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Cinco 'pragas' causam preocupação no DF. Saiba como prevenir infestações

Aedes aegypti, escorpião, barbeiro, carrapato e roedores trazem incômodos a população. Entenda como eles se espalham e as melhores maneiras de prevenção e os tratamentos disponíveis contra algumas doenças que eles causam

Fernanda Soraggi*
postado em 19/04/2018 08:00

Encontrar ratos pelas ruas de Brasília não é surpresa para os cidadãos. Ter um conhecido que já teve dengue também não é novidade. Estes e outros animais estão se tornando rotina na vida dos brasilienses e trazendo preocupação pelas doenças que transmitem ou por serem venenosos. Ao menos cinco "pragas" estão em evidência nos últimos tempos no Distrito Federal. Entre elas: Aedes egypt, escorpião, barbeiro, carrapato e rato. O Correio traz uma lista com informações sobre cada um deles e opções para prevenir infestações.


Aedes aegypti

Campanhas nacionais contra o Aedes aegypti são rotineiras em todo o país. O Ministério da Saúde aumentou em 83% os recursos destinados à vigilância de doenças transmissíveis, entre elas, dengue, zika e chikungunya. No ano passado, o orçamento aos estados em torno tanto de campanhas e prevenção a municípios brasileiros foi de R$ 1,93 bilhão. No ano de 2018, estão previstos R$ 1,9 bilhão designados às ações da Vigilância em Saúde.

A Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) é responsável por medidas de prevenção e controle do inseto. Possui o comprometimento de ir às casas das pessoas para conferir focos do mosquito. A proliferação dele está intrinsecamente ligada ao saneamento básico do local. ;No ano de 2017, a Dival realizou a inspeção em 1,4 milhão de imóveis no DF. Fazemos a checagem 4 vezes ao ano;, esclareceu o diretor da Vigilância Ambiental, Rafael Almeida.

O papel dos guardas ambientais é conferir, em cada residência, objetos que possam conter água parada, área onde as fêmeas depositam as larvas. A forma de erradicação do mosquito é simples, mas, em geral, pouco realizada pelos moradores: basta eliminar água limpa e parada em locais como pneus, lajes, piscinas, garrafas, baldes, entre outros. É importante lembrar que se deve esfregar bem a área, mesmo após a higienização, pois, alguns ovos ainda podem estar ali.

Apesar de o inseto viver cerca de 45 dias, o mesmo pode infectar em torno de 300 pessoas durante sua existência. As responsáveis pela transmissão são as fêmeas por se alimentarem de sangue. ;Além de ser muito nutritivo, o sangue é usado para alimentar as larvas;, explica o biólogo Hugo Netto, 28 anos.

A secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal registrou, no mês de fevereiro de 2018, 15 casos suspeitos de febre chikungunya, 385 de dengue, 22 de zika e 25 de febre amarela silvestre. De acordo com a pasta, ao menos 6 regiões administrativas seguem em alerta de surto de dengue: Fercal, Lago Norte, Lago Sul, Park Way, Sobradinho 2 e Varjão. A professora, Fernanda Pontes, de 40 anos, conta que depois de ter uma febre alta e dores insuportáveis, informaram que se tratava de dengue. ;É uma dor surreal que eu nunca tinha sentido antes;, diz Fernanda. A mulher não contou que ficou surpresa com o diagnóstico, porque não havia em casa nenhum foco do mosquito. "Os vigilantes chegaram a vir até minha casa e não acharam larvas, nem na minha casa e nem nas casas vizinhas", conta.

Todas as doenças causadas pelo Aedes aegypti possuem tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Para as doenças febre amarela, dengue e chikungunya, a terapia inclui a ingestão de antitérmicos, líquidos e bastante repouso. Já para zika há uma pequena diferença. A medicação é baseada no uso de antitérmicos (paracetamol e dipirona) e anti-inflamatórios livres de ácido acetilsalisílico, devido ao risco de hemorragias, segundo informa a Secretaria de Saúde.

O escorpião amarelo

Período de chuva atrai escorpiões

No momento em que começa o período de chuvas no Distrito Federal, brasilienses encontram com maior frequência escorpiões. Isso porque os bueiros e tubulações de esgoto, local onde o animal habita ficam inundados e eles se refugiam em outras áreas. Em 2017, a Vigilância Ambiental recebeu 918 chamadas de pessoas que viram escorpiões em algumas áreas do DF. Na época, foram realizadas inspeções em 765 imóveis e 545 animais foram capturados. A região de Planaltina teve o maior número de chamadas com 117 ocorrências, seguido da Asa Norte, com 115, e Ceilândia, com 96.

