Em menos de 24 horas, o Distrito Federal foi atingido por 920 raios. O número foi registrado entre meia-noite e 17h desta quarta-feira (4/4), pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Embora os raios sejam comuns nesta época do ano, para a região, essa quantidade de descargas elétricas é considerada alta. Na terça-feira, (3/4), a forte chuva que atingiu o DF assustou moradores, provocou engarrafamentos e deixou cidades no escuro durante algumas horas.
A empresária Andressa de Oliveira Sena, de 20 anos, estava com diversos aparelhos ligados na tomada na hora da chuva de terça-feira (3/4). O prejuízo poderia ter sido maior, mas apenas a luminária não resistiu a corrente elétrica. "Quando começou a chuva, caiu um raio que na hora que meu marido escutou um ;tec;, agora a luminária não liga de jeito nenhum", comenta. O casal tem o hábito de desplugar aparelhos da tomada quando começa a chover, mas foram pegos de surpresa pela tempestade dos últimos dias.
A servidora pública, Hosana Almeida, de 41 anos, também estava em casa, na Asa Norte, na hora da tempestade de terça-feira (4/4), e se apressou para tirar todos os aparelhos da tomada. Lição que aprendeu depois de ter um aparelho de TV de 42 polegadas queimado durante uma chuva no ano passado. "Estava com a televisão ligada na tomada na hora de uma chuva, quando caiu um raio muito forte e ela desligou sozinha. Nunca mais voltou a funcionar", lamenta.
[SAIBAMAIS]O prejuízo foi de aproximadamente R$ 3 mil, mas poderia ter sido maior. A servidora lembra que, além da tevê, outros eletrodomésticos estavam na tomada na hora da chuva. "Agora, sempre que começa uma chuva, eu tiro tudo da tomada", diz.
A aposentada Maria Cecília do Carmo, 80 anos, já teve muito prejuízo com as descargas elétricas. Quando era moradora de uma casa localizada em um dos pontos mais altos do Lago Norte, viu computadores e televisores serem queimados mais de uma vez. Uma das televisões, de tanto ir para o conserto, acabou ficando com a imagem muito ruim e precisou ser trocada. "Já tive TV que era novinha e queimou durante a primeira chuva", conta.
Recentemente, ao se mudar para uma nova casa no mesmo bairro, fez questão de instalar um estabilizador para proteger a televisão nova. "Aqui no Lago cai muito raio. Se a gente não tomar cuidado, acaba no prejuízo", diz.
Dicas
O capitão do Corpo de Bombeiros, Gildomar Alves, dá dicas para se proteger durante uma tempestade de raios. Ele conta que a primeira coisa a se fazer é evitar contato com qualquer material que possa servir de condutor de energia. "É importante evitar contato com estruturas metálicas, chuveiros, torneiras que contenham eletricidade, aparelhos eletroenergizados, e não utilizar o celular durante tempestades, além de desplugar tomadas", orienta.
O capitão ressalta a importância de reduzir riscos. "Durante uma tempestade, tente não sair de casa. Se isso for inevitável, evite áreas descampadas, não se abrigue debaixo de árvores ou qualquer monumento que possa atrair um raio", ensina. Segundo ele, é preciso ter cuidado até com itens que são próprios para essa situação, como o guarda-chuva, por exemplo. "Veja se o guarda-chuva tem alguma haste de metal, porque isso pode servir como pára-raio". Além disso, é importante evitar piscinas, postes e locais elevados. Em casos de emergência, Alves orienta manter a calma e buscar socorro especializado no telefone 193.
Chuvas
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo continua nublado, com pancadas de chuva e trovoadas isoladas nesta quinta-feira (5/4). E ainda há a possibilidade de outros temporais atingirem a cidade, segundo a meteorologista Morgana Almeida. "Ainda hoje, há possibilidade de cair uma chuva parecida com a de ontem, mas mais fraca que a de terça-feira", alerta.
Apesar de as chuvas tenderem a diminuir em abril, de acordo com a climatologia da região, ainda ocorrem temporais nesta época do ano. Nesta semana, o Inmet indica que a principal responsável pelas fortes chuvas foi a formação de um canal de umidade chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul. "É mais frequente que essa banda de nebulosidade se forme no verão, mas é possível aparecer no inverno", informa Morgana.
Segundo a meteorologista, essa zona de umidade se forma desde o sul da região amazônica, passa pela região central e se prolonga até a região sudeste do Brasil, e foi acentuada por uma frente fria que está estacionada na região sudeste, que acabou contribuindo para a formação de um corredor de umidade na região central do país.
O tempo deve permanecer chuvoso até, ao menos, o próximo domingo (8/4). Apenas nos cinco primeiros dias do mês, já foi acumulado 76,6 mm de água, ou seja, 57% da média histórica esperada.