deixou os brasilienses preocupados com a possibilidade de novos abalos e suas consequências para as edificações da capital federal. Segundo o sismólogo Juracir Carvalho, do Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), é impossível prever esse tipo de fenômeno, logo há sempre possibilidade de novas ocorrências.
O Brasil, porém, ressalta o especialista, não costuma ser atingido por tremores muito fortes, como os que atingem outros países. Isso acontece porque o país está localizado no centro da Placa Sul-Americana, com até 200km de espessura, e as principais regiões afetadas pelo fenômeno são aquelas localizadas próximo às bordas das placas tectônicas, onde há zonas de convergência.
Assim, os terremotos que chegam ao país são menos intensos. O desta segunda-feira, por exemplo, alcançou magnitude 6,7 na Bolívia, onde foi seu epicentro, mas chegou ao DF e a alguns estados brasileiros com intensidade bem menor, por volta de 4.
"Não foi a primeira vez nem será a última", ressalta Carvalho. "Há uma crença de que o Brasil não pode ter terremotos, mas eles já aconteceram. Só não foram tão intensos quanto os que chegam em outros países;, acrescenta.
Réplicas não devem ser sentidas
O sismólogo acredita que o terremoto da Bolívia deve ter réplicas, mas não descarta a possibilidade de elas afetarem o Brasil, porque a magnitude desses tremores que se seguem ao principal será menor. "Um tremor de alta magnitude como o que aconteceu na Bolívia costuma ter réplicas, que são abalos secundários. A diferença entre eles é de pelo menos um grau. Brasília não deve sentir nada em decorrência destes (próximos);, pontua.
Duas horas após o registro do tremor na cidade, a Defesa Civil do Distrito Federal enviou por SMS um alerta aos brasileiras. O governo esclareceu que o risco de desastre é pequeno e recomenda normalidade em relação ao evento.
[FOTO1134858]
Brasil já teve dois terremotos fortes
[SAIBAMAIS]Carvalho explica que o terremoto desta segunda-feira foi causado pelo choque das placas tectônicas do Pacífico e Sul-Americana. "A Placa do Pacífico se chocou com a Placa Sul-Americana e, como não podem ocupar o mesmo espaço, a do Pacífico entrou debaixo da Sul-Americana. Com isso, a ponta da placa ;mergulhou; para dentro do manto, ou seja, do planeta, e causou o tremor na superfície."
Magnitudes de até 5 são consideradas fracas, segundo a escala Richter. De cinco a seis, o tremor já tem nível intermediário; e, entre seis e nove, pode ser considerado como fortes. Acima de 10, são fenômenos extremos. Segundo Carvalho, o Brasil já recebeu 22 eventos naturais independentes com magnitude 5, e dois com magnitudes 6 e 6.2.
;Mesmo com essas escalas bem definidas, a sismologia não consegue ser completamente exata. Abalos com sismo menos que cinco (graus) já deixaram cidades com muitos danos físicos;, acrescentou. Em 2007, o município de Itacarambi, em Minas Gerais, registrou um terremoto de 4,9 graus. À época, uma criança morreu soterrada, sendo, até hoje, a única vítima fatal registrada no Brasil em decorrência de um sismo.
No DF, por sua vez, em outubro de 2010, foi registrado o mais forte tremor da região, com 4,5 pontos na escala. Ele começou na região Mara Rosa, na divisa entre Goiás e Tocantins, a cerca de 300km da cidade, e deixou moradores do Distrito Federal em pânico. A Defesa Civil mandou esvaziar prédios, mas não houve grandes danos nem feridos.
O maior tremor do Brasil, no entanto, aconteceu no Espírito Santo, em 1955, quando um terremoto de magnitude 6,3 chegou à capital capixaba, Vitória. Outras cidades também sentiram o abalo, dentre elas Vila Velha, Guarapari e Colatina. A magnitude de 6,3 graus foi registrada e consta do boletim re registros sísmicos do Observatório de Sismologia da UnB.