A mãe que jogou o filho de cinco meses no Lago Paranoá, em abril de 2017, foi absolvida pela Justiça nesta segunda-feira (30/4). De acordo com o Tribunal do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Elisângela Cruz dos Santos Carvalho precisará receber atendimento psiquiátrico por pelo menos três anos.
Na decisão, o juiz Paulo Afonso Correia Lima Siqueira afirmou que "estando a ré está presa cautelarmente, e sendo sua segregação absolutamente dispensável, a acusada deverá ser posta em liberdade para que, sob responsabilidade de seus familiares, continue seu tratamento psiquiátrico, assistencial e psicológico em caráter ambulatorial".
A absolvição teve como base análise o artigo 26 do Código Penal, que isenta de pena pessoas sem capacidade total para entender a gravidade do fato, devido a retardo de desenvolvimento psicológico ou doença mental. Essa é a linha de defesa que os advogados de Elisângela apresentaram.
Em 7 de abril, Elisângela saiu de casa com o filho de 4 anos e o bebê de cinco meses. A família registrou boletim de ocorrência por desaparecimento. A dona de casa ainda voltou ao local, e mandou que o menino de 4 anos fosse para a casa da avó. Depois, cometeu o crime.
O . A mulher só foi localizada cinco dias depois de ter cometido o crime, em cima de uma árvore, também no Lago. Os homens do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar que a resgataram disseram que ela estava desorientada. Não se lembrava do nome completo, onde morava nem que tinha filhos.
, Elisângela conversou com o Correio durante 13 minutos. Contou que, nos cinco dias após o crime, período entre ela ter jogado o filho o espelho-d;água e ter sido localizada, não pensou em nada. Perguntada sobre o futuro, ela resumiu com a palavra solidão. ;Não quero ver ninguém, não quero falar com ninguém. Não tenho coragem de ver a minha família. Só queria conversar com a minha filha (a mais velha);, diz.
Ela confessou o crime à polícia. e a Justiça negou um dos habeas corpus solicitados.
Linha do tempo
7 de abril
Às 12h ; Elisângela Cruz dos Santos sai de casa, em Santa Maria, com dois dos três filhos: Miguel, 5 meses, e Pedro (nome fictício), 4 anos.
8 de abril
Às 14h ; A família registra ocorrência sobre o desaparecimento de Elisângela. No mesmo dia, Pedro aparece na porta de casa, sozinho e não sabe dizer o que aconteceu nem onde esteve.
Entre 7 e 9 de abril
Elisângela manda uma mensagem por WhatsApp para o grupo de família dizendo que fará ;uma viagem sem volta; e pede perdão.
9 de abril
Às 17h30 ; O empresário André Bello, 35 anos, pilota um jet ski, vê o corpo de um bebê boiando no Lago Paranoá e avisa o Corpo de Bombeiros. Uma equipe resgata o corpo de Miguel da água e encaminha para o Instituto de Medicina Legal (IML).
10 de abril
Com a repercussão do caso, a família procura a Polícia Civil e reconhece o corpo de Miguel.
11 de abril
Familiares prestam depoimento na 10; DP (Lago Sul).
12 de abril
Às 15h10 ; A denúncia de que uma mulher está no terreno de uma casa em construção, na QL 26 do Lago Sul, chega à Ciade. A PM vai ao local e identifica Elisângela. Ela está em choque, em cima de uma árvore e há vários dias no local.
Às 15h50 ; Elisângela é encaminhada para a 10; DP (Lago Sul), onde presta depoimento.
Às 19h15 ; Termina o depoimento de Elisângela. Ela confessa que matou o filho, jogando-o da Ponte JK. O delegado pede à Justiça a prisão preventiva da mulher.
Às 20h ; O advogado contratado pela família chega à delegacia e se reúne com o delegado da unidade.