Jornal Correio Braziliense

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Coleta Seletiva no DF: é preciso começar dentro de casa

Para melhorar a efetividade do serviço fornecido pelo GDF é preciso separar papéis, metais, plásticos, e tomar cuidado com o descarte do vidro

No final de fevereiro, oito novas regiões passaram a receber a coleta seletiva no Distrito Federal. O serviço, que é prestado por empresas privadas e por cooperativas de catadores, foi inserido em 2014 e tem previsão para contemplar todas as áreas do DF até o final do ano, segundo o governador Rodrigo Rollemberg. Atualmente, 25 regiões têm seu lixo recolhido separadamente.

Entretanto, ainda é muito comum encontrar alguém que não saiba como fazer a coleta e tenha dúvidas sobre o descarte do lixo. O presidente da Associação de Moradores e Amigos de Águas Claras (Amaac), Roman Curattin, diz que um questionamento muito comum entre as pessoas que residem na região é saber para onde vai o lixo reciclado. ;Falta conscientizção da população, mas também é preciso explicar um pouco melhor para onde o lixo vai;, questiona.

Para responder a essa pergunta, o diretor-técnico do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Paulo Celso dos Reis, explica que 100% do lixo recolhido na coleta seletiva é encaminhado para as cooperativas de catadores que, em seguida, fazem a triagem. ;É importante que as pessoas separem o material em casa. Fazendo isso cotidianamente, ajuda muito o sistema do SLU e consequentemente o meio ambiente;, afirma Paulo.

Apenas 52% da população candanga é contemplada com o serviço. De acordo com informações do SLU, de todo o lixo recolhido em Brasília, apenas 6% é pela coleta. Para que as estatísticas aumentem, é preciso começar a separar os dejetos dentro dos lares e saber o que pode ser reciclado e o que é material orgânico.

Papel, metal, papelão, isopor e plástico são recicláveis e devem ser separados antes do descarte e inseridos na lixeira própria para eles. Além disso, é importante retirar migalhas e excesso de alimento das embalagens, desmontar as caixas de papelão para que ocupem menos espaço e não misturar pilhas e lâmpadas, uma vez que elas devem ser devolvidas ao comércio para não contaminar o lixo.

Todo o resto é orgânico e deve ser recolhido pelo caminhão de lixo convencional. Em relação ao vidro, que é reciclável mas não faz parte da coleta no DF, a orientação do SLU é que seja envolvido em jornal para evitar acidentes. A não coleta seletiva do vidro se deve principalmente ao fato de que este é um material de alto custo para ser reciclado.

Se existe previsão para que esse material seja recolhido, Paulo Celso não fornece datas mas se mantém otimista. ;O custo do frete é alto, porque as indústrias de reciclagem de vidro estão todas no sudeste. Existe um acordo que está sendo estudado para que que esses custos sejam supridos por empresas como a Ambev e a Coca-Cola, que são as que mais geram embalagens de vidro. É preciso ver até que ponto o serviço de reciclagem vai ser responsabilidade dessas empresas;, afirma.

Implementação

Ainda que o DF seja uma das regiões brasileiras com a maior taxa de reciclagem de lixo - alguns municípios chegam apenas a 10% - das 2.700 toneladas de dejetos recolhidos diariamente, apenas 120 é reciclado. Para auxiliar na coleta, as cidades contempladas deve possuir lixeiras específicas para o descarte de materiais reciclados.

Em Águas Claras, por exemplo, os condomínios já possuem duas lixeiras, uma para recicláveis e outra para orgânicos. ;Quando colocaram os dois tambores de lixeiras, fizemos um trabalho de divulgação com cartazes nos elevadores explicando o que é cada material e quais vão para reciclagem;, disse o presidente da associação de moradores. Além disso, para facilitar o descarte, foi combinado com a equipe de limpeza que sacos pretos são para as lixeiras de orgânicos e sacos azuis são para as lixeiras de recicláveis.

Por outro lado, algumas regiões que fazem parte da coleta ainda não contam com caçambas próprias para a reciclagem. Sobre isso, a Agência de Fiscalização do DF (Agefis), explicou, em nota, que ;executa várias programações relacionadas ao descarte de resíduos, em todas as regiões onde a coleta é feita; e que ;está em andamento a verificação de contêineres para a adequação à legislação; nas regiões onde faltam essas caçambas.

Mas a falta de lixeiras específicas não pode ser um empecilho para a separação do lixo. Paulo Celso explica que ;mesmo na coleta tradicional, o lixo passa por uma triagem e pela mão dos catadores, auxiliando na reciclagem;.

Incentivo

Pensar no trabalho social, e não somente na coleta por si só, também tem ajudado a incentivar os moradores de Águas Claras a reciclarem o lixo. ;Mostramos a importância do trabalho social que as cooperativas de catadores fazem com o lixo reciclado, que é um gerador de renda e isso ajudou bastante;, disse Cuattrin.

No sistema de coleta seletiva há pelo menos três anos, a cidade já esteve no topo das que mais reciclavam o lixo. De acordo com o Relatório de Análise Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos do Distrito Federal, de 2016, 85% do lixo gerado em Águas Claras ia para a reciclagem.

Por outro lado, o presidente da associação de moradores entende que ainda falta divulgação, conscientização da população e incentivo por parte do próprio governo. ;Além disso, falta algum incentivo financeiro, como abatimento no IPTU para quem realizar corretamente a coleta, ou até mesmo concursos para as regiões que separa melhor o lixo;, pontua.
É possível ver quais são as regiões que fazem parte da coleta seletiva e quais os horários em que o caminhão passa em cada uma delas, no site do SLU.