Flávia Maia, Augusto Fernandes
postado em 04/05/2018 16:43
Os servidores da Caesb, convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do DF (Sindágua), se reuniram em assembleia, na manhã desta sexta-feira (4/5), e votaram indicativo de greve por tempo indeterminado a partir de quinta-feira da próxima semana (10/5). Segundo os funcionários, a decisão é motivada pela retirada de direitos trabalhistas e pelo não atendimento da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) às reivindicações dos trabalhadores relativas à data-base de 2018.
Os principais pontos divergentes entre os funcionários e a direção da Caesb são: o reajuste salarial, a inclusão da quitação anual, alterações nas jornadas, diminuição na porcentagem da participação dos resultados e o desconto mensal por conta da greve de 2016. Em relação ao reajuste, o sindicato pede 5,88%, valor que, segundo a categoria, corrige dois anos de inflação. A proposta da Caesb, no entanto, é de 1,25%.
;Para evitar uma nova greve, estamos dispostos a abrir mão do reajuste salarial, desde que não haja retaliação por conta da greve de 2016 - que é o desconto mensal de 10% para quem participou da paralisação;, explica Igor Pontes, diretor de comunicação do Sindágua. No entanto, a Caesb não aceitou esta proposta.
A empresa pede ainda que os trabalhadores façam quitação anual dos débitos trabalhistas, conforme prevê o novo texto da lei. Contudo, os servidores são contra. Em relação à jornada, a Caesb propõe mudança nas escalas, o que, de acordo com o sindicato, aumenta em 25% a carga horária. Os funcionários também reclamam da queda de 40% para 25% da participação no resultados da empresa.
O sindicato pede também que o acordo de 2017 seja estendido por mais um mês. Uma vez que está vencido desde 1; de maio e benefícios como auxílio-creche e acompanhamento para doenças estão suspensos. ;Não é o nosso objetivo fazer a greve, mas estamos sendo forçados a isso;, justificou Igor.
Caso a paralisação das atividades seja deflagrada, o sindicato trabalhará com apenas 30% do efetivo, para manter serviços essenciais como abastecimento de água e tratamento de esgoto. A última greve da categoria foi em 2016 e durou 89 dias.
A Caesb lamentou a decisão do sindicato, e prometeu tomar providências para minimizar os prejuízos à população. A empresa informou que, desde o início do ano, está dialogando com o sindicato, e afirmou que segue as normas da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) e que os benefícios dos servidores estão suspensos desde 1; de maio pela "falta de um acordo coletivo do trabalho".
Com relação ao desconto na remuneração dos funcionários que aderiram à greve de 2016, a empresa respondeu que está executando sentença do TST (Tribunal Superior do Trabalho), transitada em julgado. "Não cabe discussão de uma decisão do TST no âmbito da data-base 2018 e não há a menor chance de ser revista."