 equipamentos posicionados em diferentes regiões, 205 estão em atividade em Brasília, Ceilândia, Recanto das Emas, Taguatinga, Riacho Fundo, Águas Claras e Areal. O projeto de segurança, iniciado na gestão passada, foi interrompido em 2014 por falta de pagamento e, em meados de 2017, o Governo de Brasília cancelou o contrato com a empresa escolhida.
Em 26 de dezembro, o Poder Executivo local selecionou outra firma para executar o serviço: a Seal Telecom Comércio e Serviço de Telecomunicações Ltda., contratada por R$ 1,68 milhão. De acordo com o secretário de Segurança Pública, Cristiano Barbosa Sampaio, o processo de instalação das câmeras foi dividido em duas etapas: a primeira, em andamento, para colocação de cabos de fibra óptica e ativação dos equipamentos já posicionados; a segunda, com edital prestes a ser divulgado, para contratação da empresa que cuidará da instalação e da manutenção dos 315 ainda encaixotados. Adquiridos na gestão passada, os equipamentos custaram R$ 26 milhões aos cofres públicos.
A SSP-DF informou, em janeiro, que os 451 aparelhos existentes voltariam a fazer gravações até março. No entanto, apesar do aumento de 30% na quantidade de câmeras em funcionamento, ainda não há prazo para o término da ativação das restantes. O secretário Cristiano Sampaio afirma que prefere mostrar os resultados do projeto a apresentar perspectivas. ;Não temos como divulgar esse calendário porque uma empresa assumiu um trabalho que outra havia começado. Apesar de termos uma expectativa realista, prefiro trabalhar com resultados;, reforça.
Sensação de insegurança
Subgerente de um comércio no Sudoeste, Evaldo Aparecido da Costa, 35 anos, se sente inseguro perto de onde trabalha. Em relação à presença de câmeras em algumas áreas do DF, Evaldo diz que não vê muita diferença para a segurança do pedestre. ;Não acho que elas me protejam tanto. Quando acontece algo, só temos como recorrer às portarias e à polícia, que nem sempre atua;, lamenta. A percepção de Wilderlan Oliveira, 25, é semelhante. Autônomo, ele vende refeições à noite. Apesar de notar rondas de carros da PM, sente-se inseguro principalmente após a meia-noite.
[SAIBAMAIS];Minha segurança tem muito a ver com a questão do horário e do meu conhecimento da região. Sobre as câmeras, vejo que, para os motoristas, elas são muito mais rigorosas. Acho que poderiam procurar medidas mais efetivas para garantir a segurança da população;, observa. Segundo Antonio Flávio Testa, sociólogo pela Universidade de Brasília (UnB), o desconforto e o medo em áreas urbanas são crescentes. Ele observa que, assim como os equipamentos de vigilância têm efeito sobre o comportamento de potenciais criminosos, a percepção da insegurança também molda os hábitos da população, principalmente quando há sensação de impunidade. ;O comportamento das pessoas muda radicalmente por causa disso. Elas adotam práticas preventivas, evitam locais isolados. Os dois lados são atingidos: o criminoso tenta se precaver da vigilância, e o cidadão comum, da gana dos criminosos;, compara.
Colaboração em debate
Para Nelson Gonçalves, professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) e pesquisador de segurança pública, um dos principais obstáculos enfrentados hoje em dia, no DF, é a falta de trabalho conjunto entre os órgãos competentes. ;As instituições não conversam umas com as outras. Não há diálogo. Tudo aquilo que foi dito sobre integração da segurança pública no Distrito Federal não passou de propostas;, critica. Ainda segundo ele, a diminuição dos índices de criminalidade, favorecida pelo uso de câmeras, depende de uma resposta mais ;rápida e efetiva; aos problemas identificados pela rede de monitoramento. ;Se a administração pública for capaz de dar retornos imediatos para a sociedade, o sistema certamente gerará impacto positivo em relação à sensação de insegurança das pessoas;, comenta.
;Mas, se ele simplesmente gravar imagens e o indivíduo potencialmente criminoso não perceber ações do Estado, ele continuará cometendo crimes; logo, o sentimento de falta de proteção não diminuirá;, avalia. O secretário de Segurança Pública, Cristiano Barbosa Sampaio, discorda da afirmação sobre a falta de integração dos órgãos da pasta. Segundo ele, o Corpo de Bombeiros, o Departamento de Trânsito e as polícias militar e civil têm acesso às imagens de videomonitoramento e promovem trabalhos distintos com o objetivo de prevenir e analisar ocorrências em todo o DF. ;Cada instituição procede de uma forma. Os trabalhos são integrados e temos um centro, onde os órgãos atuam, que permite a interoperabilidade e uma integração efetiva. Claro que isso pode melhorar. Se acharmos que não pode, estamos abraçando o retrocesso. Mas esse é um trabalho que fazemos todo dia;, defende.
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