No DF, há três tipos de escorpiões que aparecem com frequência: amarelo, amarelo com patas rajadas e preto. O aracnídeo vive em lugares escuros e úmidos, como bueiros, embaixo de madeiras e pedras. ;O Tityus serrulatus, que é o escorpião amarelo, é um dos mais perigosos do mundo. As crianças e idosos são o grupo de risco podendo a picada dele levar à morte;, explicou o biólogo Hugo Netto.

Uma das pessoas que se deparou com o aracnídeo foi o engenheiro civil Gustavo Catunda, 25 anos, que acabou sendo picado em fevereiro, no momento em que passeava com o cachorro em uma área do prédio. ;Assim que eu entrei no local fui picado. Senti a dor na hora, é insuportável, vai subindo por toda perna;. Em um hospital particular, ele recebeu quatro soros na perna. ;A picada só ficou roxa, mas foram mais três dias de dor e formigamento;, lamentou o engenheiro.

Leonardo Conte, 35 anos, síndico do prédio de Gustavo, reclama que todo ano é o mesmo problema com escorpião. ;O mato cresce, solicitamos à administração da cidade, a Terracap e à Novacap para fazer a limpeza do terreno, mas não somos atendidos. Quando divulgamos para mídia sobre o caso, aí a administração nos atende;, reclamou o síndico.

Por conta da altura do mato, da umidade e da falta de constante limpeza do local, os escorpiões acabam invadindo o prédio. ;Já encontramos escorpião até no 17; andar. E todos os dias, o pessoal da limpeza encontra os aracnídeos e eu alerto: ;usem luva, bota e não peguem em lugares sem olharem antes;, relatou o síndico.

Ao se deparar com um escorpião, a pessoa deve contatar a Vigilância Ambiental e solicitar que os vigilantes inspecionem o local. No entanto, os vigilantes não aplicam inseticidas para conter a população de escorpiões. ;A vigilância recomenda que o morador identifique por onde os escorpiões estão passando e impeça a entrada deles;, disse Rafael.

A Secretaria de Saúde aconselha alguns outros cuidados para evitar o acesso de escorpiões em residências, como fechar bem o lixo, vedar soleiras de portas e frestas de janelas, eliminar as fontes de alimentos dos aracnídeos - como barata e insetos menores -, remover folhagens de arbustos e trepadeiras das paredes externas. Além disso, os especialistas recomendam que é necessário prestar atenção ao mover pedras, tijolos, telhas ou madeiras, manter berços e camas afastados da parede e realizar limpeza da caixa de gordura a cada 15 dias.

O soro anti escorpiônico é aplicado logo após a picada e está disponível no SUS. Ao ser picado Para diminuir a alastração do veneno é necessária a aplicação de compressa com água gelada ou quente em cima da área atingida.

Barbeiro transmissor da Doença de Chagas

Barbeiro transmite doença sem cura

Responsável pela transmissão do protozoário Trypanosoma cruzi causador da doença de Chagas, o barbeiro é uma da grandes preocupações da saúde pública do Brasil. O mal que atinge o coração, esôfago e estômago ainda intriga os cientistas, pois ainda não possui cura. Em 2017, de acordo com a Diretoria da Vigilância Ambiental em Saúde, foram capturados 617 barbeiros em todo o DF.

Segundo dados preliminares do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), em 2017, foram confirmados 347 casos de doença de Chagas aguda (DCA) em todo o Brasil. A doença de Chagas pode levar à dilatação de tecidos musculares, como do coração, causando insuficiência cardíaca e posterior morte.

Ana Fonseca, 74 anos, dona de casa, descobriu a doença aos 30 anos, após realizar exames de rotina. ;No meu caso, ele ficou alojado no esôfago. Faço acompanhamento para ver se a doença se desenvolveu, mas, até o momento, não avançou. A única coisa que sinto, de vez em quando, é indisposição;, conta a dona de casa.

