Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 10/04/2018 06:00
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A sala de estar da farmacêutica Andreia Zorzi, 38 anos, recebe os visitantes com um cachorro de cerâmica que segura uma placa de Bem-vindos, mostrando o amor que ela tem pelos bichos. Andreia e o marido criavam o buldogue inglês Tobias há seis anos, mas resolveram que era a hora de aumentar a família. ;Uma amiga publicou nas redes sociais anúncio de adoção de um filhote que só tinha três pernas. Na hora que o vi, sabia que poderia dar o carinho e o amor de que ele precisava;, lembra. Mas, infelizmente, a atitude de Andreia ainda não é comum, e em abrigos, como o Flora e Fauna, fundado por Orcileni Arruda, animais com necessidades especiais enfrentam dificuldades para encontrar um lar.
A sala de estar da farmacêutica Andreia Zorzi, 38 anos, recebe os visitantes com um cachorro de cerâmica que segura uma placa de Bem-vindos, mostrando o amor que ela tem pelos bichos. Andreia e o marido criavam o buldogue inglês Tobias há seis anos, mas resolveram que era a hora de aumentar a família. ;Uma amiga publicou nas redes sociais anúncio de adoção de um filhote que só tinha três pernas. Na hora que o vi, sabia que poderia dar o carinho e o amor de que ele precisava;, lembra. Mas, infelizmente, a atitude de Andreia ainda não é comum, e em abrigos, como o Flora e Fauna, fundado por Orcileni Arruda, animais com necessidades especiais enfrentam dificuldades para encontrar um lar.
;Muita gente chega às feiras com exigências, especificando como deve ser o bicho que eles vão levar para casa. Pensando primeiro nas necessidades próprias, e não na dos animais;, alerta Orcileni. A decisão de adotar Willy, um cachorro sem raça definida e com a perna traseira direita amputada é, para Andreia, uma das melhores que tomou. ;Quando o busquei na feira de adoção, ele pulou no meu colo e eu sabia que era para a gente se encontrar. Ele é muito carinhoso comigo e sinto como se conversássemos;, conta Andreia. Por ser brincalhão e bagunceiro, o cachorro recebeu o apelido de saci-pererê.
Quem vê Willy correndo pela casa com uma bolinha na boca, não imagina a luta que o cachorro enfrentou para sobreviver. Ele foi encontrado no Pedregal, na região do Entorno, com cerca de 40 dias de vida. Apresentava uma fratura na perna traseira direita, que estava necrosada. ;Tiveram de fazer várias cirurgias e amputar todo o membro. Ele era chamado no abrigo de ;meio-quilo;, porque era muito magro e pequeno. Ninguém acreditava que ele conseguiria sobreviver;, conta.
Hoje, o animal está saudável e feliz. Há cinco anos com a família Zorzi, nunca teve uma doença grave e se tornou a rocha de Andreia quando ela perdeu o primeiro filho. ;Estava grávida e, após três meses de gestação, perdi o bebê. O Willy cuidou de mim. Sempre que me via deitada ou pelos cantos, me trazia um brinquedo para me divertir, fazia de tudo para não me ver triste;, aponta. Para a farmacêutica, é como se o cachorro quisesse demonstrar gratidão pela oportunidade que ganhou ao ser adotado. ;Ele é especial para mim. Todos os dias ao lado do Willy são especiais;, garante.
Esperando um lar
Sete cachorros com algum tipo de deficiência esperam adoção no abrigo Flora e Fauna. Por trás de cada limitação, há uma história, que ainda aguarda um final feliz. ;Muitos ficam aqui para sempre. São acolhidos e vivem toda a vida no abrigo, sem nunca ter a chance de um lar;, explica Orcileni. Aurora, uma cadela sem raça específica e da cor branca, perdeu a perna esquerda após ser atropelada propositalmente. Hoje, curada, anda com três patas junto aos demais animais do abrigo, incluindo Mocinha, uma cadela independente que perdeu a perna dianteira direita e também aguarda uma família.
O abrigo Flora e Fauna completa 13 anos em funcionamento no próximo mês. Atualmente, cerca de 650 animais vivem no lugar, entre cães e gatos. Três dos cachorros deficientes conseguem conviver com os demais animais, enquanto outros quatro têm de ficar em alas separadas, sozinhos, por terem dificuldades de se locomover. ;Só precisam de mais atenção, mas são capazes de ter uma vida normal. Eles têm cadeirinhas de roda, e temos o Damião, que poderia até ter chances de voltar a andar se tivesse acesso à fisioterapia;, conta a fundadora.
O espaço para animais criado por Orcileni funciona com capacidade máxima, resistindo com apoio de veterinários, parceiros e amantes de animais, que doam rações e carinho aos bichos. ;Castramos todos os animais, porque sabemos que é esse o melhor modo de pausar essa superpopulação. Mas sempre acabamos aumentando o número de animais, porque pessoas mal-intencionadas abandonam os bichos nas redondezas do abrigo, na intenção de acolhermos;, conta.
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