Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 14/04/2018 08:00
O embate entre a Universidade de Brasília (UnB), o Ministério da Educação (MEC) e os alunos da instituição continua, sem sinal de desocupação da Reitoria, tomada pelos estudantes na quinta-feira. Eles cobram explicações sobre a divergência orçamentária apresentada pela administração da UnB e pelo MEC. Exigem uma audiência pública, com participação da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados.
Os estudantes tentam alinhar o discurso que será apresentado à direção da UnB na segunda-feira, quando será realizado um ato público de debate sobre as finanças da instituição. Ninguém informa a quantidade de pessoas no prédio da Reitoria. Os vigilantes não têm acesso ao edifício e a chegada e a saída de pessoas ocorrem a todo momento. Na tarde de quinta-feira (12/4), a Polícia Militar estimou cerca de 500 universitários.
Barricadas com contêiner de lixo, colocadas pelos universitários, impedem o acesso ao estacionamento da Reitoria. As rampas e a escadaria do prédio estão bloqueadas por cadeiras e bancos.
Orçamento
Segundo o MEC, os dados apresentados aos estudantes e à comunidade acadêmica pela direção da UnB são incompatíveis com os da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do órgão. ;O orçamento global da UnB aumentou de R$ 1.667.645.015, em 2017, para R$ 1.731.410.855, em 2018. Para custeio, a universidade teve aumento de 12% no orçamento considerando todas as fontes de recursos. O MEC já liberou 60% do custeio de 2018;, afirma o ministério.
Em relação aos pedidos dos estudantes, o MEC diz ser necessário realizar uma auditoria antes de uma audiência pública. No entanto, não há previsão nem verba para tal estudo. Porém, reforça que as solicitações dos estudantes ;estão em análise;.
O chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques, afirma que o orçamento apresentado pelo MEC é global e que a UnB mostrou um relatório com descontos de pagamento de pessoal, encargos sociais e benefícios. ;O que está estrangulando a universidade são os investimentos de custeio. Essa soma que dá a diferença e é isso que precisamos solucionar;, aponta. Ele destaca que os representantes da UnB estão em constante contato com os estudantes e aguardam sinalização deles para uma reunião.
Uma das pautas dos alunos participantes da ocupação é contra o desligamento de terceirizados. De acordo com o coordenador do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da UnB (Sintfub), Maurício Sabino, a categoria apoia a ocupação na Reitoria. ;Faremos uma assembleia com indicativo de greve, na próxima semana, para debater as questões dos trabalhadores;, ressalta Maurício.