Mas o caso de Ana é uma exceção na família dela. A mãe da dona de casa e outros três irmãos possuíam o protozoário localizado no coração e morreram por conta da enfermidade. Dois irmãos ainda estão vivos, porém com os corações comprometidos. Ana conta que a casa em que morava, em Goiás, era feita de barro e palha, lugares onde o inseto costuma se alojar.

O barbeiro propaga a doença através da picada, mas o ser humano também pode contraí-la por via oral. ;O inseto pode ser encontrado em cachos de açaí ou cana-de-açúcar, por exemplo. Por conta da trituração da fruta, o barbeiro pode ser diluído no processo, assim como o protozoário. A pessoa que ingere o produto pode ser contaminada dessa forma;, explica o biólogo Hugo.

Com a intenção de aproximar a população na causa contra o barbeiro, a Secretaria de Saúde criou . Eles funcionam para que a população capture o barbeiro e o levem até o posto para que seja avaliado por vigilantes ambientais. ;Por vezes, o barbeiro é confundido com percevejo e também há alguns que não possuem o protozoário. Se for realmente positivo, a vigilância ambiental faz a aplicação de inseticidas na residência e vai controlando a população de barbeiro até acabar (o foco do barbeiro);, relata o diretor Rafael.

Para manter o barbeiro afastado, a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) recomenda que indivíduos que moram perto de matas utilizarem telas na janela. Reparar a procedência dos alimentos que serão ingeridos como açaí ou cana de açúcar e não construir casas de barro e palha.

Além de kits para diagnosticar a doença de Chagas, o SUS disponibiliza tratamento com comprimidos benznidazol (de forma oral) para todos os pacientes identificados com a doença ou portadores. Porém, o medicamento só pode ser utilizado nas primeiras semanas de contágio, quando a doença está na fase aguda. Quando o protozoário já está instalado no tecido dos órgãos, o remédio não chega a fazer efeito.

Carrapato

Carrapato e a febre maculosa

O carrapato é um aracnídeo que vive em folhas e gramados e se alimenta de sangue. É conhecido pela maioria das pessoas que possuem cachorro. No entanto, além de deixar feridas na pele de animais, como cachorros, vacas e bois, o aracnídeo pode transmitir diversas doenças perigosas aos seres humanos, como a febre maculosa, doença que pode ser fatal.

Existem várias formas de retirar os carrapatos da pele. Uma das dicas é passar querosene em um algodão e passar por cima do aracnídeo. O carrapato vai se soltar por ter repulsa ao querosene. ;Queimar o palito de dente e passar em cima do carrapato também é válido;, recomenda o biólogo Hugo Netto. Para quem mora em lugares com muita mata é aconselhado colocar pedras de enxofre dentro dos sapatos por afastar o animal.

A Vigilância Ambiental realizou 20 inspeções em 2017, por conta de carrapatos em residências. O órgão afirma que faz a aplicação de inseticidas para conter a população de carrapatos, porém alerta que para conter a população do aracnídeo é importante fazer o corte regular de matos, realizar dedetização com inseticidas ou até mesmo maçaricos regularmente.

Ratazana

1,5 mil inspeções para acabar com ratos

Encontrados em centros urbanos, roedores são muito encontrados ao redor de caçambas de lixos para obter alimentos e bueiros que são os locais onde habitam. Eles podem transmitir diversas doenças perigosas como leptospirose, sarnas, alergias e até a peste negra que, um dia, já foi considerada uma das doenças mais perigosas do mundo chegando a matar cerca de 25 milhões de pessoas.

São animais noturnos que vivem escondidos e possuem uma dieta não muito restritiva, por isso, é comum vê-los próximo a lixo. ;O rato é um animal onívoro, o que lhe permite alimentar-se de diferentes tipos de alimentos de origem animal ou vegetal;, explica o biólogo Hugo Netto.

No ano de 2017, a Vigilância Ambiental realizou cerca de 1,5 mil inspeções em áreas propícias a terem populações dos roedores. O órgão opera para diminuir a população de roedores, porém também é necessária a participação da população para prevenir o crescimento dos mamíferos. ;É importante a mudança de hábito da população como não jogar o lixo em local aberto, tentar diminuir a quantidade de lixo, vedar frestas entre portas;, diz o diretor.

A Vigilância Ambiental funciona das 9h até 17h. A DIVAL também pode ser contactada através dos e-mails: e o número: 9 96978024.

*Estagiária sob supervisão de Jacqueline Saraiva

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